sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O volume de dinheiro era tão grande que o avião teve dificuldades de levantar voo.

Testemunha da máfia do ISS diz que Kassab recebeu 'fortuna' da Controlar



Uma testemunha ouvida pelo Ministério Público na investigação da máfia do ISS disse que o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) recebeu uma "fortuna" da Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular na capital. 

Segundo ela, esse dinheiro ficou no apartamento do então prefeito e foi transferido de avião para uma fazenda em Mato Grosso, numa operação capitaneada pelo empresário Marco Aurélio Garcia. 

A informação foi revelada na noite desta quinta-feira pelo "Jornal Nacional" e pelo jornal "O Estado de S. Paulo". 

Ex-prefeito diz que o depoimento é "falso e fantasioso"; a Controlar nega "veementemente".

Marco Aurélio é irmão de Rodrigo Garcia, ex-secretário da gestão Kassab que emprestava um imóvel no centro para os integrantes da máfia do ISS se reunirem. Rodrigo é hoje secretário do governo Geraldo Alckmin (PSDB). 

De acordo com o promotor Roberto Bodini, a testemunha disse não saber o valor supostamente dado pela empresa ao prefeito. Mas afirmou que o volume era tão grande que o avião teve dificuldades de levantar voo. 

A versão da testemunha, identificada como Gama, é baseada em conversas ouvidas por ela dos integrantes da máfia do ISS, principalmente Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário da Receita da gestão Kassab. O grupo é acusado de reduzir o ISS de empresas, em troca de propina. 

A transferência do dinheiro do apartamento para a fazenda ocorreu, conforme a testemunha, após a Promotoria iniciar investigação contra Kassab e a Controlar. 

Em 2011, a Justiça chegou a determinar o bloqueio de bens do prefeito e de empresas e empresários ligados à Controlar. A medida foi revertida tempos depois. 

Em 2007, a gestão Kassab desengavetou um contrato com a Controlar que estava parado havia dez anos.

Isso ocorreu contrariando alertas sobre irregularidades feitos por técnicos da prefeitura. Um parecer da Secretaria de Negócios Jurídicos, de 2006, recomendou a rescisão do contrato. Kassab responde judicialmente por isso.





BOLSA
 
A testemunha também disse que Mauro Ricardo, que foi secretário de Finanças da gestão Kassab, recebeu propina para diminuir o ISS pago pela Bolsa de Valores de São Paulo em suas operações. 

Com a ajuda de Ronilson, eles teriam reduzido o valor máximo cobrado para o mínimo. "E isso de fato aconteceu. Desde 2011", disse Bodini. 

É a primeira vez que Kassab e Ricardo são acusados de receber propina. 

Antes, ambos tinham sido implicados indiretamente numa conversa por telefone entre Ronilson e Paula Nagamati, fiscal investigada por ter recebido dinheiro do grupo. 

Eles falavam da investigação da Controladoria Geral do Município sobre a quadrilha. 

"Tinham que chamar o secretário e o prefeito também, você não acha? Chama o secretário e o prefeito com quem eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo", disse Ronilson. 

Gama também afirmou ter ouvido que a máfia do ISS pagou mais de R$ 5 milhões, em parcelas, para os vereadores Antonio Donato (PT) e Aurélio Miguel (PR) não abrirem uma CPI do caso.



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