“Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa.” (Schopenhauer)
Existem inúmeros argumentos sólidos contra a ideia de (mais) financiamento público de campanha, ou de uma nova Constituinte.
Mas todos eles são praticamente desnecessários diante de uma
constatação: o PT deseja ardentemente seguir por tal caminho, e seu
presidente, Rui Falcão, é uma das vozes mais estridentes a favor dessas
propostas. É líquido e certo: se Falcão defende algo, basta tomar o lado
oposto que estará do lado certo.
Já comentei aqui
a crescente estatização dos partidos, citando o caso específico de Zé
Maria, do PSTU, que somos obrigados a financiar. O financiamento público
foi também o tema de debate do editorial do GLOBO de hoje, tendo como convidado a fornecer o contraponto justamente Rui Falcão. O presidente do PT diz, entre outras coisas:
Com o
financiamento público será possível equilibrar o processo eleitoral e
criar um ambiente mais justo e democrático durante as eleições. Com ele,
os candidatos terão que abandonar as estratégias baseadas no poder de
compra pelo poder de convencimento dos eleitores. O PT e os movimentos
sociais estão em plena mobilização por um plebiscito popular para
aprovar uma Constituinte do sistema político e viabilizar a reforma
política. Sindicatos, comunidades e partidos estão promovendo
manifestações nas ruas e na internet para realizar o plebiscito na
Semana da Pátria, em setembro. Várias urnas serão espalhadas por todo o Brasil para a manifestação da sociedade.
A realização
de um plebiscito para a reforma política também é prevista no programa
de governo para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. A nossa
proposta é melhorar a representatividade política, aprimorar o sistema
eleitoral e tornar a política mais transparente, mudanças exigidas pela
sociedade brasileira.
PT e “movimentos sociais” mobilizados por
algo é sinônimo de uma só coisa: golpe à democracia e avanço aos nossos
bolsos. É tudo o que sabem fazer, desde sempre. Ironicamente, o PT é o
partido que mais recebe financiamento privado, inclusive de empreiteiras. É muita cara de pau mesmo. O que querem é estatizar ainda mais a política, e expandir o caixa dois.
Plebiscito, então, é tentativa de golpe! O
PT tirou da gaveta tal proposta quando as pessoas tomaram as ruas em
junho de 2013, mas já era um velho sonho do partido.
O editorial do GLOBO critica as bandeiras levantadas pelo PT também, ainda que de forma mais sutil:
O veredicto
conta com apoio aberto do PT e outras legendas, porque se trata de passo
largo em direção à proposta defendida por elas do financiamento público
integral de campanha. (Integral, porque parte já é bancada por dinheiro
público, destinado do fundo partidário ou pelo abatimento fiscal
realizado pelas emissoras do custo do programa eleitoral “gratuito”.)
O
resultado é que o contribuinte pagará duas vezes com seus impostos: pelo
fundo partidário e, se aprovado o financiamento público integral, ainda
algo mais. E não deverá ser pouco. Na outra ponta, a dos políticos,
continuará aberta a possibilidade do tráfego de “recursos não
contabilizados”.
Não há,
portanto, qualquer caráter moralizador na medida que veta o
financiamento legal de empresas, muito menos na estatização completa das
finanças da política. Ao contrário.
[...]
O PT há
tempos se bate por uma “Constituinte Exclusiva” para executar a reforma
política. Mais um equívoco, porque, como já alertaram juristas e mesmo
políticos, Constituinte só é convocada em rupturas institucionais — e
estamos longe de qualquer uma.
A nova panaceia vendida pelo PT é a tal
“reforma política”, com financiamento público de campanha e uma nova
Constituinte que “amplie” a participação popular – leia-se dos
militantes financiados pelo estado a soldo do próprio PT. É golpe sim. É
um engodo, um embuste. Todo cuidado é pouco, pois os lobos sempre
aparecem em pele de cordeiro falando em nome do povo, apenas para
devorá-lo em seguida.
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