Invasões de sem-teto emperraram a entrega de 1.427 moradias a famílias de baixa renda de São Paulo pelo programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida.
As unidades foram invadidas em 2013, a dois meses de serem entregues, e destruídas quando os invasores foram retirados pela polícia.
Após serem depredadas e incendiadas, as habitações estão sendo reformadas e não há previsão de quando irão para seus verdadeiros donos. Ao todo, 1.858 unidades de oito condomínios foram invadidas na zona leste da capital em julho do ano passado e as chaves de apenas 431 delas foram entregues aos donos. A Polícia Federal e o Ministério Público investigam a suspeita de formação de quadrilha na ação.
Na época das invasões, as unidades estavam prontas. Faltavam apenas ligações de água e esgoto para que pudessem ser habitadas pelas famílias que esperam há anos por uma moradia ou vivem em áreas de risco.
Uma delas é a do mecânico Thiago do Nascimento Silva, 24. Ele mora de aluguel em dois cômodos com a filha de 3 anos e a mulher no Jardim Pantanal (zona leste).
"Até hoje espero minha casa e quase não tenho mais esperança. Perdi meu carro na última enchente e tenho medo de a minha filha ficar doente", afirmou Silva.
O conjunto Caraguatatuba, onde Silva e vizinhos dele já deveriam estar morando desde setembro de 2013, tem 940 apartamentos e foi um dos mais destruídos durante uma reintegração de posse em fevereiro deste ano.
As obras do local começaram em 2010, com previsão de entrega para maio, mas "por questões de infraestrutura houve um atraso de cinco meses", segundo a Caixa Econômica Federal, responsável pelos imóveis.
DESTRUIÇÃO
"Vai demorar mais para reformar do que para construir. Teremos de quebrar paredes para refazer fiações, trocar pisos. Vai dar um trabalhão", disse um engenheiro da obra, que pediu anonimato.
A Caixa Econômica Federal disse que ainda não há estimativa de quanto vai gastar com as reformas dos apartamentos destruídos.
Desde o início do programa, o Minha Casa, Minha Vida, a Caixa entregou 28.962 moradias na capital e está construindo outras 34.813.
Cada unidade para famílias com renda mensal de até R$ 1.600, como o Caraguatatuba, custa até R$ 76 mil.
Caso semelhante aconteceu no condomínio Vitotoma, da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), em São Mateus, também na zona leste. Ele foi invadido por 57 famílias em julho de 2013, um mês antes de ser entregue, e também foi destruído durante despejo.
A prefeitura calcula que gastará R$ 700 mil para reformar os 40 apartamentos.
Devido às reformas, ainda não foi definida uma nova data para entregar as moradias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário