sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O resultado dessa “mão política” no processo urbano da cidade com a falta de zelo na fiscalização desconfigura a forma concebida por Lúcio Costa.

Quarta-feira, 15 de janeiro de 2014 01:40 am

Seu voto tem valor-

  
         Grande parte da orla do Paranoá está invadida. O problema é tão antigo quanto a cidade. Nas últimas décadas, uma churrasqueira aqui, uma construção ali ou até mesmo uma inofensiva garagem de barco ultrapassa a urbanidade adaptando o jeitinho brasileiro do “não dá em nada”. 

      A Carta Magna de 88 teve a melhor das intenções. Emancipou a capital dando um ar de liberdade sem prever a libertinagem política que o futuro reservava. 
 
     Não se trata de democracia. O que acontece por aqui tem outro nome. A Câmara Legislativa e o Palácio do Buriti iniciaram as alterações no plano diretor da cidade. Engenheiros e arquitetos reforçam que a atenção especial nas mudanças está nas normas e gabaritos que definem as construções próximas ao lago. Área que já se estava altamente valorizada. 

      O resultado dessa “mão política” no processo urbano da cidade com   a falta de zelo na fiscalização desconfigura a forma concebida por Lúcio Costa.   
  Talvez fosse bom lembrar que a mesma Carta Magna garante os direitos de autoria de projetos de Engenharia, Arquitetura ou Agronomia. Regra que serve ao vento. Prédios são aviltados com um laguinho aqui, uma vontade do síndico ali. Isso sem que os autores da obra sejam comunicados. 
 
      Até escada de emergência, pela lei, precisa de autorização dos profissionais. As pessoas influentes de Brasília têm tudo para proteger a cidade, mas não o fazem. Lucio Costa criou e as plásticas transformam Brasília em uma monstrinho mimado. 
 
     A criação , de má-fé, de lotes nas chamadas pontas de picolé , ao mesmo tempo em que impediu o acesso de pessoas e moradores ao lago, inaugurou a temporada de invasões de luxo. 
 
      Depois vieram os apart hotéis, as casas de festas, os pontões e outras construções, todas devidamente cercadas, exclusivas e excludentes
 
     Em Brasília, o Ministério Público tem sido, praticamente , o único órgão oficial a se pronunciar contra essa situação. 
 
     No início deste ano membros do MPDFT estiveram reunidos com representantes do GDF para discutir a desocupação da orla do Lago Paranoá definida como Área de Preservação Permanente  

      Em 2011 a justiça condenou o GDF pelo descaso com o problema, obrigando-o a elaborar e apresentar planos de fiscalização, remoção e recuperação dessas APPs. 
 
      Além disso o governo precisava elaborar projetos de zoneamento e de manejo, além de plano diretor local para os lagos Sul e Norte. Enquanto a comissão criada pelo vice-governador para tratar do assunto não adota as medidas cabíveis, o GDF poderia dar mais atenção ao assoreamento da ponta norte do Paranoá, sob a Ponte do Braguetto, invadida por uma grande volume de terra ,oriundo da construção do setor Noroeste e que, aos poucos vai cobrindo aquele antigo espelho d`'àgua. 
 
      Do outro lado, na ponte da Barragem, um cheiro de esgoto insuportável se espalha pelo ar antes do sol nascer. Aí tem. Para se ter uma idéia de como nada foi feito, há dois anos a imprensa divulgava que o juiz Carlos Divino, da Vara de Meio Ambiente e Desenvolvimento Fundiário deu o prazo de 120 dias o GDF elaborar o plano de ocupação da margem. 
Em caso de descumprimento a multa diária seria de R$ mil reais a o GDF. Funciona assim. Você vota, os gestores não obedecem a lei, daí você paga a punição.

Ari Cunha

Nenhum comentário: