quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Correio Braziliense – Cuidar das florestas é estratégico


A maioria dos cenários para a redução das emissões de gases do efeito estufa propostos pelo relatório do IPCC considera necessária a adoção de estratégias para remover o gás carbônico da atmosfera. Dessa forma, o foco nas florestas para captura e armazenamento de carbono é essencial, ressalta Paulo Adário, estrategista internacional de Florestas do Greenpeace.


“No cenário traçado pelo IPCC, o futuro da humanidade depende não apenas de eliminarmos os combustíveis fósseis e zerar o desmatamento em escala mundial para reduzir emissões, mas também proteger florestas, savanas e outras formas de vegetação natural para capturar o CO2 já presente na atmosfera e o que será emitido na fase de transição para uma economia neutra em carbono”, explica o especialista.


Segundo Paulo Adário, a melhor e mais aceitável forma de fazer isso é adotar um ambicioso programa de restauração das florestas degradadas em escala global. “Afinal, as árvores são ‘usinas’ naturais de captação de carbono desenvolvidas e testadas há milhões de anos”, justifica. Ele chama a atenção ainda para a importância de os líderes políticos brasileiros ampliarem os compromissos assumidos. “Além de acelerar a transição para uma matriz energética neutra em carbono, o país tem o desafio de revolucionar o setor agropecuário, que responde por cerca de 70% das emissões brasileiras”, lembra.


Compromisso
Em 2015, ao assinar o Acordo de Paris, líderes de 195 países se comprometeram em agir para conter o aumento da temperatura média do planeta a menos de 2°C até 2100, com esforços para ficar em 1,5°C. Os cientistas estimam que o mundo esteja aproximadamente 1°C mais quente que antes da Revolução Industrial e já sinta as consequências disso, com a ocorrência, por exemplo, do calor recorde no verão europeu deste ano e outros eventos extremos.


Se os Estados não cumprirem os compromissos, estima-se que o aumento das temperaturas será de 3ºC no fim deste século. “Não estamos condenados a uma alta de 3ºC”. Estamos ligados a nossas ações passadas, mas tudo é possível no futuro”, diz o pesquisador britânico Myles Allen, participante da reunião do IPCC na Coreia do Sul.

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