16/03/2014
às 8:48 \ Opinião
VEJA
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
A presidente Dilma tem as melhores intenções, mas nem sempre dão certo. E já se sabe de quem é a culpa do que não dá certo: é da maldita realidade.
No começo do ano passado, em rede nacional de rádio e TV, Dilma anunciou a realização de seu sonho: redução da conta de luz em 18%, para pessoas físicas, e 32% para pessoas jurídicas.
Passou-se um ano e pouco e o Governo (não Dilma, nem em rede nacional de TV) anuncia que o sonho acabou.
O Tesouro terá de entregar R$ 21 bilhões às distribuidoras de eletricidade.
Como é do couro que sai a correia, prepare seu couro: você, caro leitor, vai pagar a conta de luz com um bom aumento.
E pagar ainda mais impostos para cobrir o buraco da energia.
Lamentavelmente, o mundo real se recusa a seguir as ordens da presidente, por mais que sejam dadas aos gritos.
O fato é que, para qualquer pessoa, a mudança de preços é decisiva para definir seu comportamento: se a luz está mais barata, por que ficar regulando micharia?
Luz acesa, que a conta baixou!
É o que ocorreu com os juros: Dilma decidiu que estavam altos e tinham de baixar (aliás, não estava sozinha: muitos empresários e economistas estavam de seu lado.
Mas havia um fator que Dilma não podia ignorar: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, concordava com ela.
Se Mantega estava a favor, alguma coisa devia estar errada).
Estava: os juros que a presidente mandara baixar na marra já voltaram às alturas. E ajudaram a manter a inflação acima do esperado.
Choque de gestão? Sim: para Dilma, para nós, foi um choque de alta tensão.
Na trilha da propina
Ninguém imaginaria que empresas envolvidas em pagamento de propina e formação de cartel num Estado se comportem como modelos de correção em concorrências fora do Estado.
O Cade, do Governo Federal, aponta indícios de fraude dessas empresas em estatais federais, CBTU e Trensurb. Se as concorrências não foram combinadas, então há coincidências notáveis.
Ou seja, não há ingênuos no Estado nem na União, nem partidos por definição livres de propina.
Investigar tudo
É preciso investigar as estatais federais. Mas sem esquecer as fraudes apontadas em São Paulo, iniciadas no Governo Mário Covas, PSDB, e mantidas nos Governos tucanos que se seguiram.
E não é caso de investigar apenas o segundo escalão, com a solitária exceção de Robson Marinho, que foi chefe da Casa Civil de Covas e teve a má sorte de ser alvo da Promotoria suíça: é preciso olhar o Governo inteiro, pesquisando cada secretário que tenha contribuído, por ação ou omissão, para efetivar contratos sob suspeita.
Não se pode permitir que o escândalo federal encubra o estadual, e mais tarde seja encoberto por outro escândalo.
Desculpas: Afif tem razão
Esta coluna citou, entre os ministros que deixaram Brasília nas asas da FAB nas vésperas do Carnaval, o ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif.
Mas o ministro apenas manteve sua rotina de trabalho: todas as sextas atende em seu gabinete paulistano, haja ou não Carnaval. Diante do erro cometido por este colunista, Afif enviou o seguinte bilhete:
“Sobre a nota do uso do jato da FAB na véspera do carnaval, sob o título Quem te viu, quem te vê, seguem alguns esclarecimentos: retornei a São Paulo na quinta, dia 27, em voo compartilhado com a ministra da Cultura, Marta Suplicy, às 17h45. Na sexta cumpri agenda no escritório da Presidência em São Paulo, inclusive com entrevistas à revista Época e ao jornal Brasil Econômico, seguidas de reunião com equipe interna da Secretaria da Micro e Pequena Empresa.”
Tucanos contra gordos
O primeiro-ministro Winston Churchill, que comandou a Inglaterra na vitória da Segunda Guerra Mundial, era gordo.
O ministro Delfim Netto, que levou o Brasil às maiores taxas de crescimento da História, é gordo. O general Ariel Sharon, fundamental na vitória de Israel na Guerra do Yom Kippur, era gordo.
