(Folha) Sem a convicção de que há apoio suficiente para manter os vetos a
propostas que representam gastos bilionários aos cofres públicos, a
presidente Dilma Rousseff pediu, nesta segunda (21), aos presidentes da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
que impeçam a realização da sessão conjunta do Congresso desta terça
(22).
Segundo líderes da base aliada, a situação no Senado é mais confortável,
mas, na Câmara, é dada como certa a derrota do governo. A estratégia é
que Renan e Cunha prolonguem as sessões de cada Casa para não dar tempo
de iniciar uma sessão conjunta.
O veto mais preocupante é ao reajuste de cerca de 59,5% nos próximos
quatro anos, os salários de servidores do Judiciário. O impacto é de R$
25,7 bilhões até 2018 –praticamente o valor do corte proposto pelo
governo federal para equilibrar as contas. No total, estão na pauta do
Congresso 32 vetos que, somados, provocam um impacto de R$ 127,8 bilhões
nos próximos quatro anos.
"Se um dos vetos cair, isso demonstrará uma instabilidade política imensa. Será um desastre", afirmou o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS). Segundo Delcídio, o cenário foi apresentado para Dilma na reunião de coordenação política desta segunda e a sugestão foi de adiamento da sessão. "Temos que ter mais tempo para trabalhar e votar esses vetos", disse.
Cunha defendeu a manutenção do veto ao reajuste do Judiciário e o
adiamento da sessão para evitar que se "acenda um fósforo em um tanque
de gasolina".
Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a dificuldade de se realizar a
sessão do Congresso é uma "consequência da incapacidade do governo de
negociar com a sua própria base aliada". Segundo ele, o partido não terá
orientação fechada sobre manter ou derrubar os vetos.
A sessão de vetos está marcada para as 19h desta terça. Pelo cenário
discutido entre governistas, Renan poderia esticar a sessão do Senado
para além desse horário, inviabilizando a sessão conjunta.Para derrubar
um veto presidencial é preciso o voto de ao menos 257 dos 513 deputados e
41 dos 81 senadores.
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