A modernidade é uma ideia velha e o feminismo é só mais um sintoma de um problema sistêmico: a mentalidade moderna
O feminismo
é só mais um sintoma de um problema sistêmico: a mentalidade moderna.
Mas o que é isso? É a noção de que a felicidade nasceu no mundo com a
Tomada da Bastilha. Pode parecer exagero – picardia, galhofa, zoação ou
trollagem – mas Saint-Just disse exatamente isso em 1793: “a felicidade é
uma ideia nova na Europa”. Ele discursava na tribuna da Convenção
revolucionária, e seu discurso foi considerado pela historiografia como o
que levou o rei Luís XVI – aquela bichona
emperucada – para a guilhotina.
Curiosamente, o homem que declarava o
“nascimento da felicidade” teria sua bela e jovial cabeça separada do
corpo na mesma guilhotina, no ano seguinte, junto com outros amantes da
revolução. Ironia que Saint-Just tenha morrido pela mesma fúria
revolucionária que ele alimentou, e da qual era um dos mais temidos (e
ingênuos) representantes.
A modernidade,
desde então, vem sofrido da síndrome de Saint-Just: sonhamos em
reformular a realidade pela política, e nos fodemos com isso. Cada
problema que temos, é produzido pela tentativa de corrigi-lo a despeito
da natureza – que revela uma mentalidade gnóstica. Para o revolucionário, a política trará a redenção do gênero humano, que é oprimido por Deus, pela Natureza, e pelo Destino.
Saint-Just era amante espiritual de Rousseau,
e um entusiasta da civilização pagã greco-romana. Nasce então a
mentalidade revolucionária, que é o elemento cultural predominante na
modernidade.
Essa mentalidade é herdada diretamente pelos socialistas utópicos, e depois por Marx,
e o resto já sabemos: 100 milhões de mortos no século XX, ditaduras,
bizarrices, campos de concentração, terrorismo, fome, mentiras, e ódio.
Para a mentalidade revolucionária, o importante é “transformar”,
mesmo que pra isso tenha que se “quebrar alguns ovos”. A novidade é boa
em si mesma, enquanto o antigo é mau em si mesmo.
E de todas as ideias
antigas e maléficas, Deus é a mais antiga, e consequentemente a mais
maléfica. Deus representa não apenas a velharia, mas de tudo quanto é
velho, o mais velho.
Deus, o ancião dos dias, precisa ser destronado
pelo novo Prometeu.
Se a felicidade é uma ideia nova, me parece que a modernidade já é uma
ideia velha. Proudhon, um socialista utópico antes de Marx, se imaginava
este novo Prometeu.
Marx também exalta Prometeu, símbolo do
proletariado, como o verdadeiro santo e mártir, que não foi supliciado
em obediência a Zeus – como foi Jesus em obediência a seu Pai – mas em desobediência ao velho deus, e em favor dos homens.
Por isso que para Dawkins,
Deus é o personagem mais desagradável de toda a ficção: “ciumento e
orgulhoso disso; um maníaco por controle, miserável e injusto; um
abusador vingativo, eugenista sedento por sangue, misógino, homofóbico,
racista, infanticida, genocida, filicida, pestilento, megalomaníaco,
sadomasoquista e caprichosamente malévolo.”
Ou seja, Deus é o arquétipo do machista falocêntrico de direita que estupra as pessoas.
Dentre as coisas velhas e ultrapassadas que a mentalidade
revolucionária quer destruir, está a família – fonte geradora de
cidadãos conscientes e livres – e é aí que entra o feminismo. Para
derrubar a família, não adianta atacar a propriedade privada, porque até
escravos na senzala, totalmente despossuídos, amam e fazem filhos.
Descobriu-se que para detonar a família é preciso atacar sua base: a
mulher, a geradora da vida.
Transformar a geradora da vida numa criatura
fútil, narcisista, egocêntrica, e histérica é a finalidade do
feminismo. Torná-la uma criatura insaciável no campo sexual e afetivo,
não apenas pelo desejo infinito, mas pela incapacidade de realizá-lo. O
feminismo não é o ódio ao homem, é o ódio, antes de tudo, à mulher.
