segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Guerra Política 2014 – E a tal “superação da política”?

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Hoje vou comentar os programas de TV de Aécio e Marina em 23/08.  Para começar, vejamos o programa de Aécio:


Hm, é duro falar, pois vou votar neste moço no primeiro turno. Mas o programa foi bem fraco. Não há contundência, não há polarização, falta conflito, etc.


Por exemplo, quando ele falou com aquela senhora sobre o Bolsa Família, falou em continuidade do programa. Show de horror, pois ele ficou se defendendo da acusação de que “encerraria o Bolsa Família”. Na verdade, deveria mostrar que a origem do Bolsa Família estava no PSDB e que o tal Lula deu uma declaração criticando este tipo de programa. Quando percebeu o sucesso do que fez FHC, deu sequência no programa, mas sempre usando como ferramenta de terrorismo eleitoral. Ele deveria dizer que “o Bolsa Família é tão bom que Lula continuou o que FHC começou”.

Ele deveria também atacar o PT por usurpar os méritos dos outros. Muito melhor do que ficar na defensiva. Ora, se ele apenas “vai continuar o que o PT já fez”, qual o motivo para votar nele? Os marqueteiros do PSDB merecem um puxão de orelha por essa.

Outra dica: jamais cruze os braços enquanto estiver se comunicando com o povo. Veja só entre os 0:42 e 0:51. Por favor, não faça isso!

Aos 4:00 surge algo interessante, que deve ser explorado mais nestas eleições: buscar um governo com as melhores pessoas, sem distinção de partido. Esse é um frame bom, relacionado à “superação de política”, que funciona bem em uma época onde o PT banalizou a política ao fazer alianças com gente como Paulo Maluf e Fernando Collor. No momento em que um partido ficou rotulado (com facilidade, diga-se) por distribuir cargos em troca de poder, vender-se como alguém a superar este estilo de política é um ponto positivo.

No geral, um programa fraco, com alguns poucos bons instantes como esse onde ele falou de governar para todos, menos para o partido. Lembrando: o frame é bom neste momento pela forma suja que o PT tem encarado a política.





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Agora veja o programa de Marina:
Quase todo o programa é feito na ideia de “superação de política”. Observe o que ela diz:
Nós podemos reunir as melhores pessoas, com capacidade para executar esse plano. Porque nós não temos que dar Ministério em troca de tempo de televisão. Não vamos nos submeter à chantagem política de ninguém. Os grupos que estão há 20 anos no poder não conseguem mais dialogar. Eles estão dividindo os brasileiros numa guerra. Eles não se escutam e não conseguem mais escutar as pessoas. É preciso superar essa velha política que está atrasando o Brasil, prejudicando nosso desenvolvimento e colocando em risco as conquistas econômicas e sociais que devem ser mantidas e aperfeiçoadas. Nós vamos promover o diálogo. Tem gente boa em todos os partidos. E também nas empresas, nas universidades. Em toda parte tem gente honesta e competente que pode colaborar.
O que está sendo sub-comunicado aqui? Simplesmente que é preciso superar o “jeitão tradicional” de se fazer política em prol de troca de cargos e manutenção do partido no poder. Evidentemente foi um ataque à todo mundo, mas que respinga especialmente no PT, conhecido por negociar com o demônio.

Na avaliação geral do programa, Marina parece muito mais contundente na hora de polarizar as discussões e se mostrar como “o novo”. Lembra até a campanha do Obama. Já passou da hora dos marqueteiros de Aécio saírem da zona de conforto!
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Algumas pessoas criticam Marina por ela declarar “superar a política”, mas na verdade esse é apenas um frame poderoso para a guerra política. Quando alguém convence as pessoas de que “superou a política”, sub-comunica estar acima dos interesses mesquinhos em vigência.
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Um exemplo é claro para explicar. Imagine que um gerente esteja defendendo sua área corporativa, em embate argumentativo com outro defendendo a área dele. Daí chega um terceiro gerente dizendo: “Ei gente, temos que pensar na empresa!”. Quem consegue emplacar o frame mais positivo? 

Obviamente que é o terceiro gerente, por vender uma imagem de superação dos conflitos em prol de um bem comum. Quando alguém diz “superar a política’, faz a mesma coisa.


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A melhor coisa do frame de superação de política é que ele pode ser usado tanto por Aécio como por Marina, mas não pelo PT, até por estar no poder há 12 anos, tendo cravado a imagem de pessoas fazendo tudo em nome do partido, mesmo que precisem fazer as alianças mais espúrias.
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Já estou até imaginando o protesto: “Luciano, você entra em contradição, pois disse que ‘superação de política’ é picaretagem”. Sim, eu já escrevi isso, mas eu focava na discussão entre intelectuais orgânicos, onde todos conhecem os termos sob discussão. Em minha perspectiva de política, é impossível superá-la. Porém, os candidatos podem usar o frame “superação de política” no sentido de superar a política tradicional ou a política que considerem mais mesquinha. Havendo esta contextualização, o frame “superação de política” é um elemento recomendadíssimo.

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