O professor Henry Kissinger, Prêmio Nobel da Paz, ex-secretário de Estado americano, disputado pelas melhores universidades do mundo, é gordo.
Mas ser gordo, em São Paulo, é defeito que impede a nomeação de professores aprovados em concurso. A socióloga Bruna Giordjiani de Arruda foi impedida de assumir o emprego de professora.
Segundo a explicação, tem “obesidade mórbida, do ponto de vista legal”. Não é apta ao cargo público estadual.
Enfim, teme-se que, com obesidade mórbida, a professora esteja mais sujeita a doenças, que vão gerar despesas de tratamento e provocarão faltas. Melhor deixar os alunos sem aulas.
Só ela? E os outros?
E fumantes, podem ser aceitos pelos cruzados da saúde? Pessoas com histórico de parentes cardíacos também serão atingidas pelo veto?
Que tal um exame genético minucioso para garantir a eugenia do funcionalismo?
Deve haver mil explicações cheias de termos científicos só compreensíveis para iniciados, mas a verdade é que estão discriminando pessoas competentes por não se adequarem à verdade oficial sobre o que é ou não saudável e bonito.
O ex-secretário da Saúde, Gonzalo Vecina, de ótimo desempenho, seria vetado? O governador Geraldo Alckmin, quando quiser ser entrevistado, rejeitará o programa do Jô Soares?
A presidente Dilma tem as melhores intenções, mas nem sempre dão certo. E já se sabe de quem é a culpa do que não dá certo: é da maldita realidade.
No começo do ano passado, em rede nacional de rádio e TV, Dilma anunciou a realização de seu sonho: redução da conta de luz em 18%, para pessoas físicas, e 32% para pessoas jurídicas.
Passou-se um ano e pouco e o Governo (não Dilma, nem em rede nacional de TV) anuncia que o sonho acabou.
O Tesouro terá de entregar R$ 21 bilhões às distribuidoras de eletricidade.
Como é do couro que sai a correia, prepare seu couro: você, caro leitor, vai pagar a conta de luz com um bom aumento.
E pagar ainda mais impostos para cobrir o buraco da energia.
Lamentavelmente, o mundo real se recusa a seguir as ordens da presidente, por mais que sejam dadas aos gritos.
O fato é que, para qualquer pessoa, a mudança de preços é decisiva para definir seu comportamento: se a luz está mais barata, por que ficar regulando micharia?
Luz acesa, que a conta baixou!
É o que ocorreu com os juros: Dilma decidiu que estavam altos e tinham de baixar (aliás, não estava sozinha: muitos empresários e economistas estavam de seu lado.
Mas havia um fator que Dilma não podia ignorar: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, concordava com ela.
Se Mantega estava a favor, alguma coisa devia estar errada).
Estava: os juros que a presidente mandara baixar na marra já voltaram às alturas. E ajudaram a manter a inflação acima do esperado.
Choque de gestão? Sim: para Dilma, para nós, foi um choque de alta tensão.
Na trilha da propina
Ninguém imaginaria que empresas envolvidas em pagamento de propina e formação de cartel num Estado se comportem como modelos de correção em concorrências fora do Estado.
O Cade, do Governo Federal, aponta indícios de fraude dessas empresas em estatais federais, CBTU e Trensurb. Se as concorrências não foram combinadas, então há coincidências notáveis.
Ou seja, não há ingênuos no Estado nem na União, nem partidos por definição livres de propina.
Investigar tudo
É preciso investigar as estatais federais. Mas sem esquecer as fraudes apontadas em São Paulo, iniciadas no Governo Mário Covas, PSDB, e mantidas nos Governos tucanos que se seguiram.
E não é caso de investigar apenas o segundo escalão, com a solitária exceção de Robson Marinho, que foi chefe da Casa Civil de Covas e teve a má sorte de ser alvo da Promotoria suíça: é preciso olhar o Governo inteiro, pesquisando cada secretário que tenha contribuído, por ação ou omissão, para efetivar contratos sob suspeita.
