Ao menos 55 hectares da Mata de Santa Tereza foram devastados por fogo.
Incêndio durou dois dias; chance de recomposição é mínima, diz biólogo.
A queimada iniciada no domingo (31) só foi contida com a ajuda da chuva no fim da noite de terça-feira (2). Em gravação feita na tarde de quarta-feira (3), é possível ver grandes corredores de vegetação queimados em meio à mata. Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos 55 hectares foram destruídos.
saiba mais
Para o biólogo da USP, será difícil uma plena recuperação da reserva.
“Do jeito que era antes eu acho que não [volta], porque já estava
debilitada. Então, se simplesmente deixar a mata sem fogo e a deixar se
regenerar, provavelmente ela volte ao que era antes, mas ela já era uma
mata fragilizada em grande parte de sua extensão”, diz Groppo.Ele explica que o fato de a reserva estar praticamente no meio da cidade dificulta a sua recomposição. Além disso, uma das condições que já vinham sendo enfrentadas pela vegetação é a presença de cipós, que, favorecidos pela luz, crescem pela copa das árvores e as impedem de fazer fotossíntese, levando a planta à morte. “Toda a parte em volta está sendo loteada. Como ela está isolada, ela tem uma área de borda muito grande, que pega muita insolação, muito vento. Então as árvores sofrem", observa.
Intenso calor fortaleceu o fogo em mata
Outro fator citado pelo especialista é o isolamento da região, que dificulta que as espécies nativas sejam replantadas. “Não tem de onde vir semente para fazer a recolonização. Já é tudo cidade em volta. Então é provável que precise de um manejo bastante intensivo para que volte a ser saudável." Como exemplo, o pesquisador cita um banco genético de sementes nativas da região, da USP, como uma alternativa de se obter mudas de qualidade para a reserva.
Centenas de espécies
Segundo Groppo, um levantamento feito em 2008 por um de seus alunos de mestrado, contabilizou 160 espécies de árvores na reserva ecológica de Ribeirão - uma diversidade alta, quando comparada à de outros locais. A Inglaterra, por exemplo, em todo o seu território, possui 40 espécies nativas, de acordo com o biólogo.
O pesquisador acredita que, entre os hectares queimados, as áreas mais preservadas não foram tão prejudicadas. “Eu tenho a impressão de que as áreas mais preservadas não sofreram tanto, porque elas são até mais úmidas. Mas essa é uma informação que eu não posso dar com precisão."
Bombeiros ainda estão na Mata de Santa Tereza fazendo uma operação de extinção final do fogo. Assim que as equipes derem o aval, um grupo de biólogos deve mapear a área para contabilizar os danos e realizar um estudo sobre as chances de recuperação da vegetação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário