domingo, 16 de março de 2014

Programa "Braços Abertos" de Haddad vira programa "Mãos ao Alto".

Usuários voltam às ruas e são reprimidos na Cracolândia

Quase 40% dos usuários de crack cadastrados desistiram de frequentar o programa Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo. São 158 das 400 vagas iniciais. Agora, após dois meses, a prefeitura abriu mais 65 vagas, totalizando 465. Isso ocorreu porque foram integrados ao programa 79 consumidores que frequentam quase diariamente a cracolândia, mas não moram na região.

Na tarde de ontem, a presença de 70 homens da GCM (Guarda Civil Metropolitana) na cracolândia causou tensão entre os usuários de crack e moradores. O número de guardas que fazem a ronda diariamente na região costuma ser entre 30 e 50.

O clima tenso levou a unidade de apoio a usuários do programa Recomeço, do governo estadual, a fechar as portas e dispensar funcionários às 15h. O fim do expediente é às 18h. Os agentes do programa disseram que não havia condições de permanecer no local por falta de segurança. A tensão aumentou quando um ônibus da GCM parou na esquina das ruas Dino Bueno e Helvécia.

Os guardas fizeram um cordão diante do veículo para abrir caminho na rua tomada por viciados, que, resistiram a deixar o local e chegaram a atirar frutas contra os agentes. "Se vocês tratarem a gente bem, a gente vai tratar vocês com o máximo de urbanidade", disse um dos guardas, que tentava negociar a passagem do ônibus pela rua. Segundo ele, a ideia era remover os usuários para uma praça para limpar o local.

"Se é pra varrer a rua, deixa que a gente varre", disse Thiago, representante dos dependentes químicos na negociação. "Não dá pra confiar neles. Querem tirar a gente daqui e vai saber o que eu vou encontrar do outro lado."

BARES
Mais cedo, uma equipe da prefeitura lacrou e emparedou três bares na rua Dino Bueno, que, segundo a administração municipal, não tinham licença para funcionar. De acordo com o prefeito Fernando Haddad (PT), a ação foi recomendada pela PM. Hotéis também estavam na lista da polícia, mas a prefeitura argumentou que eles seriam aproveitados como alojamento do que fechados. "Julgamos que o fechamento [dos bares] iria contribuir com o combate às drogas", disse Haddad.

(Folha de São Paulo)

Nenhum comentário: