sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Petistas estão tramando uma “guerra racial” na boca da urna. E o tal “racismo natural contra os brancos”!

16/01/2014
às 15:37

Agora a questão subiu de patamar: petistas estão tramando uma “guerra racial” na boca da urna. E o tal “racismo natural contra os brancos”!

Luíza Bairros: ela acha "natural" o racismo de negros contra brancos...
Luíza Bairros: ela atribuiu a um senador da República o que ele não disse…

A irresponsabilidade de alguns petistas graúdos nessa questão dos rolezinhos impressiona. São capazes de tudo. A presidente Dilma precisa decidir se vai permitir que subordinados seus brinquem com fogo. Mais: ela terá de deixar claro em que medida está de acordo com a irresponsabilidade ou a estimula.

O prefeito Fernando Haddad — que não é subordinado da presidente, mas é uma estrela do partido — cometeu a insanidade de pedir a seu secretário da Igualdade Racial que convocasse os “líderes” dos rolezinhos, como se houvesse, nesse caso, uma representação formal. Poderia ter pedido tal coisa ao secretário de Segurança, ao de Assistência Social, a algum outro… Mas não! Quis dar à coisa um apelo racial.

Agora, à Folha, a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, ultrapassa em muito a linha da responsabilidade. Segundo ela, a reação dos shoppings aos rolezinhos é coisa de brancos inconformados com a presença de negros naqueles ambientes

É MENTIRA, MINISTRA! Quem representa os “brancos” inconformados? Onde estão seus porta-vozes? Boa parte, talvez mais da metade, dos participantes dessas manifestações são… brancos!

À Folha, esta senhora afirmou:

“De um lado está a percepção de grande parcela da juventude de que não tem direito a todos os espaços da cidade. Através dessa manifestação, eles reivindicam participação e presença nesses lugares, que foram reservados a pessoas de mais alta renda, majoritariamente branca.

A manifestação dos jovens revela, por outro lado, aquilo que eles leram muito bem: existe uma parcela da sociedade que não quer a presença deles em determinados lugares. Então você vê manifestação de discriminação racial muito explícita em relação a esses movimentos.

Em muitos sentidos, a liminar que proíbe a entrada dos jovens nos shoppings, ou pelo menos dá o direito de selecionarem quem entra ou não, é uma situação racista. A liminar consagra um processo de segregação racial do espaço, o que esses jovens conseguiram perceber muito nitidamente.”

Trata-se de um discurso asqueroso e falso. Quando e em que lugar um negro, ou negros, ainda que em grupos, foi impedido de circular livremente nos shoppings e de usufruir de seus serviços? Quantas notificações ou casos existem no seu ministério a respeito, minha senhora? Quantos são os inquéritos? Cadê as ocorrências?

A fala da ministra é, além de irresponsável, oportunista. Bairros tem de dizer se concorda com os rolezinhos e se acha que eles são procedimentos seguros, inclusive para aqueles que deles participam. Ultrapassada a linha da prudência e da responsabilidade, aí tudo é possível. A ministra ataca também a PM:

“A PM, infelizmente, ao cumprir decisão judicial, de certa forma recebe respaldo para fazer algo que já fazia e faz cotidianamente. Que é criar um perfil de criminoso associado à pessoa negra, e mais particularmente ao jovem negro.”

A repórter da Folha Andréia Sadi retira do contexto uma observação do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) no Twitter, dirige duas perguntas à ministra, e se tem, então, um momento de notável mistificação. Reproduzo:

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) chamou os jovens dos “rolezinhos” de “cavalões”. Há o que temer nas manifestações?

Eu acho que haverá o que temer se as pessoas, e determinados parlamentares, continuarem a dar declarações que confirmam a desumanização das pessoas negras. Esse tipo de resposta pode acirrar, entende? Existe uma postura e uma intenção absolutamente pacífica nessas movimentações. Os problemas que têm havido são derivados da reação das pessoas brancas que se assustam com essa presença [dos jovens nos shoppings].

O senador relatou ter levado os netos ao Shopping Morumbi e escreveu no Twitter: “Imagino como eu e demais avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismassem de dar um rolê por lá”. O que a senhora tem a dizer?

O racismo desumaniza a pessoa negra. Ele não vê um ser humano, vê um animal potencialmente perigoso. Mas acho que você tem que reforçar o seguinte: conversei com a secretária de Justiça de São Paulo e ela me assegurou que a disposição do governador é fazer com que a atuação da policia seja a mais correta possível e qualquer abuso seja repudiado. Acho que esse é o tom que temos que dar a esse fenômeno.

Retomo

Com o devido respeito à ministra, sua fala é de uma vigarice intelectual como raramente se viu. 

Começo com a repórter Andreia Sadi. Não sei a sua origem. No interior de São Paulo, de onde vem Aloysio, e de onde venho também, “cavalão” não é ofensivo, não, Andréia! “Cavalão” é sinônimo de rapaz saudável, forte, corpulento. Aliás, procure aí no Houaiss, oferecido pelo UOL, e você vai encontrar essa acepção. Sim, “cavalão” também pode ser “indivíduo rude e grosseiro”, segundo o dicionário. Em São Paulo, nunca! Também se diz da moça muito forte, saudável, ser “uma cavalona”, feminino no aumentativo impossível, segundo a norma culta . Note, diligente Andréia, que, se a intenção fosse associar as pessoas aos animais propriamente, não se diria da jovem ser uma “cavalona”, mas uma “eguona”. 

Quando se diz de um homem ser “um touro”, não se está a dizer que ele tem chifres, mas que é muito forte. Dica, Andréia: se você for um dia  a Dois Córregos e, numa roda de truco, um jogador chamar o outro de “lazarento!”, é grande a chance de ser um elogio. Sinônimo: sagaz, inteligente, ousado — em suma, uma “lazarento!” Como explicar? Bem, primeiro é preciso entender.

As respostas da ministra são intelectualmente delinquentes, ao acusar o senador de estar associando “negros” a animais. Ele deveria acionar a senhora ministra na Justiça por calúnia. Ou, então, cobrar que ela se desculpe.

Não é a primeira vez que ministros dessa pasta dizem barbaridades. Numa entrevista à BBC, Matilde Ribeiro, uma antecessora sua, meteu os pés pelas mãos:

BBC Brasil – No Brasil tem racismo também de negro contra branco, como nos Estados Unidos?

Matilde Ribeiro – Eu acho natural que tenha. Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos. Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”.

Em 2011, a própria Luíza Bairros já via fantasmas: “Isso [ocupação de espaço pelos negros] provoca reação. Para muitas pessoas, parece perda de espaço. Isso demonstra como ser branco, na sociedade brasileira, implica determinados privilégios em detrimento dos direitos dos negros em geral”.

Chegou a hora de cobrar responsabilidade. Da presidente Dilma! E da imprensa!

PS: Eu havia atribuído, numa versão anterior deste texto, à atual ministra a fala de Matilde Ribeiro, uma antecessora sua na pasta. Faço a correção e me desculpo com os leitores.
Luíza Bairros não falou aquelas besteiras. Falou outras.
Por Reinaldo Azevedo

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