sábado, 30 de janeiro de 2016

'Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção', diz Alckmin

30/01/2016 12h48 - Atualizado em 30/01/2016 15h33


Afirmações foram feitas pelo governador em entrega de veículos para a PM.


Alckmin disse que sociedade cobra apuração de denúncias 'com rigor'.

Do G1 São Paulo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou neste sábado (30) que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva é o retrato do Partido dos Trabalhadores (PT), partido “sem compromisso com a ética” (veja no vídeo acima).

“O Lula é o Partido dos Trabalhadores. O Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites”, afirmou o governador ao comentar as recentes denúncias envolvendo o nome de Lula. O Ministério Público de São Paulo intimou o ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia, para depor em investigação sobre um apartamento triplex no Guarujá, no litoral do estado.

Alckmin disse ainda considerar "triste" o cenário. “É muito triste o que nós estamos vendo, e o que a sociedade espera é que seja apurado com rigor e que se faça justiça", disse. As afirmações foram feitas em evento em que Alckmin entregou novos veículos para as polícias Civil e Militar de São Paulo.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que, em vez de atacar Lula, "Alckmin deveria cuidar do seu governo, que está tirando comida da boca das crianças”. A declaração seria uma alusão ao recente escândalo de fraude na compra de merenda que atinge prefeituras e o governo de São Paulo.

A assessoria de imprensa do Instituto Lula criticou a imprensa e afirmou que o governador não dá explicações sobre vários temas.

"Seria mais proveitoso para a população de São Paulo se a imprensa perguntasse e o governador explicasse os desvios nas obras do Metrô e na merenda escolar, a violência contra os estudantes e os números maquiados de homicídios no estado, ao invés de tentar desviar a atenção para um apartamento que não é e nunca foi de Lula", disse.


Merenda
Alckmin também comentou as denúncias de fraude na compra de merenda escolar. Ele falou em "rigor ético" ao se referir ao ex-secretário da Educação, Herman Woorvald, e ao deputado federal Duarte Nogueira, ex-secretário da Agricultura e atual titular da pasta de Logística e Transportes.

Em depoimento de delação premiada, o ex-presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), Cássio Chebabi, falou sobre o pagamento de propina a políticos e funcionários de diversas prefeituras e do governo do estado. Ele declarou que teria que ser paga comissão de 10% para certas autoridades, sendo elas: deputado estadual Fernando Capez e Duarte Nogueira.

A investigação interceptou os telefones de funcionários e lobistas ligados à Coaf. E levantou indícios de que o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita, recebeu propina e até um freezer de presente para ajudar a cooperativa em um contrato com a Secretaria Estadual da Educação.

"Conheço o doutor Herman Woorvald há décadas. Luterano. Absoluto rigor de natureza ética. Da mesma forma o secretário Duarte Nogueira. Queremos apuração absoluta para quem tiver culpa responder criminal e judicialmente".

Investigação
 
A ex-dona de um depósito de material de construção no interior de São Paulo disse que a construtora Odebrecht, uma das investigadas na Operação Lava Jato, pagou os itens usados na reforma de um sítio no interior de São Paulo usado pelo ex-presidente Lula e por parentes dele.

As obras teriam começado em 2010, quando Lula ainda era presidente da República. O sítio fica no meio de uma mata, em Atibaia, interior de São Paulo. Tem mais de 170 mil metros quadrados, piscina e até um lago.


A TV Globo conseguiu no cartório de imóveis a certidão de matrícula que comprova que os donos da propriedade são Fernando Bittar e Jonas Suassuna, os dois sócios de Fábio Luís da Silva, filho do ex-presidente.

O Instituto Lula declarou que, desde que encerrou o segundo mandato, em 2011, o ex-presidente frequenta, em dias de descanso, um sítio de propriedade de amigos em Atibaia.

Segundo o instituto, embora isso diga respeito à esfera pessoal e privada, é fato tornado público pela imprensa já há bastante tempo.

De acordo com o instituto, a tentativa de associar Lula a supostos atos ilícitos tem o objetivo de macular a imagem do ex-presidente.

A construtora Odebrecht informou em nota que não identificou nenhuma relação com a obra.

Material de construção
A equipe da TV Globo conversou com Patrícia Nunes, mulher do dono da loja de construção que forneceu material para a obra no sítio. Ela disse que a obra foi acelerada.

"Eu me lembro do fim da obra, que eles aceleraram muito a a partir de 15 de dezembro.

Como eu falei, a gente só entregou para eles. Eles tinham equipes trabalhando em turnos de 24 horas e acelerou muito, e aí eu me lembro que acabou no dia 15 de janeiro", afirmou.
 
Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", que publicou reportagem sobre o assunto na edição desta sexta-feira, ela também disse que a obra custou R$ 500 mil e dotou o sítio de quatro suítes e área de lazer com churrasqueira.

De acordo com Patricia Nunes, os trabalhos no sítio foram coordenados pelo engenheiro da Odebrecht Frederico Barbosa, que cuidou da construção do estádio do Corinthians.

"O Frederico chegou, a gente fez um cadastro em nome do CNPJ que ele deu, que até então, para a gente, era Odebrecht. E aí ele começou a pedir material", afirmou.

Em nota, o engenheiro disse que foi procurado por um amigo para realizar a reforma de uma residência no município de Atibaia e que apoiou a obra durante período de recesso. "Nunca dei orientações sobre emissões de notas fiscais pela loja mencionada nem realizei tais pagamentos", afirmou na nota.

Patricia Nunes disse que quem pagava as contas do material de construção era outra pessoa. "Era um senhor que eu não me lembro o nome. Mas ele era calvo, grisalho, gordinho. Eu não me lembro o nome dele, ele vinha só para fazer pagamento", declarou.


- "Quanto ele pagava para você por semana?
- "Mais ou menos R$ 70 a 90 mil
- "Mil reais?
- "É"
- "Por semana?"
- "Por semana"
- "Em dinheiro vivo?"
- "Em dinheiro vivo"

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