| 22 Março 2014
Mídia Sem Mascara
Convivemos
com uma corrupção consentida por parcela imensa da população, cujo
incondicional apoio é comprado com a versão popular do mensalão.
Durante
muitos anos, de boas lembranças para si, o PT dançou livre, leve e
solto nas verdejantes planícies da oposição. Tornou-se comum, nos
debates de então, que seus representantes emergissem sobranceiros de
qualquer comparação porque o petismo era um ideal não experimentado,
enquanto seus adversários haviam ralado as unhas nas escarpas e sujado
os pés no exercício do poder.
É sempre desigual o confronto em que o
ideal de um lado é apresentado em oposição à prática do outro lado.
Obviamente, o melhor discernimento é proporcionado quando se compara
ideal com ideal e prática com prática. Durante longos anos, no entanto, o
PT era apenas ideal em estado puro, com um apaixonado e combativo
séquito de seguidores.
Foram
estes seguidores que festejaram a chegada do PT ao Planalto como
definitiva Proclamação da Moralidade na terra de Macunaíma.
O país nunca
mais seria o mesmo!
Aquele ato merecia um Pedro Américo para
representá-lo sobre tela, dando forma e cor à emoção popular,
para admiração das gerações futuras. Dois anos mais tarde, o petismo
idealista fora para o saco e as comparações desabaram para o terreno da
prática. Era prática contra prática.
A
partir daí acenderam-se outras luzes e novas realidades no tabuleiro do
xadrez político. As estrelas que cobriam o território nacional com
adesivos e bandeiras, sumiram envergonhadas.
Os petistas remanescentes
já se contentavam com discutir quem tinha o passado mais constrangedor.
Como escrevi anteriormente, corruptos existem em todos os partidos.
No
entanto, na prática, o PT se revelou como o partido que defende
incondicionalmente seus corruptos, sem o menor constrangimento. E se
isso lhe parece pouco significativo, leitor, pondere os malefícios sobre
o caráter nacional.
É demolidor seu efeito quando se observa que para
dezenas de milhões de brasileiros a corrupção deixou de ter importância.
Convivemos com uma corrupção consentida por parcela imensa da
população, cujo incondicional apoio é comprado com a versão popular do
mensalão. Levado à prática, o petismo revelou-se um Midas bifronte,
infame, que corrompe tudo que toca.
Ouvi,
recentemente, que o Brasil não iria para os maus caminhos seguidos por
outros queridos parceiros do petismo no entorno sul-americano. Por quê?
perguntei. "Porque o Brasil é grande demais", respondeu meu
interlocutor.
Era um otimista.
A essas alturas asseguro-lhe, leitor: não
há o que o PT não possa piorar e não possa quebrar.
Veja a Petrobras. O
petismo na prática não apenas privatizou a empresa em nome próprio como
jogou seus papéis na sacola do lixo seletivo. E a Petrobras era grande
demais, era uma companhia gigantesca, respeitadíssima, que agora vê seu
nome nas manchetes e nas páginas policiais.
O
petismo na prática passou a apresentar todas essas denúncias que
saltitam qual pipoca na panela como coisa meritória. "Antes era muito
pior, mas não se podia investigar", dizem seus defensores, numa ligeira
sugestão, impessoal e marota, sem endereço nem remetente, que não tem
testemunha ou evidência a apresentar.
E o não dito fica como se dito
fosse. O que mais assusta é saber que já não podemos contar com as
instituições da República. Também elas estão contaminadas pelo Midas
bifronte que as colocou sob seu mando e manto.
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