Em documento elaborado por seu diretório nacional, o PT faz
uma forte defesa da Petrobras em referência indireta à crise sobre a compra da
refinaria de Pasadena (EUA), em 2006, pela estatal e que envolve a presidente
Dilma Rousseff.
Sem citar o caso concreto, o comando petista afirmou que
"mais uma vez estamos presenciando a oposição e os setores conservadores
da nossa sociedade fazer ataques para atingir a imagem da Petrobras" e
repete o discurso utilizando nas últimas eleições de que a empresa "foi
alvo da política de privatizações no governo liderado pelo PSDB, apoiado pela
elite nacional".
Seguindo a estratégia traçada pelo Planalto, o texto cita
resultados da Petrobras e diz que a empresa simboliza "o arrojo do nosso
projeto de Nação". "A tentativa da oposição e do conservadorismo
nacional em atacar a Petrobras é mais uma iniciativa daqueles que sucatearam o
Estado brasileiro e aprofundaram as desigualdades sociais".
Não há referência à participação da presidente no caso. Na
época da aquisição, Dilma era Ministra da Casa Civil e presidia o conselho da
Petrobras e chegou a votar a favor da compra. Ela disse que seguiu um parecer
falho. A versão preliminar do texto ao qual a Folha teve acesso não tratava da
crise.
MENSALÃO
Principal crítico do julgamento do mensalão no STF (Supremo
Tribunal Federal), o PT destacou a reviravolta do processo que levou à
absolvição de oito condenados, entre eles o ex-ministro José Dirceu (Casa
Civil), do crime de quadrilha, mas reforça ataques e nega privilégios para os
filiados que estão cumprindo pena em Brasília.
"[O PT repele] as denúncias forjadas sobre privilégios
inexistentes para os companheiros ilegalmente aprisionados na Papuda. É
inaceitável a manutenção de companheiros no regime fechado quando, por lei, já
teriam direito ao regime semiaberto". Entre as irregularidades, eles estariam recebendo visitas
fora do horário.
Às vésperas dos 50 anos do golpe militar de abril de 1964, o
diretório ressalta a necessidade de defender a revisão da Lei da Anistia que
impede a responsabilização de agentes do Estado e militares acusados de crimes
de lesa humanidade, como os de tortura, ocorridos durante a ditadura (1964-85).
O texto ainda destaca as ações da Comissão da Verdade, mas
nega revanchismo. "A identificação dos responsáveis pela tortura e pelos
assassinatos, longe de parecer revanche, deve servir para que nosso povo tenha
conhecimento dos reais autores de tanta tristeza provocada a milhares de
famílias brasileiras".
IMPRENSA
O documento utiliza a defesa da política econômica do
governo para cobrar a democratização dos meios de comunicação. "Parcela da
mídia brasileira faz questão de pintar um quadro aterrorizador na economia,
disseminando maus presságios sem fundamentos técnicos, apenas com a clara
intenção de tentar influenciar nas disputas eleitorais. Chega a ser
impressionante a distância apresentada por uma parcela da mídia entre o Brasil
verdadeiro, governado pelo PT, e o Brasil deles".
A resolução também evitou rebater diretamente o desgaste com
o PMDB, seu principal aliado, pela composição das alianças estaduais para as
eleições de outubro. A insatisfação peemedebista com os palanques, especialmente
no Rio de Janeiro e no Ceará, e com os rumos da reforma ministerial puxaram uma
rebelião na base aliada e impuseram derrotas para o Planalto na Câmara,
inclusive com a criação de uma comissão externa para apurar suspeita de
irregularidades na estatal.
"Não vamos permitir alianças que conflitem com nossas
deliberações, assim como vamos estimular as chapas com nossos aliados no plano
nacional", dizem os petistas no texto. Os dirigentes do PT dizem que
"devemos exigir de nossos aliados é o forte compromisso com a continuidade
destas conquistas [do governo petista]" e recomendam ainda atenção dos
militantes para a campanha de reeleição de Dilma, tratada como prioridade
absoluta.
O comando do PT reconhece "que o ano eleitoral é um ano
de profundas e acirradas disputas" e defende que é preciso
"desmascarar a tática dos que torcem e jogam contra o Brasil". O
texto cita ainda que fica mantida a meta de ampliar as bancadas no Congresso,
um dos motivos de atrito com o PMDB, e reeleição de governadores.
Na versão final do texto, foram inseridos novos trechos
defendendo a reeleição de Dilma. Também faz parte da resolução apoio a
convocação da uma Constituinte Exclusiva "para realizar a reforma política
que o país tanto precisa". (Folha de São Paulo)
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