No mundo dos debates, a falácia tu quoque é usada quando alguém não possui um argumento para defender o que fez (ou defende) e então sentencia algo do tipo: “você também fez”. O duro é quando o álibi do argumentador não praticou os atos de que é acusado. Exatamente por isso, Dilma conseguiu de novo superar o limite da afronta tradicional ao tentar justificar a corrupção na Petrobrás dizendo que isso tem em todo lugar, em todos os partidos, em todas as empresas.
Veja a palhaçada:
Em todos os partidos, tem gente corrupta e gente que não é corrupta. Tem partidos que tem compromissos históricos. O meu partido, o PT, tem uma história de luta, de militâncias. O PMDB é um partido que lutou pela redemocratização. Eu sou da época em que ia-se para a cadeia.Ela realmente está se fazendo de sonsa. Para começar, ela não mostrou que em todos os partidos tem gente corrupta. Ela não conhece todos os partidos. Mas ela poderia provar o que fala, caso contrário é mais um discurso leviano tentando “validar a corrupção por que todos fazem”, o que é flagrantemente falso. Primeiro, por que é falacioso. Segundo, por que mesmo que alguns partidos tenham políticos corruptos, isso ainda não explica a dimensão da corrupção alcançada pelo PT.
A lógica dela é a mesma utilizada por diversos socialistas para justificar genocídios (apoiados por eles), dizendo: “ah, mas pessoas também morrem no capitalismo…”. Mas 100 milhões de pessoas assassinadas pelo seu próprio governo, como fizeram os socialistas? Ela sabe que depende deste tipo de ausência de senso de proporções para enrolar a platéia.
Em tempo: as frases soltas de Dilma chegam a ser constrangedoras: “partidos que tem compromissos históricos”, “PMDB lutou pela redemocratização”, “PT tem história de luta e militâncias”. No que isso prova inocência em casos de corrupção? Se a moda pega, o próximo bandido preso por assalto pode começar a dizer que “tem histórico de vencer campeonatos de botão” ou que “vai nos jogos do Flamengo” e daí por diante. Patético.
Mas ela se supera aqui:
Há corrupção em todas as empresas públicas ou privadas. A Petrobras tem órgãos internos e externos de controle. Mas quem descobriu foi a Polícia Federal. Se eu tivesse sabido qualquer coisa sobre o Paulo Roberto, ele seria demitido e investigado. Eu tirei o Paulo Roberto com 1 ano e 4 meses de governo. Eu não sabia o que ele estava fazendo. Eu tirei, porque não tinha afinidade nenhuma com ele.Essa tal “gerenta” quer realmente fazer o público de trouxa! E prova que de gestão ela não conhece do riscado. Alias, nunca acreditei no mito de que Dilma seria uma “gerentona”. Na verdade, eu procurei por seu currículo exibindo geração de resultados em empresas e não encontrei absolutamente nada. Quer dizer, comprovação de experiência gerencial de verdade ela não demonstrou ter.
Agora ela nos comprova não saber absolutamente nada de como funcionam as empresas sérias. Na ótica dessa aí, derrubar o valor de uma empresa pela metade especialmente por corrupção é “trivial” nas empresas.
Claro que não: quando a corrupção se torna endêmica em uma empresa, temos desastres como o da Enron. Que são raros. Assim, corrupção não é algo “do dia a dia das empresas privadas”, pois nenhum empresário que se preze tem vontade de falir. Claro que a corrupção pode até acontecer, mas não é “carne de vaca” como Dilma sugere. Já em empresas públicas sob a gestão do PT? Aí realmente não dá para confiar, certo?
Alias, nem para arrumar uma desculpa ela é competente. Primeiro que em um escândalo envolvendo o seu partido e os dois maiores aliados (PMDB e PP), ela não sabia nada, o que é absurdo e improvável. Segundo por que o delator contou que Lula sabia de tudo. Não há um projeto efetivo de poder que se sustente sem a manutenção dos acordos – e qualquer gerente de fato sabe disso, e aí mais um motivo para suspeitar da capacidade dela como “gerenta”.
Enfim, nada do que ela disse serve para validar a inocência dela e de seu partido. Mas serve para mostrar que além disso, ela demonstra que nem sequer justifica as coisas como uma “gerenta”. É sempre assim: um embuste atrás do outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário