karlmarx


Uma das grandes burrices do pensamento de esquerda é quase sempre responsabilizar circunstâncias em vez de indivíduos. Parece picuinha ideológica, coisa de de quem acredita tanto na “coletividade” que se dispõe a também culpá-la mesmo quando apenas uma pessoa comete um crime. Mas pode ser também burrice ou a soma desses dois itens de fato similares.


Fato é que culpar “todo mundo” é o mesmo que responsabilizar ninguém. Nesse raciocínio ideológico deles, o criminoso é fruto de um conjunto de fatores, nunca de sua própria iniciativa de delinquir. E passam por cima até dos números, como esses demonstrados por pesquisa recente que confirma: os pobres cometem MENOS delitos.


Tal estudo – como se não bastasse a lógica pura e simples – demole o raciocínio de parte de nossa esquerda (quase toda formada por brancos de classe média) que acredita conhecer minuciosamente as mazelas do povo oprimido – conhecimento quase sempre adquirido no centro acadêmico de alguma faculdade de humanas localizada em bairro nobre.

Estão errados, evidentemente.

Quem comete crimes é o indivíduo e, portanto, é ele que deve ser responsabilizado. Estuprador é quem estupra, racista é quem pratica racismo, homicida é quem mata, ladrão é quem rouba e assim por diante. 

Identificar o responsável é uma etapa essencial para acabar com o crime ou, pelo menos, livrar a sociedade (que é vítima, não culpada) dos criminosos.

Então, qual seria o problema da esquerda em assumir que as pessoas cometem crimes por iniciativa própria e não por pressão inescapável de fatores sociais? 

Simples (por isso mesmo, bem idiota): toda a ideologia é baseada em soluções gerais e genéricas para “toda a sociedade”, colocando esse receituário acima daquilo que tanto odeiam e fazem o possível para rechaçar: o mérito.

Isso mesmo. Não aceitam a punição do indivíduo porque não acreditam na iniciativa individual para o progresso. Ou NÃO QUEREM acreditar (a essa altura da história do mundo e como dito no primeiro parágrafo, parece mais picuinha). 

De todo modo, refutam o “demérito do indivíduo” porque implicaria na obrigação de aceitar o “mérito individual”.

No meu texto de apresentação, recebi pedradas (com as quais construirei meu castelo :P ) por me dizer favorável à legalização do aborto (e disse isso na “bio”, o texto em si até não passou de uma apresentação bem simples).

No mesmo espaço dedicado ao resumo dos participantes (e o meu ficou grande porque todo mundo achou bonitinho mandar só uma frase), também me mostrei favorável à legalização das drogas, casamento entre pessoas do mesmo sexo, adoção de crianças por elas etc. E continuo favorável (mandem mais pedras, quero um castelo bem bonito).

Isso porque acredito no indivíduo, não no governo. Não acho que caiba ao estado decidir sobre aspectos íntimos ou morais. Se é permitido o entorpecimento por álcool, por que não por outras drogas? (isso será tema de outro texto, a pergunta retórica fica de gancho)

Quanto ao aborto, creio que a tutela estatal deveria restringir-se a impor limitações (defendo que seja até a formação do córtex cerebral) e fiscalizar clínicas.

E a esquerda concorda comigo nessa parte do indivíduo ser livre para algumas escolhas, seja qual for sua classe social, mas discordamos na hora de entender que essas mesmas pessoas são responsáveis TAMBÉM na hora dos crimes que possam cometer.

Eu acho que sim, a esquerda acha que não. Ela não acredita na punição do criminoso, mas sim de uma reeducação da sociedade que se encontra toda ela imersa em culpa por fatores alheios à vontade do indivíduo e que o acabam levando ao crime de maneira a abrir mão da própria vontade.

Eu acredito que o cara precisa ser preso, mesmo. E, agora, não se trata mais de uma questão de achismo ou fé cega ideológica. Há números corroborando: a culpa não é da sociedade, mas de quem comete o crime. Parece simples e, olha só!, é simples de verdade.

Assumir essa obviedade não vai diminuir a preocupação social de ninguém, apenas situa o sujeito no plano dos que fazem jus aos polegares opositores. 

E abre a possibilidade para o debate seguir adiante na busca de soluções concretas e não disputar qual turminha grita mais alto.