sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O golpe dos "sem teto".A capital paulista ( e Brasilia) desce aos infernos.

11/01/2014
às 6:10

São Paulo é agora refém dos sem-teto de Fernando Haddad. Ou: A capital paulista desce aos infernos

Cerca de 5 mil manifestantes, sob o comando do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), promoveram um protesto nesta sexta, em São Paulo, e chegaram a obstruir o trânsito na marginal Pinheiros, na ponte do Socorro e na estrada do M’Boi Mirim. 

Era um protesto contra uma declaração do prefeito Fernando Haddad, que defendeu que uma área invadida no Jardim Ângela, conhecida como Nova Palestina, seja transformada em parque. Eles exigem que a região seja destinada a moradias. Já volto ao ponto. Antes, algumas considerações importantes.

O dito MTST não é formado por pessoas sem teto, assim como o MST não é formado por pessoas sem terra. Os dois movimentos são, deixem-me ver como chamar, empresas de produzir ideologias, de produzir valores. Quando alguém ingressa num desses grupos que se dizem sem-teto, é obrigado a cumprir determinadas tarefas para ganhar pontos e ascender na hierarquia interna. Uma das tarefas, por exemplo, é promover paralisações cidade afora. Outra é invadir prédios públicos, moradias em construção e áreas destinadas à construção de casas populares.

Boa parte desses ditos sem-teto já tem um teto, obtido na marra. Essas invasões têm coordenadores, chefes, que formam o núcleo duro do movimento. Eles é que decidem quem pode e quem não pode permanecer nas áreas invadidas. E qual é o critério? MILITÂNCIA. Para que o sujeito possa ficar nas invasões ilegais, é obrigado a ajudar a promover… novas invasões ilegais. Entenderam?

É o modelo vigente no MST — que forneceu aos tais sem-teto a régua e compasso.

O MST é, sim, mais sofisticado e infinitamente mais rico porque já estabeleceu os canais para receber dinheiro público, especialmente da agricultura familiar. Explico também. A massa de manobra do MST se divide em dois grupos: os acampados e os assentados. 

Os acampados podem estar às margens de rodovias ou em alguma área pública ou privada invadida. Em qualquer caso, o sujeito é obrigado a se submeter à rígida disciplina do MST, de caráter quase militar. Para ter o “direito” de ficar no local, tem de cumprir tarefas — uma delas é… invadir mais novas áreas.

E há os assentados. Não pensem que estes, de posse de sua terra, se livram do jugo de João Pedro Stedile. De jeito nenhum! A produção nos assentamentos é organizada e mediada por cooperativas. São elas que recebem o dinheiro da agricultura familiar, por exemplo. E quem controla essas cooperativas é justamente o MST. Mesmo com a sua terra assegurada, o assentado é obrigado a promover novas invasões. Ou cumpre as suas “obrigações” ou será um marginal na comunidade.

Assim, meus caros, movimentos de sem-teto e de sem-terra tendem a não ter fim, já que não basta dar — e a palavra é esta: DAR — a casa e a terra. 

Sem-teto e sem-terra viraram uma espécie de casta, de grupo social ao qual se pertence para sempre. Se o assentado morre, a “obrigação” é transferida para os filhos. 

Por que afirmo que se trata de máquina de produzir ideologias? Porque cada um desses movimentos tem a ambição de, a partir de sua causa, conduzir a revolução social no Brasil.  

Mais recentemente, assistimos à “versão coxinha” dessa concepção política, que é o Movimento Passe Livre, formado, em boa parte, de jovens da fina flor da elite brasileira. Alguns vão de motorista particular para a escola e, de lá, saem para depredar uns ônibus por aí… 

O MPL já disse que o socialismo começa… pela catraca. Mas volto ao MTST.
Aliados de Haddad
  O MTST, assim como o MPL, ajudou a fazer a campanha de Fernando Haddad. Alguns dos líderes dos sem-teto são também militantes petistas. No fim das contas, é a base do PT que agora procura impedir, na prática, o prefeito de formular e executar uma política de moradia.

Os chefões da causa — muitos deles moram em residências confortáveis, bem longe da confusão — exigem que o prefeito lhes entregue o controle do setor. Eles querem os recursos e os bens púbicos para distribuir entre seus militantes.

Informa a Folha: “A Nova Palestina é o maior acampamento de São Paulo hoje. Começou com 2.000 famílias em 29 de novembro e, um mês depois, já tinha 8.000. Há lista de espera para ter um barraco no local. A área invadida, de um milhão de metros quadrados, é particular e foi declarada de interesse social para preservação ambiental. Por lei, 10% dela podem ser destinados à habitação, mas os sem-teto querem aumentar esse percentual para 30%. Para isso, eles querem que a prefeitura apoie a mudança no zoneamento, que precisa passar pela Câmara.”

Viram só? Em pouco mais de um mês, uma invasão com 2 mil pessoas passou a reunir 8 mil. Por quê? O apressadinho de bom coração e cérebro distraído logo responde: “Porque o déficit habitacional na cidade é grande!”. Resposta errada! A expansão tão rápida se dá porque invadir passou a ser um bom negócio. O invasor poderia se cadastrar nos programas habitacionais, submeter-se a critérios objetivos, esperar a sua vez… 

Mas quê! A área é hoje refém dos grupos que integram o tal movimento, e engrossar as suas fileiras passou a ser um caminho mais curto para ganhar a casa. E os outros, os que já haviam se cadastrado, igualmente pobres? Ora, se quiserem, que passem a integrar também as fileiras do MTST. É, insisto, o modelo do MST transplantado para a cidade.

Assim, observem que a política pública deixa de ser voltada para os cidadãos e passa a ser propriedade privada dos que se proclamam os donos da causa. Como eles todos acham que estão promovendo a revolução social no Brasil, não veem mal nenhum em paralisar a cidade — ameaçam fazê-lo caso Haddad não ceda — e submeter o conjunto dos paulistanos a seus desígnios.

É evidente que isso se parece mais com uma milícia fascistoide do que com um movimento social. Esses truculentos, de resto, aproveitam-se do fato de contar com a simpatia da imprensa.

 Como já escrevi aqui tantas vezes, boa parte dos jornalistas costuma ser sensível ao que julga ser o cheiro do povo. Um autoproclamado sem-qualquer-coisa será sempre tratado como herói pelo jornalismo brasileiro. 

Consolidou-se no país a visão espantosa de que uma reivindicação nasce necessariamente de um direito e que sua consequência óbvia é a plena satisfação.

Haddad prometeu uma São Paulo como ninguém havia antes visto. Parece que vai mesmo cumprir a promessa, se é que me entendem…

Por Reinaldo Azevedo

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