Diante do cenário atual, empresários estão pessimistas e cautelosos
Lojistas esperam clientes que não vêm
Se uma palavra pudesse definir o sentimento dos empresários do comércio da Região Metropolitana do Recife seria “angústia”. Seja em corredores de shoppings ou nas ruas, eles asseguram que o setor está passando pelo pior ano da última década. A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) prevê que 2014 pode até fechar com desempenho negativo de até 11%.
A mistura indigesta de greves, Copa do Mundo, período eleitoral e o contexto macroeconômico – inflação e endividamento em alta, renda estagnada e queda na geração de empregos – está fazendo as vendas desabarem. O presidente da CDL do Recife, Eduardo Catão, estima que se o cenário não mudar, 2014 poderá fechar com os números atuais, com queda entre 10% e 11%. “Sem dúvida é o pior ano desta última década”, afirma Catão.
Presidente da representação estadual da Associação dos Lojistas de Shopping de Pernambuco (Aloshop PE), Ricardo Galdino confirma a análise de Catão. “Desde de 2013 já sentíamos uma baixa nas vendas, mas este ano, de fato, nos surpreendeu.” No Centro do Recife, as impressões dos micro e pequenos empresários é a mesma.
A Casa Souza Guedes, especializada em matérias-primas para perfumaria, foi fundada em 1948. O proprietário, Fernando Guedes, analisa que a empresa não passava por um momento como esse desde a transição do Cruzeiro Real para o Real, no início dos anos 90, quando precisou de empréstimos bancários para manter o negócio.
“O cliente tem que ter dinheiro para vir até você. Se não tem dinheiro, não tem o que fazer. Se tem dinheiro e não consegue vir, não tem venda do mesmo jeito”, relata o empresário, referindo-se ao endividamento e questões de mobilidade. Gerente da Souza Bolsas, Leandro Silva também confirma o cenário. “Além de todos os problemas, essas greves atrapalham demais. Faltam clientes e faltam funcionários. E a Copa não foi nada do que esperávamos”, reclama.
EXPECTATIVA - Para os empresários, 2015 não será um ano de recuperação. Ao contrário, será de aperto, com a “ressaca” de 2014. “Talvez em 2016 as coisas melhorem”, pondera Guedes. Uma previsão compartilhada por Galdino e Catão, que aconselham muita prudência por parte dos gestores, especialmente porque em setembro começam as compras para o Natal. “Não pode deixar de comprar, mas é preciso se planejar bem para não sobrar muita mercadoria para 2015”, orienta Catão.
“É preciso utilizar todos os canais para chamar o cliente e ser ágil nas decisões”, acrescenta Galdino.
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