O GLOBO - 21/09
Viver e muito perigoso. Mas viver no limite da irresponsabilidade é muito mais. Há quem goste. Soa como um desafio. Exemplo: quanto não deve excitar Lula a proximidade da sombra da Lava- Jato? As informações reunidas pelo juiz Sérgio Moro comprometem Lula com o que começou de fato a acontecer durante o seu segundo governo. Era preciso pagar dívidas da campanha de 2006. A saída? Roubar a Petrobras.
Viver e muito perigoso. Mas viver no limite da irresponsabilidade é muito mais. Há quem goste. Soa como um desafio. Exemplo: quanto não deve excitar Lula a proximidade da sombra da Lava- Jato? As informações reunidas pelo juiz Sérgio Moro comprometem Lula com o que começou de fato a acontecer durante o seu segundo governo. Era preciso pagar dívidas da campanha de 2006. A saída? Roubar a Petrobras.
LULA É
UM sobrevivente (cuidado com sobreviventes. Acham-se capazes de tudo).
Sobreviveu à seca no Nordeste, à miséria em São Paulo, aos riscos da
vida sindical na ditadura de 64, e a três derrotas seguidas para
presidente. O candidato antes favorável à limitação do direito de
propriedade privada, ao aborto e à estatização dos bancos virou o
Lulinha Paz e Amor e, afinal, elegeu-se.
UM DOS segredos do seu
sucesso: a falta de princípios. Poderia repetir a sério o que o
comediante norte-americano Groucho Marx afirmou fazendo graça: "Esses
são meus princípios. Mas se você não gosta deles, tenho outros". Lula
por ele: "Sou uma metamorfose ambulante" Lula por Hélio Bicudo, fundador
do PT: "Ele só está em busca de vantagem para ele e para sua família"
NA
SEMANA PASSADA, Lula reuniu-se com Eduardo Cunha, presidente da Câmara
dos Deputados. Pediu-lhe que segurasse qualquer pedido de impeachment
contra Dilma. Indecorosa atitude! Um pedido de impeachment que respeite
os preceitos legais deve ser mandado adiante. O presidente da Câmara
exorbitaria dos seus poderes se o retivesse.
SE SABE disso, Lula
não se importa. No seu primeiro governo, telefonou para José Viegas,
ministro da Defesa, intercedendo pelo advogado Roberto Teixeira. Havia
morado de graça em um apartamento dele em São Bernardo. Pediu a Viegas
para facilitar a vida de Teixeira, interessado nos espaços ocupados pela
massa falida da Transbrasil em aeroportos país afora. Um ótimo negócio.
A
DELÚBIO SOARES, ex-tesoureiro do PT condenado no caso do mensalão, Lula
pedia para esconder acesa a cigarrilha que fumava quando era alvo de
fotógrafos. Ao senador que o procurou em 2006 dizendo que Marcos
Valério, operador do mensalão, queria dinheiro para ficar calado, Lula
limitou-se a perguntar: "Você procurou Okamotto?" Paulo Okamotto, hoje,
preside o Instituto Lula.
VALÉRIO JAMAIS abriu a boca. Quando
tentou, era tarde. Pegou 40 anos de cadeia. Lula escapou depois de se
dizer traído pelos mensaleiros e entregar a cabeça de José Dirceu.
Nega-se a admitir que o mensalão existiu. Mas pediu o voto de quatro
ministros do Supremo Tribunal Federal em favor dos mensaleiros. Um dos
ministros: Gilmar Mendes.
O MESMO QUE assistiu, certa vez, a uma
cena inesquecível. Estava na antessala do gabinete de Lula, no Palácio
do Planalto, quando o viu sair acompanhado de José Sérgio Gabrielli,
então presidente da Petrobras. "Veja só, Gilmar. Um procurador da
Fazenda, no Rio, está chantageando a Petrobras", narrou Lula. "Eu falei
pro Gabrielli: Por que você não manda grampear ele?" Grampo é crime.
LULA
NÃO VÊ nada demais em ter informado ao Exército, ao completar 18 anos,
que media dois centímetros a mais do que media. Nem vê nada demais no
fato do seu filho mais velho ter enriquecido enquanto ele presidia o
país. Lula considera natural ter enriquecido prestando serviços a
empresários, e de nessa condição aspirar a um novo mandato de
presidente. Ilegal não seria. Seria imoral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário