A ideia é recorrer ao STF com medida cautelar para destituí-lo; a operação “Fica-Dilma” não brinca em serviço
Sílvio Costa
(PSC-PE), vice-líder do governo na Câmara, que só faz o que o Planalto
quer — e sempre berrando, com se fosse um jacobino de oposição —, entrou
nesta quinta com uma representação da Procuradoria-Geral da República
para afastar Cunha da Presidência da Câmara.
Isso é
possível? É, sim! É falso que só a renúncia ou a cassação possam tirar
Cunha do cargo, embora a terceira hipótese seja remota. Vamos ver.
Existe uma
figura jurídica chamada “medida cautelar”. Aciona-se o Poder Judiciário —
no caso em questão, há de ser o Supremo — para prevenir danos e
garantir direitos, considerando que a urgência da decisão não pode
esperar o desenlace do processo principal.
Rodrigo
Janot já havia pensado nisso quando ofereceu ao Supremo a primeira
denúncia contra Cunha. Ainda que não fosse estimulado por ninguém, como
está sendo agora por Sílvio Costa, ele poderia ter entrado com uma ação
cautelar para retirar do cargo o atual presidente da Câmara. Não o fez à
época porque sabia que iria perder.
Sem a prova
cabal da culpa de Cunha, e ela ainda não existia, e a evidência, também
indubitável, de que ele estaria atrapalhando as investigações,
dificilmente os ministros do Supremo destituiriam o presidente da
Câmara. Nota à margem: em casos assim, não se trata de apontar a
interferência de um Poder em outro. O Supremo tem o controle de
constitucionalidade do ordenamento dos Poderes da República.
Notem: nem
mesmo as razões alegadas por Sílvio Costa seriam o bastante para o
Supremo afastar Cunha — o que soaria, desde já, como uma condenação,
antes mesmo do julgamento. O STF não entraria nessa. Janot busca caminho
ainda mais desmoralizante para o presidente da Câmara.
O
procurador-geral da República está tentando reunir evidências de que
Cunha usou seu cargo para obstruir a investigação. Se conseguir reunir
provas cabais disso, é possível que recorra, então, usando o estímulo de
Costa, a uma medida cautelar para destituir o presidente da Câmara.
Sim, parece
evidente a esta altura, que Cunha não dispõe de muitos instrumentos para
se defender, não é mesmo? Contra a acusação de manter contas no
exterior, a melhor pior ideia que teve foi pedir ao Supremo sigilo nas
investigações.
Mas que se
note: nunca antes na história “destepaiz” se mobilizou tal arsenal
contra um único político — talvez, antes dele, só Collor, mas nem assim…
Naquele caso, ele era o “Planalto”; agora, como se vê, o Planalto, o
PT, o Ministério Público Federal, a imprensa, as esquerdas… A cada dia, o
deputado enfrenta uma nova agonia.
E fica um
recado evidente, acho, sobre o qual muita gente vai refletir no futuro:
ai daquele que resolver comprar briga com o Ministério Público Federal! E
sorte daquele — não é mesmo, Renan, Lula, Dilma, Edinho etc. — que for,
digamos assim, poupado por esse ente superpoderoso!
Cunha, reitero, deveria fazer logo a coisa certa. Pode adiar o destino certo, mas não evitá-lo.
Janot sabia
muito bem o que estava fazendo quando decidiu criar a narrativa de que
era ele a figura mais robusta do petrolão, uma farsa que pode custar a
permanência de Dilma no poder sabe-se lá até quando e com quais
consequências, sempre lembrando que países não fecham as portas. Vão
degringolando, e não há um piso para isso.
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