sábado, 5 de abril de 2014

Depressão: um mal verdadeiro




Doença deve ser encarada como um problema real e que precisa ser tratado de forma séria
 
Sentir-se triste por algum motivo é natural, o problema é quando esse sentimento vira uma doença grave e, assim como qualquer outra, precisa de tratamento adequado. É assim que especialistas definem a depressão, uma patologia que cresce a cada dia e que merece atenção aos sintomas.

Segundo o psiquiatra Raphael Boechat, professor da Universidade de Brasília (UnB), a falta de informação sobre a depressão é grande. Por isso, muitas pessoas ainda não encaram o problema como uma doença séria. “Por falta de conhecimento, muita gente acredita que é frescura. 

Esse preconceito atrasa o diagnóstico, o tratamento e a recuperação”, alerta Raphael, ressaltando ainda a importância de incentivar campanhas que ajudem a divulgar a patologia.

Conforme o psiquiatra, não há dúvidas de que a depressão causa alterações químicas e físicas/estruturais. Segundo ele, áreas do cérebro diminuem quando existe a doença, o que causa alterações no metabolismo. 

“Não é uma doença de rico ou pobre, é uma alteração comprovada no organismo. O que acontece é que famílias mais humildes não conseguem tratamento e nem diagnóstico”, lamenta.

Medicação

Raphael acrescenta que o acompanhamento psicológico aliado ao uso de medicamentos prescritos pelo médico é o mais eficaz. Além disso, existem técnicas que estimulam o cérebro, intensificando o processo. “Mesmo com todas as possibilidades de tratamento, é difícil para um médico falar em cura total. Isso porque a depressão é uma doença sem causa específica, ou seja, é um somatório de coisas. Porém, é possível um resultado que se assemelha à cura, sem o desconforto dos sintomas”, declara.

Em média, um ou dois anos de tratamento são suficientes, desde que seja seguido da maneira correta. “O problema é quando o paciente começa a melhorar e abandona o acompanhamento médico, pois acha que está curado. Por isso o índice de pessoas que caem em depressão de novo é grande. É fundamental manter o tratamento”, alerta. 

De acordo com o psiquiatra, após esse período o paciente volta a ter uma vida normal e feliz. “A pessoa resgata a vontade de viver e praticar atividades prazerosas. Mesmo sendo uma doença que tem o fator genético envolvido, é possível vencer a tristeza e seguir rotina comum”, assegura Raphael. Ele lembra que a depressão também pode levar a doenças cardiovasculares, cânceres e até infecções, devido à imunidade baixa do paciente. Além disso, os elevados números de suicídio estão relacionados a essa patologia. 

“A depressão pode até ser comparada à febre, pois funciona como um alerta de que alguma coisa não está funcionando. É uma reação do corpo, um gatilho para uma vida melhor e deve ser encarada como uma nova possibilidade de ser feliz”, conclui.

Sintomas

Alterações relacionadas ao humor e à concentração que parecem ser permanentes. A pessoa depressiva costuma passar muito tempo triste e sem vontade de fazer atividades que antes lhe davam prazer.

Mudança brusca na alimentação, seja pelo aumento ou diminuição do apetite. Da mesma maneira, o sono também sofre alterações, com o aparecimento da insônia ou vontade de dormir o dia inteiro.

Dores físicas intensas, principalmente, na cabeça, músculos e articulações, além de alteração na função sexual, como a perda de libido.

Pensamentos negativos e sensação de culpa por tudo. Além disso, cobrança excessiva de si próprio e ideias suicidas.

Tratamento correto é a saída

 Para a dermatologista Marta Regina Rossignolli, que recuperou a alegria de viver após uma depressão, o tratamento é fundamental, mas o paciente precisa aceitar a doença. "Fui diagnosticada e medicada quando minha irmã me levou ao psiquiatra. O começo do tratamento não é nada fácil, pois existe um período de adaptação aos remédios. Também fazia terapia várias vezes na semana, mas depois as sessões foram reduzidas", conta Marta. 

 Para ela, a depressão é como um vício qualquer, que precisa ser combatido para não dominar a rotina do paciente. "A tristeza é tão grande que a gente se perde dentro dela, nada mais faz sentido. E, dessa forma, vamos alimentando esse sentimento. No meu caso, acredito que a doença começou por causa de um casamento infeliz. Hoje, sou uma mulher em busca do tempo perdido, sou feliz, leve e longe de qualquer medo ou tristeza. Recuperei minha família, meu trabalho e até um namorado novo", comemora.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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