João
Vaccari substituiu Delúbio Soares. O mensalão deu lugar ao petrolão. O
milhão roubado virou bilhão. Dinheiro, que além de enriquecer os
companheiros, também foi usado para pagar a riquíssima campanha de 2010,
que elegeu Dilma Rousseff, segundo revelaram os delatores que operavam o
esquema para o PT.
Após a divulgação do conteúdo dos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa,
e do doleiro Alberto Youssef, o PT informou, por nota oficial, que o
presidente nacional do partido, Rui Falcão, negou as acusações de Costa e
disse que a legenda “estranha a repetição de vazamentos de depoimentos
no Judiciário, tanto mais quando se trata de acusações sem provas”.
Ainda segundo a nota, o partido diz repudiar com “veemência e
indignação” as “declarações caluniosas” do ex-diretor da estatal,
“proferidas em audiência perante o mesmo juiz que, anteriormente,
acolhera seu depoimento, sob sigilo de Justiça, no curso de um processo
de delação premiada”.
“O
PT desmente também a totalidade das ilações de que o partido teria
recebido repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras”,
diz a nota de Rui Falcão. O líder petista prossegue dizendo que “todas
as doações para o Partido dos Trabalhadores seguem as normas legais e
são registradas na Justiça Eleitoral”.
Para finalizar, a nota afirma
ainda: “Lamentamos que estejam sendo valorizadas as palavras do
investigado, em detrimento de qualquer indício ou evidência comprovada”.
“A Direção Nacional do PT, por intermédio de seus advogados, analisa a
adoção de medidas judiciais cabíveis.”
Em depoimento à Justiça, Costa disse que o esquema de corrupção na
diretoria de Serviço da estatal era operado pelo PT. Segundo ele, dos 3%
de cada contrato cobrado como propina, 2% era “para atender o PT”. Em
outro depoimento, Costa disse que o partido ficava com o total do
dinheiro desviado, de 3%. Ainda de acordo com o depoimento, o esquema da
Diretoria de Serviços era operado pelo tesoureiro da sigla, João
Vaccari.
Indagado pelo juiz Sérgio Moro sobre quem distribuía o dinheiro
dentro da diretoria de Serviços, afirmou que a ligação era diretamente
com o tesoureiro. No PMDB, quem era responsável pela articulação era
Fernando Soares, o Fernando Baiano.
A Secretaria Nacional de Finanças do partido também enviou nota
respondendo as acusações de Costa. Segundo o texto, o secretário João
Vaccari Neto "nunca tratou sobre contribuições financeiras do partido,
ou de qualquer outro assunto" com o ex-diretor de Abastecimento da
estatal. De acordo com a nota, "o depoimento prestado por ele à Justiça
está carregado de afirmações distorcidas e mentirosas".
"Essas acusações, difundidas insistentemente por meio de notícias na
imprensa, sem possibilidade de acesso de nossos advogados aos
depoimentos, impedem o direito ao exercício constitucional da ampla
defesa", diz o texto. A nota diz ainda que "as contribuições financeiras
recebidas pelo PT são transparentes e realizadas sempre de acordo com a
legislação em vigor", e que Vaccari vai processar "civil e
criminalmente aqueles que têm investido contra sua honra e reputação".
TRANSPETRO TAMBÉM NEGA ACUSAÇÕES
A Transpetro, também citada no depoimento de Costa, também negou as
acusações por meio de nota à imprensa. Ao ser questionado pelo juiz
Sérgio Moro se empresas subsidiárias a
Petrobras participavam do esquema de propina, Paulo Roberto Costa afirma
não ter conhecimento sobre o esquema na BR Distribuidora, mas que ele
sabia do funcionamento na Transpetro, onde, segundo depoimento, “também
tinha repasse para políticos”.
— O senhor recebeu propinas da Transpetro? — questionou Moro
— Recebi uma parcela. R$ 500 mil. Quem me pagou foi o Sergio Machado,
presidente da Transpetro, em 2009 ou 2010, não lembro direito o ano. Da
Transpetro recebi numa única oportunidade. Contratação de alguns navios
pela Transpetro. Foi me entregue no apartamento dele, no Rio de
Janeiro. Saiu em 2012 — respondeu Costa.
— O esquema continuou depois que ele saiu da Petrobras? — insistiu Moro.
— Eu tinha algumas pendências a receber. Eu recebi através de
contratos de prestação de serviços com essas empresas. Para justificar
repasses, mas valores eram relativos ao 1% que eu tinha que receber do
que ficou para trás. Tinha recursos a receber do Youssef.
Por nota, a Transpetro diz que “o presidente da Transpetro, Sergio
Machado, nega com veemência as afirmações feitas a seu respeito pelo
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. As acusações são mentirosas
e absurdas. Machado faz questão de ressaltar o seu estranhamento com o
fato de que as declarações estejam sendo divulgadas em pleno processo
eleitoral. Machado jamais foi processado em decorrência de qualquer dos
seus atos ao longo de 30 anos de vida pública. E tomará todas as
providências cabíveis, inclusive judiciais, para defender a sua honra e a
imagem da Transpetro”. ( O Globo)
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