Celso Luiz Garcia anunciou a sua demissão em e-mail enviado a funcionários da autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Ele alegou "problemas de saúde"
Doze dias depois do rompimento da barragem da Samarco em Mariana, no interior de Minas Gerais, que matou pelo menos onze pessoas e deixou um rastro de destruição em vilarejos da região, o diretor-geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Celso Luiz Garcia, pediu exoneração do cargo que ocupava desde junho deste ano.
A informação foi comunicada por e-mail a funcionários da autarquia pelo próprio dirigente. Vinculado ao Ministério de Minas e Energia, o DNPM é o órgão do governo federal responsável por fiscalizar os complexos de mineração do país, o que inclui as barragens de rejeitos.
Por meio de nota, o ministério confirmou que o titular da pasta, Eduardo Braga, recebeu nesta terça a carta de demissão de Garcia. Segundo o governo, o documento trazia anexo um laudo que atesta seus problemas de saúde.
No e-mail, Garcia afirma que deixa o posto por "problemas de saúde, por orientação médica e após refletir bastante com minha família". Nomeado pela presidente Dilma Rousseff em 29 de maio, ele tomou posse em cerimônia realizada pelo MME em 8 de junho.
"Muitos não acreditam, mas eu nunca deixei de acreditar, pois cheguei num momento efetivo da transição, por iniciativa do ministro e, pelo deslinde de todas as questões, que não tem mais como retroceder", discursou ele, na ocasião. Garcia entrou para o DNPM em 1983, sendo chefe do órgão em Minas Gerais de 1996 a 1999. Aposentado desde 2009, ele exerceu o cargo de superintendente no estado mineiro de 2011 até 2015, quando foi nomeado diretor-geral da instituição.
"No dia do rompimento da barragem, o senhor Celso Luís Garcia estava no hospital, realizando exames médicos. Amanhã o ministro Eduardo Braga deve indicar substituto para ocupar interinamente o cargo", diz nota do ministério.
O DPNM havia classificado a barragem de Fundão, que se rompeu, como de baixo risco. Após o incidente, agentes do órgão declararam que não possuem efetivo nem verba suficiente para fiscalizar as condições de todas as barragens brasileiras.
O novo Código de Mineração, que ainda está em discussão na Câmara dos Deputados, eleva o status do departamento para agência reguladora e prevê o aumento de repasses para a autarquia. O deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator do texto, afirmou que o órgão "não tem dinheiro nem para pagar a gasolina para ir até as barragens".
No dia 5 de novembro, a contenção que fazia parte do complexo mineral de Alegria ruiu, fazendo com que um 'mar de lama' cobrisse ao menos seis vilarejos da cidade histórica de Mariana. O mais atingindo foi o de Bento Rodrigues, que desapareceu do mapa com a passagem da enxurrada de lama. Altamentente erosivos, os rejeitos arrastaram tudo o que havia pela frente, da vegetação local a caminhões e casas, e acabaram alcançando a Bacia do Rio Doce.
O abastecimanto de água de cidades do interior de Minas e do Espírito Santo acabou sendo interrompido por causa da alta sedimentação do rio. Além de ser o pior incidente com barragem de rejeitos da história do país, o desastre também pode ser o de maior impacto ambiental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário