sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Negociar com Marina? Sim. Ceder às exigências? Jamais!

Aécio-Marina
O PSB, partido que integra o Foro de São Paulo (e conforme alguns analistas estaria com tudo “combinado com o PT”), resolveu apoiar Aécio Neves, conforme divulgado em 08/10.
Quer dizer, aqueles que pareciam mais resistentes ao diálogo foram os mais abertos. Já Marina fez uma lista de exigências para apoiá-lo, conforme a Veja:
Derrotada nas urnas, Marina Silva elaborou, ao lado de seu grupo político, a Rede Sustentabilidade, um documento com uma série de exigências para que apoie Aécio Neves no segundo turno das eleições. A carta defende antigas bandeiras da ex-ministra do Meio Ambiente, como o crescimento econômico aliado à sustentabilidade, e bate de frente com uma das principais propostas do tucano: a redução da maioridade penal para crimes hediondos. “Numa visão progressista de segurança, não há espaço para projetos como a redução da maioridade penal ou a precarização das condições de apenamento de menores”, diz o documento, que deve ser entregue ao tucano nesta sexta-feira, provavelmente no Rio de Janeiro.

Marina Silva pretendia anunciar nesta quinta o posicionamento no segundo turno, mas, diante da resistência de parte de seu grupo político, decidiu esperar um retorno sobre se Aécio vai aderir a pontos considerados caros por ela (leia abaixo). “Aguardo com tranquilidade e confiança a manifestação individual ou coletiva dos partidos sobre os compromissos que precisam ser assumidos pela candidatura identificada com o sentimento de mudança.

Essa manifestação e a resposta que ela obtiver serão fundamentais para minha manifestação individual”, afirmou Marina por meio de carta enviada nesta manhã a representantes de partidos coligados ao PSB durante as eleições.

Internamente, o sentimento é de que Aécio precisará fazer um aceno aos movimentos sociais e dar uma sinalização à esquerda. “Hoje meu voto é nulo. Se ele me convencer, tudo bem. Mas não vai ser fácil ganhar meu voto”, resume Pedro Ivo, coordenador da campanha de Marina e um dos braços-direitos da ex-senadora. “Ele não vai poder ser um candidato à direita e conservador”, continuou.

Embora seja crucial para definir o apoio a Aécio, o documento traz críticas ao partido do candidato. Logo no início do texto, o grupo de Marina aponta que o desejo de mudança “foi tragado para dentro da velha polarização PT x PSDB”, mas que ainda não há uma perspectiva de reinvenção da política. “Nessa encruzilhada, nenhum dos caminhos aponta para uma saída política de profundidade, capaz de reduzir as desigualdades sociais promovendo a plena cidadania”, aponta trecho da carta.
A coisa já não começou bem com o uso do tom de exigência, além da exposição pública dessas exigências. Não é assim que se negocia civilizadamente!

É claro que negociar é positivo e o apoio de Marina tem o seu valor, embora muitos de seus eleitores já tenham migrado para o tucano. Mas aceitar suas imposições seria um verdadeiro beijo de morte.

O principal motivo para não cair neste jogo é que o marqueteiro do PT iria apontar “incoerência” do candidato do PSDB. Candidatos “titubeantes” são mais facilmente desconstruídos. Basta apresentar o oponente que faz muitas concessões em troca de apoio como alguém sem princípios e capaz de ser vítima de chantagens. Foi exatamente em cima desta simbologia que o PT fez uma de suas desconstruções mais eficazes.

Ou seja, melhor confiar na própria campanha, abrir o diálogo com Marina (negociar um ou dois pontos, mas não os críticos), e não voltar atrás em nenhuma bandeira levantada anteriormente. Por exemplo, a questão da redução da maioridade penal deve ser inegociável, pois já foi apresentada em campanha. 

Repito o alerta: candidatos “titubeantes” que não sabem o que querem perdem pontos, especialmente diante de um marqueteiro muito competente como João Santana.

E se Marina resolvesse apoiar Dilma? Isso nas mãos de um marqueteiro talentoso poderia se transformar em ouro, pois todas as contradições apontadas pelo PT sobre ela se transformariam em contradições do próprio PT. 

Mas aí o PSDB teria que adentrar ao território da desconstrução do oponente, um território para fortes. Tenho gostado da postura de Aécio especialmente nos últimos debates. Mas será que a equipe dele tem esse tipo de sangue frio?


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