sexta-feira, 21 de março de 2014
Com o corte de 50% no orçamento do Ministério do
Planejamento, o IBGE, que é vinculado à pasta, vai ter que adiar pesquisas.
A
Contagem da População, que atualiza o Censo Demográfico, ficou para 2016.
Estava previsto para 2015, cinco anos após o Censo ter ido a campo. O custo
total da pesquisa é de R$ 1,7 bilhão.
Para este ano, estava previsto gasto de
R$ 200 milhões, valor maior que o orçamento do próprio instituto, que é de R$
170 milhões. A Contagem é uma demanda recorrente dos prefeitos, pois baliza a
repartição do bolo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
— Uma pesquisa desse tamanho precisa de muito tempo de
planejamento. São 200 mil pessoas em campo para contar a população. Os R$ 200
milhões são para organizar essa estrutura — afirmou a presidente do IBGE,
Wasmália Bivar.
Diante do corte, o instituto terá que fazer uma escolha de
Sofia: ou deixar de fazer a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad), o maior levantamento socioeconômico depois do Censo Demográfico, ou
adia o início da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) para o ano que vem.
A Pnad do jeito que vem sendo feita vai acabar de qualquer
jeito. Mas a expectativa era que este ano ainda fosse a campo. O levantamento
será substituído pela chamada Pnad contínua, que trará resultados nacionais
sobre o mercado de trabalho de todo o país a cada trimestre.
Até agora, o desempenho desse mercado era medido
mensalmente, mas restrito a seis regiões metropolitanas. A Pnad trazia o quadro
nacional, mas os resultados só eram divulgados um ano depois. — Ainda estamos decidindo qual a melhor saída. Ou fazemos a
última Pnad e adiamos a POF para o início do ano que vem ou desistimos da Pnad
e começamos a POF este ano — diz Wasmália.
Questionário maior
A POF é feita de cinco em cinco anos e atualiza a estrutura
de gastos das famílias para o cálculo dos índices de inflação. É um
levantamento aprofundado do consumo familiar. É realizado durante um ano, com
os domicílios sendo visitados diversas vezes, para apurar o consumo sazonal das
famílias e as condições de vida. Também são feitas medições antropométricas (de
peso e de altura). A Pnad custa entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões, e a POF
exige uma despesa em torno de R$ 14 milhões.
Não é a primeira vez em que a Contagem da População é adiada
por corte no orçamento. A última vez foi em 2005. A pesquisa só foi feita 2007,
ainda assim restrita a pequenos municípios. — Chegamos a pensar em não fazer mais a Contagem, pois ela
acrescentava pouco por só pesquisar sexo e idade da população, mas as demandas
se avolumaram — afirma a presidente do instituto.
Dessa vez, a contagem será mais rica, segundo Wasmália.
Algumas informações sobre o domicílio e as pessoas serão incluídas no
questionário: — Vamos fazer um pequeno questionário. Cada vez mais cresce
a demanda por informações municipais, como acesso à energia elétrica. Como o
serviço está praticamente universalizado, somente com levantamento censitário é
possível saber onde ainda não há luz. É um instrumento importante para
dimensionar público alvo e políticas de infraestrutura.
Casais gays incluídos na contagem
Os pesquisadores vão a campo em 2016, ano em que também vai
acontecer o Censo Agropecuário. A estrutura desse censo será usada pela
Contagem. A Contagem da População de 2007 foi o primeiro levantamento
que informou o número de casais gays no país. Como foi restrita a pequenos
municípios, só captou 17 mil arranjos familiares desse tipo naquela época. Com
o Censo Demográfico de 2010, esse número subiu para 60 mil. (O Globo)
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