Professor brasileiro recebe reconhecimento da Unesco por projeto de descontaminação da água do Rio Doce
O fórum Global Capacity Building Workshop é promovido pelo programa Global Citizenship Education (GCED), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e tem como objetivo promover um futuro pacífico e sustentável através da educação.
Nogueira, de apenas 26 anos, desenvolveu um projeto com seus alunos na escola pública estadual de Boa Esperança, no norte do Espírito Santo. A ideia surgiu após a tragédia ambiental ocorrida em Minas Gerais, com o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em novembro de 2015, que destruiu completamente o vilarejo de Bento Rodrigues, deixando mais de 20 pessoas mortas, e levou um mar de lama tóxica para toda a bacia do Rio Doce, poluindo e contaminando a água e tirando a vida de animais que viviam ali.
Através do projeto “Filtrando as Lágrimas do Rio Doce”, o professor criou, juntamente com seus alunos, um filtro bioativo de areia, capaz de limpar a água contaminada com os rejeitos de minérios (metais pesados). O trabalho prático fez com que os estudantes conseguissem entender conteúdos relacionados à disciplina de Química, sobretudo, a tabela periódica.
O projeto contou com a parceria da Secretaria de Educação do Estado e empresários do município de Nova Venécia e Boa Esperança. “No início, conseguimos atender a comunidade capixaba de Vila de Regência, com 55 filtros”, conta Nogueira. “Atualmente já são mais de 8 mil famílias usando o filtro, tanto no Espírito Santo, como em Minas Gerais”, garante.
O docente brasileiro apresentou o projeto para professores de outros 28 países, que também compartilharam suas experiências pessoais.
“Estou encantado com tanto aprendizado que estou adquirindo aqui neste evento e com o o olhar educacional que cada um desses países – África, Argentina, Colômbia, Japão, China, Indonésia, Índia, Chile, entre muitos outros – têm para a educação”, disse em suas redes sociais.
Envolvimento com a comunidade
Wemerson Nogueira sempre estudou em escolas públicas. Formou-se em Ciências Biológicas e em 2012, logo após a graduação, começou a dar aulas. O primeiro colégio em que trabalhou fica localizado em uma área carente, com indíces de violência muito altos. A taxa de evasão escolar chegava a 50%.O professor capixaba propôs então à administração o desenvolvimento do projeto “Jovens Cientistas: Criando um Novo Futuro”. O objetivo era melhor o comportamento dos alunos dentro do ambiente escolar.
Através de um método mais dinâmico e divertido, o educador conseguiu atrair a atenção dos estudantes nas aulas de Ciências. Nogueira costuma levar os jovens para fora da sala de aula e instigar a curiosidade deles com elementos da natureza. Além disso, usa muitas músicas e paródias para ensinar os conceitos da química. Foi dentro deste projeto que surgiu a pesquisa sobre a água do Rio Doce.
O resultado da iniciativa foi um sucesso. Em um período de quatro anos, a escola conseguiu reduzir drasticamente a taxa de abandono, além de tirar das ruas alunos envolvidos com drogas e crimes.
O professor brasileiro, junto com colegas na Coreia do Sul,
sentado logo na primeira fila, no canto direito
Foto: divulgação Global Teacher Prize e arquivo pessoalsentado logo na primeira fila, no canto direito
Jornalista,
já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo
da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante seis anos. Entre 2007
e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para várias publicações
brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e
Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças
climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e
meio em Londres, acaba de mudar para os Estados Unidos
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