sábado, 30 de janeiro de 2016

Dória chama Lula de 'canalha' e sugere que ele será preso a mando de Moro




Advogados de Lula protocolam interpelação judicial para que João Dória, pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, explique declarações contra o ex-presidente

João Dória Lula Sérgio Moro
João Dória e Sérgio Moro (divulgação)
João Dória Júnior, pré-candidato do PSDB para a Prefeitura de São Paulo, chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “sem vergonha” e “cara de pau” em evento realizado na capital paulista.

Para uma plateia de cerca de 50 pessoas na Casa do Saber, Dória Júnior disse que Lula “ainda vai pagar pelos crimes que cometeu” e afirmou que tem o apoio do governador Geraldo Alckmin na disputa interna do partido.

Ainda sobre Alckmin, o empresário disse que ele é o melhor nome para disputar a Presidência nas eleições de 2018: “senão volta o Lula e vamos ver a desgraça para esse país”, classificando o petista como “bandido”.

Interpelação judicial

 

Os advogados de Lula protocolaram uma interpelação judicial para que o empresário e apresentador de TV João Dória Jr., filiado ao PSDB, explique declarações que insinuam a possibilidade de prisão do ex-presidente no âmbito da operação Lava Jato.

Segundo a Folha de S.Paulo, Dória emitiu declarações como: “Lula disse que vai ajudar o Haddad na eleição, isso é tudo que eu mais quero (…) É meu sonho de consumo o Lula aqui para defender o Fernando Haddad, mas tem que ser antes de ser preso. Vamos até pedir ao Moro para adiar essa prisão (…). Lula é um sem vergonha, um cara-de-pau (…). Haddad é honesto, algo raro dentro do PT, que tem manual de como roubar, de usurpar e de mentir.”


Os advogados do ex-presidente questionam se é necessário que Dória, na busca por votos e maior popularidade, “ofenda e ataque gravosamente a honra de outrem, sem qualquer respaldo probatório que possa espessar as gravíssimas afirmações?”.

Ainda segundo os advogados, “além de ofender a honra de Lula, Dória ofende o Ministério Público e o Poder Judiciário, apresentando-se como alguém que supostamente teria influência para incluir o ex-presidente num inquérito em que ele não é sequer investigado, transformá-lo em réu e até mesmo levar um juiz federal a condenar um inocente.”

 

R$ 950 mil

 
A Apex Brasil, agência responsável pelo fomento à exportação, sob comando de David Barioni, se tornou uma das maiores patrocinadoras de eventos promovidos pelo grupo de João Doria Jr.

Entre 2005 e 2014, a Apex patrocinou seis eventos do Grupo Doria. Só no ano passado, quando Barioni assumiu o órgão, as ajudas somaram R$ 950,5 mil – valor 25% mais alto do que os gastos de anos anteriores.


O tucano diz ser amigo do atual presidente da Apex há mais de 20 anos. Uma reportagem recente da ‘Folha de S. Paulo’, apontou que Doria fez pedidos de favores pessoais e ofereceu recepção luxuosa ao chefe da Apex em sua casa de veraneio em Campos do Jordão. O executivo também ofereceu estadia em sua casa de campo para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro, chefe do órgão ao qual a Apex é vinculada.

Questionada, a Apex informou que o aumento no volume de recursos destinados a eventos do Grupo Doria se deve a uma “estratégia”: “O grupo Lide [de Doria] congrega centenas de empresas de setores tradicionalmente apoiados pelas ações da Apex.”


O evento de Doria patrocinado pela Apex foi uma homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que recebeu o título de “homem do ano” em Nova York.


Outra reportagem também revelou que Doria deu aval à sua esposa, Bia Doria, para que ela pedisse apoio à Apex para expor suas obras no exterior. Isso porque ela não estaria conseguindo levantar apoios pela Lei Rounet.

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