11/01/2014
às 6:10São Paulo é agora refém dos sem-teto de Fernando Haddad. Ou: A capital paulista desce aos infernos
Cerca
de 5 mil manifestantes, sob o comando do MTST (Movimento dos
Trabalhadores Sem-Teto), promoveram um protesto nesta sexta, em São
Paulo, e chegaram a obstruir o trânsito na marginal Pinheiros, na ponte
do Socorro e na estrada do M’Boi Mirim.
Era um protesto contra uma declaração do prefeito Fernando Haddad, que defendeu que uma área invadida no Jardim Ângela, conhecida como Nova Palestina, seja transformada em parque. Eles exigem que a região seja destinada a moradias. Já volto ao ponto. Antes, algumas considerações importantes.
Era um protesto contra uma declaração do prefeito Fernando Haddad, que defendeu que uma área invadida no Jardim Ângela, conhecida como Nova Palestina, seja transformada em parque. Eles exigem que a região seja destinada a moradias. Já volto ao ponto. Antes, algumas considerações importantes.
O dito
MTST não é formado por pessoas sem teto, assim como o MST não é formado
por pessoas sem terra. Os dois movimentos são, deixem-me ver como
chamar, empresas de produzir ideologias, de produzir valores. Quando
alguém ingressa num desses grupos que se dizem sem-teto, é obrigado a
cumprir determinadas tarefas para ganhar pontos e ascender na hierarquia
interna. Uma das tarefas, por exemplo, é promover paralisações cidade
afora. Outra é invadir prédios públicos, moradias em construção e áreas
destinadas à construção de casas populares.
Boa parte
desses ditos sem-teto já tem um teto, obtido na marra. Essas invasões
têm coordenadores, chefes, que formam o núcleo duro do movimento. Eles é
que decidem quem pode e quem não pode permanecer nas áreas invadidas. E
qual é o critério? MILITÂNCIA. Para que o sujeito possa ficar nas
invasões ilegais, é obrigado a ajudar a promover… novas invasões
ilegais. Entenderam?
É o modelo
vigente no MST — que forneceu aos tais sem-teto a régua e compasso.
O
MST é, sim, mais sofisticado e infinitamente mais rico porque já
estabeleceu os canais para receber dinheiro público, especialmente da
agricultura familiar. Explico também. A massa de manobra do MST se
divide em dois grupos: os acampados e os assentados.
Os acampados podem
estar às margens de rodovias ou em alguma área pública ou privada
invadida. Em qualquer caso, o sujeito é obrigado a se submeter à rígida
disciplina do MST, de caráter quase militar. Para ter o “direito” de
ficar no local, tem de cumprir tarefas — uma delas é… invadir mais novas
áreas.
E há os
assentados. Não pensem que estes, de posse de sua terra, se livram do
jugo de João Pedro Stedile. De jeito nenhum! A produção nos
assentamentos é organizada e mediada por cooperativas. São elas que
recebem o dinheiro da agricultura familiar, por exemplo. E quem controla
essas cooperativas é justamente o MST. Mesmo com a sua terra
assegurada, o assentado é obrigado a promover novas invasões. Ou cumpre
as suas “obrigações” ou será um marginal na comunidade.
Assim,
meus caros, movimentos de sem-teto e de sem-terra tendem a não ter fim,
já que não basta dar — e a palavra é esta: DAR — a casa e a terra.
Sem-teto e sem-terra viraram uma espécie de casta, de grupo social ao
qual se pertence para sempre. Se o assentado morre, a “obrigação” é
transferida para os filhos.
Por que afirmo que se trata de máquina de
produzir ideologias? Porque cada um desses movimentos tem a ambição de, a
partir de sua causa, conduzir a revolução social no Brasil.
Mais
recentemente, assistimos à “versão coxinha” dessa concepção política,
que é o Movimento Passe Livre, formado, em boa parte, de jovens da fina
flor da elite brasileira. Alguns vão de motorista particular para a
escola e, de lá, saem para depredar uns ônibus por aí…
O MPL já disse
que o socialismo começa… pela catraca. Mas volto ao MTST.
Aliados de Haddad
O MTST, assim como o MPL, ajudou a fazer a
campanha de Fernando Haddad. Alguns dos líderes dos sem-teto são também
militantes petistas. No fim das contas, é a base do PT que agora
procura impedir, na prática, o prefeito de formular e executar uma
política de moradia.
Os chefões da causa — muitos deles moram em
residências confortáveis, bem longe da confusão — exigem que o prefeito
lhes entregue o controle do setor. Eles querem os recursos e os bens
púbicos para distribuir entre seus militantes.
Informa a Folha: “A
Nova Palestina é o maior acampamento de São Paulo hoje. Começou com
2.000 famílias em 29 de novembro e, um mês depois, já tinha 8.000. Há
lista de espera para ter um barraco no local. A área invadida, de um
milhão de metros quadrados, é particular e foi declarada de interesse
social para preservação ambiental. Por lei, 10% dela podem ser
destinados à habitação, mas os sem-teto querem aumentar esse percentual
para 30%. Para isso, eles querem que a prefeitura apoie a mudança no
zoneamento, que precisa passar pela Câmara.”
Viram só?
Em pouco mais de um mês, uma invasão com 2 mil pessoas passou a reunir 8
mil. Por quê? O apressadinho de bom coração e cérebro distraído logo
responde: “Porque o déficit habitacional na cidade é grande!”. Resposta
errada! A expansão tão rápida se dá porque invadir passou a ser um bom
negócio. O invasor poderia se cadastrar nos programas habitacionais,
submeter-se a critérios objetivos, esperar a sua vez…
Mas quê! A área é
hoje refém dos grupos que integram o tal movimento, e engrossar as suas
fileiras passou a ser um caminho mais curto para ganhar a casa. E os
outros, os que já haviam se cadastrado, igualmente pobres? Ora, se
quiserem, que passem a integrar também as fileiras do MTST. É, insisto, o
modelo do MST transplantado para a cidade.
Assim,
observem que a política pública deixa de ser voltada para os cidadãos e
passa a ser propriedade privada dos que se proclamam os donos da causa.
Como eles todos acham que estão promovendo a revolução social no Brasil,
não veem mal nenhum em paralisar a cidade — ameaçam fazê-lo caso Haddad
não ceda — e submeter o conjunto dos paulistanos a seus desígnios.
É evidente
que isso se parece mais com uma milícia fascistoide do que com um
movimento social. Esses truculentos, de resto, aproveitam-se do fato de
contar com a simpatia da imprensa.
Como já escrevi aqui tantas vezes,
boa parte dos jornalistas costuma ser sensível ao que julga ser o cheiro
do povo. Um autoproclamado sem-qualquer-coisa será sempre tratado como
herói pelo jornalismo brasileiro.
Consolidou-se no país a visão
espantosa de que uma reivindicação nasce necessariamente de um direito e
que sua consequência óbvia é a plena satisfação.
Haddad prometeu uma São Paulo como ninguém havia antes visto. Parece que vai mesmo cumprir a promessa, se é que me entendem…
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