quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Prefeitura de SP encaminha famílias carentes para ocupação de sem-teto


10/09/2014 07h43 - Atualizado em 10/09/2014 08h26

Funcionárias indicaram a ocupação do Cine Marrocos para duas famílias.


Prefeitura diz condenar a prática e que tomará as medidas cabíveis.

Do G1 São Paulo
Famílias carentes de São Paulo foram encaminhadas pela própria Prefeitura de São Paulo a ocupações feitas por movimentos de sem-teto, como mostrou o Bom Dia São Paulo nesta quarta-feira (10). Documentos assinados por funcionárias da secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social direcionaram pelo menos duas famílias para a ocupação do prédio do antigo Cine Marrocos, no Centro.
Documentos obtidos pelo Bom Dia São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)Documentos que encaminham famílias carentes e
que foram obtidos pelo Bom Dia São Paulo

A Secretaria emitiu uma nota em que disse condenar "veementemente" essa prática e informou que vai "apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis".

O desempregado Alessandro Feitosa ocupa um quarto na ocupação desde novembro após entrevista com as assistentes sociais. “Eles conversam com você, eles veem a sua situação e dão uma declaração de que você não está em condições naquele momento de bancar um aluguel”, afirmou.

O documento ao qual a reportagem teve acesso está em papel timbrado, com carimbo, assinatura e número de registro de duas funcionárias que trabalham no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), na Barra Funda, Zona Oeste.

A declaração fornecida pelas funcionárias diz ainda que as pessoas encaminhadas não têm "condições de contribuir com o rateio das despesas da ocupação".

O secretário do Movimento Sem-Teto de São Paulo (MSTS), Wladmir Ribeiro Brito, disse que a prática é comum. "A própria Prefeitura me pediu vagas aqui no prédio e a gente deu. Agora a Prefeitura quer jogar essas mesmas famílias na rua", disse.

O garçom Urias Carvalho Neto também foi encaminhado ao Cine Marrocos pelas funcionárias e disse não ter sido procurado pela administração pública. “Vieram uma vez e fizeram um pré-cadastro.

Depois disso nunca mais vieram. A gente se sente meio esquecido”, afirmou.

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