Usuários voltam às ruas e são reprimidos na Cracolândia
Quase 40% dos usuários de crack
cadastrados desistiram de frequentar o programa Braços Abertos, da
Prefeitura de São Paulo. São 158 das 400 vagas iniciais. Agora,
após dois meses, a prefeitura abriu mais 65 vagas, totalizando 465.
Isso ocorreu porque foram integrados ao programa 79 consumidores que
frequentam quase diariamente a cracolândia, mas não moram na região.
Na tarde de ontem, a presença de 70
homens da GCM (Guarda Civil Metropolitana) na cracolândia causou tensão
entre os usuários de crack e moradores. O número de guardas que fazem a
ronda diariamente na região costuma ser entre 30 e 50.
O clima tenso levou a unidade de
apoio a usuários do programa Recomeço, do governo estadual, a fechar as
portas e dispensar funcionários às 15h. O fim do expediente é às 18h. Os agentes do programa disseram que não havia condições de permanecer no local por falta de segurança. A tensão aumentou quando um ônibus da GCM parou na esquina das ruas Dino Bueno e Helvécia.
Os guardas fizeram um cordão diante
do veículo para abrir caminho na rua tomada por viciados, que,
resistiram a deixar o local e chegaram a atirar frutas contra os
agentes. "Se vocês tratarem a
gente bem, a gente vai tratar vocês com o máximo de urbanidade", disse
um dos guardas, que tentava negociar a passagem do ônibus pela rua. Segundo ele, a ideia era remover os usuários para uma praça para limpar o local.
"Se é pra varrer a rua, deixa que a
gente varre", disse Thiago, representante dos dependentes químicos na
negociação. "Não dá pra confiar neles. Querem tirar a gente daqui e vai
saber o que eu vou encontrar do outro lado."
BARES
Mais cedo, uma equipe da prefeitura
lacrou e emparedou três bares na rua Dino Bueno, que, segundo a
administração municipal, não tinham licença para funcionar. De acordo com o prefeito Fernando Haddad (PT), a ação foi recomendada pela PM. Hotéis
também estavam na lista da polícia, mas a prefeitura argumentou que
eles seriam aproveitados como alojamento do que fechados. "Julgamos que o fechamento [dos bares] iria contribuir com o combate às drogas", disse Haddad.
(Folha de São Paulo)
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