Mas atenção: o feminismo não nasceu revolucionário! O feminismo
nasceu do pensamento liberal, e lá atrás, antes da década de 60, o
feminismo era um movimento de mulheres que não estavam revoltadas com
sua condição de mulheres, mas desejavam direitos jurídicos.
Pois bem,
conquistados estes direitos, o feminismo acabou, coisa que a própria
Simone de Beauvoir
afirmou no seu livro “o segundo sexo”.
Mas tão logo as antigas
feministas voltaram às suas vidas normais, começou naquele momento um
novo movimento, conhecido como a “segunda onda” do feminismo. Foi
exatamente quando iniciou no Ocidente a Revolução Sexual da década de
60. Mas que “coincidência” não?
Coincidência nenhuma, essa revolução sexual foi pensada e produzida
por “intelectuais” que traziam a herança do velho Marx e sua mentalidade
revolucionária. Os jovens desse período, universitários ligados a essa
corrente de pensamento, buscaram como resposta para o vazio de suas
vidas a “solução” das drogas e do sexo livre.
A ideia era “desconstruir”
a moral, porque é a moral que garante a manutenção da família e da
ordem. Desde então, odeia-se a moral com força de um fanatismo
jihadista.
O que vimos foi um tsunami cultural: do movimento hippie,
à Valesca Popozuda. Quais foram os espólios? Disso saíram 3 epidemias: a
AIDS, as drogas, e o aumento da violência. E qual a solução? Mais
esquerdismo. É a síndrome de Saint-Just.
O feminismo sofre desse delírio moderno. A feminista acha que pode
reformular a natureza humana, a ponto de criar uma sociedade em que você
pode sexualizar o comportamento a níveis estratosféricos, sem ter com
isso nenhuma consequência real. E para resolver o problema do estupro,
como faz?
Com mais delírio esquerdista. A ideia de “ensinar o homem a
não estuprar” é um exemplo de como funciona a mentalidade fantasiosa
dessa gente. O que há por trás disso? A noção de que todo homem é um
estuprador, e precisa ser domesticado.
Se é preciso ensinar o homem a
“não fazer” algo, supõe-se que este algo participa da própria natureza
do homem. Mas nós sabemos que o homem não é, pela sua natureza, um
estuprador, mas que o estupro é consequência de uma grau de sociopatia.
Acontece que é impossível “ensinar” a um sociopata a sentir empatia
pelas suas vítimas. As feministas esquecem que o estuprador é um homem
que carece de senso moral, e por causa disso ele está impossibilitado de
sentir compaixão
por qualquer pessoa que não seja ele mesmo. Isso não reduz a culpa
dele, mas nós sabemos que ele não pode “perceber” o sofrimento que ele
causa. O estupro pra ele é uma diversão.
Ora, mas se lutamos tanto para destruir o senso moral da sociedade,
como é possível imaginar que isso não iria produzir sociopatas em massa?
Como é possível esperar compaixão se estamos, o tempo todo, condenando e
anulando todo senso moral?
Será que é preciso ser um gênio para
entender que sofremos a consequência de nossas teorias geniais para
corrigir a natureza? A cada problema que resolvemos, criamos outro com a
“solução” anterior. E depois seremos punidos pelo tribunal inquisitório
da santíssima revolução.
O apelo à culpa masculina
que se prega diariamente nessas redes sociais conseguirá duas coisas:
produzir mais estupradores, e colocar no homem comum tanta culpa que ele
não poderá mais se relacionar com a mulher. O homem civilizado de
amanhã vai sentir culpa no ato mesmo da penetração.
Ora, quando o homem
for capaz de sentir vergonha pelo instinto mais básico de sua natureza,
ele será ainda mais capaz de ignorar qualquer apelo emocional de sua
vítima. Logo, produzir-se-á mais e mais sociopatas. É nosso admirável
mundo novo, seja bem-vindo.
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