sábado, 22 de março de 2014

Acuado, PT esconde escândalo da Pasadena, crise com PMDB e ataca a Imprensa em documento para militância.


Em documento elaborado por seu diretório nacional, o PT faz uma forte defesa da Petrobras em referência indireta à crise sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006, pela estatal e que envolve a presidente Dilma Rousseff.

Sem citar o caso concreto, o comando petista afirmou que "mais uma vez estamos presenciando a oposição e os setores conservadores da nossa sociedade fazer ataques para atingir a imagem da Petrobras" e repete o discurso utilizando nas últimas eleições de que a empresa "foi alvo da política de privatizações no governo liderado pelo PSDB, apoiado pela elite nacional".

Seguindo a estratégia traçada pelo Planalto, o texto cita resultados da Petrobras e diz que a empresa simboliza "o arrojo do nosso projeto de Nação". "A tentativa da oposição e do conservadorismo nacional em atacar a Petrobras é mais uma iniciativa daqueles que sucatearam o Estado brasileiro e aprofundaram as desigualdades sociais".

Não há referência à participação da presidente no caso. Na época da aquisição, Dilma era Ministra da Casa Civil e presidia o conselho da Petrobras e chegou a votar a favor da compra. Ela disse que seguiu um parecer falho. A versão preliminar do texto ao qual a Folha teve acesso não tratava da crise.

MENSALÃO

Principal crítico do julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), o PT destacou a reviravolta do processo que levou à absolvição de oito condenados, entre eles o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), do crime de quadrilha, mas reforça ataques e nega privilégios para os filiados que estão cumprindo pena em Brasília.

"[O PT repele] as denúncias forjadas sobre privilégios inexistentes para os companheiros ilegalmente aprisionados na Papuda. É inaceitável a manutenção de companheiros no regime fechado quando, por lei, já teriam direito ao regime semiaberto". Entre as irregularidades, eles estariam recebendo visitas fora do horário.

Às vésperas dos 50 anos do golpe militar de abril de 1964, o diretório ressalta a necessidade de defender a revisão da Lei da Anistia que impede a responsabilização de agentes do Estado e militares acusados de crimes de lesa humanidade, como os de tortura, ocorridos durante a ditadura (1964-85).

O texto ainda destaca as ações da Comissão da Verdade, mas nega revanchismo. "A identificação dos responsáveis pela tortura e pelos assassinatos, longe de parecer revanche, deve servir para que nosso povo tenha conhecimento dos reais autores de tanta tristeza provocada a milhares de famílias brasileiras".

IMPRENSA

O documento utiliza a defesa da política econômica do governo para cobrar a democratização dos meios de comunicação. "Parcela da mídia brasileira faz questão de pintar um quadro aterrorizador na economia, disseminando maus presságios sem fundamentos técnicos, apenas com a clara intenção de tentar influenciar nas disputas eleitorais. Chega a ser impressionante a distância apresentada por uma parcela da mídia entre o Brasil verdadeiro, governado pelo PT, e o Brasil deles".

A resolução também evitou rebater diretamente o desgaste com o PMDB, seu principal aliado, pela composição das alianças estaduais para as eleições de outubro. A insatisfação peemedebista com os palanques, especialmente no Rio de Janeiro e no Ceará, e com os rumos da reforma ministerial puxaram uma rebelião na base aliada e impuseram derrotas para o Planalto na Câmara, inclusive com a criação de uma comissão externa para apurar suspeita de irregularidades na estatal.

"Não vamos permitir alianças que conflitem com nossas deliberações, assim como vamos estimular as chapas com nossos aliados no plano nacional", dizem os petistas no texto. Os dirigentes do PT dizem que "devemos exigir de nossos aliados é o forte compromisso com a continuidade destas conquistas [do governo petista]" e recomendam ainda atenção dos militantes para a campanha de reeleição de Dilma, tratada como prioridade absoluta.

O comando do PT reconhece "que o ano eleitoral é um ano de profundas e acirradas disputas" e defende que é preciso "desmascarar a tática dos que torcem e jogam contra o Brasil". O texto cita ainda que fica mantida a meta de ampliar as bancadas no Congresso, um dos motivos de atrito com o PMDB, e reeleição de governadores.

Na versão final do texto, foram inseridos novos trechos defendendo a reeleição de Dilma. Também faz parte da resolução apoio a convocação da uma Constituinte Exclusiva "para realizar a reforma política que o país tanto precisa". (Folha de São Paulo)
 
 

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