Não se pode permitir que o escândalo federal encubra o estadual, e mais tarde seja encoberto por outro escândalo.
Desculpas: Afif tem razão
Esta coluna citou, entre os ministros que deixaram Brasília nas asas da FAB nas vésperas do Carnaval, o ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif.
Mas o ministro apenas manteve sua rotina de trabalho: todas as sextas atende em seu gabinete paulistano, haja ou não Carnaval. Diante do erro cometido por este colunista, Afif enviou o seguinte bilhete:
“Sobre a nota do uso do jato da FAB na véspera do carnaval, sob o título Quem te viu, quem te vê, seguem alguns esclarecimentos: retornei a São Paulo na quinta, dia 27, em voo compartilhado com a ministra da Cultura, Marta Suplicy, às 17h45. Na sexta cumpri agenda no escritório da Presidência em São Paulo, inclusive com entrevistas à revista Época e ao jornal Brasil Econômico, seguidas de reunião com equipe interna da Secretaria da Micro e Pequena Empresa.”
Tucanos contra gordos
O primeiro-ministro Winston Churchill, que comandou a Inglaterra na vitória da Segunda Guerra Mundial, era gordo.
O ministro Delfim Netto, que levou o Brasil às maiores taxas de crescimento da História, é gordo. O general Ariel Sharon, fundamental na vitória de Israel na Guerra do Yom Kippur, era gordo.
O professor Henry Kissinger, Prêmio Nobel da Paz, ex-secretário de Estado americano, disputado pelas melhores universidades do mundo, é gordo.
Mas ser gordo, em São Paulo, é defeito que impede a nomeação de professores aprovados em concurso. A socióloga Bruna Giordjiani de Arruda foi impedida de assumir o emprego de professora.
Segundo a explicação, tem “obesidade mórbida, do ponto de vista legal”. Não é apta ao cargo público estadual.
Enfim, teme-se que, com obesidade mórbida, a professora esteja mais sujeita a doenças, que vão gerar despesas de tratamento e provocarão faltas. Melhor deixar os alunos sem aulas.
Só ela? E os outros?
E fumantes, podem ser aceitos pelos cruzados da saúde? Pessoas com histórico de parentes cardíacos também serão atingidas pelo veto?
Que tal um exame genético minucioso para garantir a eugenia do funcionalismo?
Deve haver mil explicações cheias de termos científicos só compreensíveis para iniciados, mas a verdade é que estão discriminando pessoas competentes por não se adequarem à verdade oficial sobre o que é ou não saudável e bonito.
O ex-secretário da Saúde, Gonzalo Vecina, de ótimo desempenho, seria vetado? O governador Geraldo Alckmin, quando quiser ser entrevistado, rejeitará o programa do Jô Soares?
1.Comentário
Quando adolescente eu fui gorda.Não goooooorda , gorda mórbida, dessas que já não conseguem sair da cama ou que quando sentam nas poltronas não conseguem mais levantar sem ajuda especializada.Mas, digamos, bem gordinha.
Fui dessas que usam calça jeans numero 50 mas que ainda encontram calça jeans para comprar nas lojas tradicionais. Não cheguei a ser obrigada a comprar roupas em lojas especiais, dessas que só vendem artigos numero grande, do 48 ao 60 mas faltou pouco.
As gozações que eu ouvia na rua foram das mais ferinas.Sobreudo dos meninos da minha vida.Provavelmente eu significava uma agressão à imagem ideal que ele formavam da figura feminina:
"Vejam a baleia encalhada"; "olha a tampa de poço"; "com tantas meninas bonitinhas por aí como deixam essa deformidade sair na rua?", " Vai quebrar a calçada, calamidade publica!".
Depois falam de preconceito contra negros.
Os negros pelo menos tem uma legislação que obriga as pessoas a respeita-los.
Os gordos não.O máximo que os gordos conseguem em termos de misericórdia humana é um olhar de pena que não disfarça o desprezo mal velado que os humanos "normais" sentem por aquela abominável aparência física.
Quem é ou já foi muito gordo (a) que o diga.
Anonimo
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