22/3/2014 às 10h05
Em 1964, estima-se que o movimento reuniu 500 mil manifestantes (250 vezes mais) em São Paulo
A exemplo do que ocorreu em 1964, concentração foi agendada para a praça da República, mas vai ter menos gente
Cinquenta anos depois, contudo, os organizadores do “retorno” da marcha no Facebook não conseguiram confirmar a participação de mais de duas mil pessoas — entre os 54 mil convidados.
O evento agendado pela rede social para este sábado tinha apenas 1,9 mil confirmações na véspera da mobilização — outras 600 pessoas “talvez” fossem. A exemplo do que ocorreu em 1964, a concentração foi agendada para a praça da República, às 15h (uma hora antes que o evento de 50 anos atrás, iniciado às 16h), e seguirá o mesmo trajeto até a praça da Sé.
Outra concentração, marcada no Obelisco do Parque Ibirapuera, não tem mais de 500 confirmações, mas entusiastas do regime militar prometem mobilizações em todo o País — há pontos de mobilização indicados em quase todos os Estados, do Acre ao Rio Grande do Sul, mas sem indicação do número de pessoas dispostas a participar.
O repúdio ao comunismo é o que mais aproxima os diversos discursos dos atuais organizadores da marcha à mobilização de 1964, como mostra o texto da convocação de São Paulo.
— Amigos patriotas, vamos todos juntos comemorar esta data tão importante para o nosso país! 50 anos que o povo saiu as ruas pedindo democracia, justiça, liberdade e acima de tudo dizendo "não ao comunismo"!!!! Venha conosco nesta batalha. Nos ajude divulgando o evento e convidando todos os amigos do Facebook.
Militares
Boa parte dos textos de convocação carrega nas críticas contra o governo do PT, enquanto outros falam diretamente sobre intervenção das Forças Armadas. É o caso de mensagem divulgada por Cristina Peviani, que se apresenta como “desempregada atualmente, graças a nossas faculdades falidas”.
Ela diz que, depois de ler sobre o clima que levou à marcha de 1964, percebeu que hoje a situação é pior e, em mensagem publicada no “blog oficial da Marcha da Família com Deus”, diz que “dia 22 de março é o grande dia, o dia do despertar de nosso povo para sair nas ruas e clamar mais uma vez pela intervenção constitucional militar”.
O problema do discurso é que a Marcha da Família original não clamava por intervenção militar — grupos de oposição ao então presidente João Goulart se aproveitaram da mobilização para, 11 dias depois, dar o golpe com o auxílio dos militares. O próprio Jango, aliás, negociou com grupos militares antes do golpe, na tentativa de se reeleger — o que era proibido na época.
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