Gleisi Hoffmann, citada pelo doleiro Alberto Yousseff como recebedora de pelo menos um milhão de reais em desvios da Petrobras, vem sendo cotada para o cargo.
O Palácio do Planalto já está de olho na vaga do ministro do Tribunal de Contas da União José Jorge,
que se aposentará no dia 18 de novembro. Como o seu substituto terá
papel fundamental nos processos de investigação da Petrobras, vem
sendo de total interesse do governo que o novo ministro seja um aliado.
(…) o novo ocupante da cadeira herdará a relatoria dos processos de investigação da Petrobrás, entre eles o que avalia prejuízos na compra da refinaria de Pasadena (EUA). A apuração sobre Pasadena tem potencial para causar mais danos políticos à presidente Dilma Rousseff – que presidia o Conselho de Administração da Petrobrás na época da aquisição, iniciada em 2006.
Alguns nomes cotados são o de Ideli
Salvatti, atual ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, e de Gleisi
Hoffmann, senadora e ex-ministra da Casa Civil que já agiu a fim de dificultar a abertura da CPI criada
para investigar as irregularidades da empresa. Hoffmann, segundo
depoimento de Paulo Roberto Costa, também foi beneficiada pelo esquema.
Como revelou o Estado, em depoimento ao Ministério Público Federal, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa afirmou que o esquema de corrupção na companhia repassou R$ 1 milhão para a campanha da petista ao Senado, em 2010. Ela nega participação nas irregularidades e diz que a acusação é mentirosa.
Outro nome cotado é o de Vital do Rêgo,
senador do PMDB que preside as duas CPIs da Petrobras. Seja quem for o
escolhido, será mais um aliado do governo a tomar decisões fundamentais
nos principais tribunais do país.
Teori Zavascki, nomeado pela presidente
Dilma no meio do processo do mensalão, é um deles. Relator da Operação
Lava-Jato no STF, Zavascki ainda não ordenou a abertura de inquérito contra os políticos apontados por Paulo Roberto Costa.
Em quase cem depoimentos da delação premiada, Costa apontou o dedo para pelo menos 28 deputados, senadores, governadores, entre outras autoridades. (…) As declarações do ex-diretor, já confirmadas em parte pelo doleiro Alberto Youssef, devem botar contra a parede grande número de políticos e inflamar ainda mais o clima no Congresso nesta fase após a reeleição de Dilma Rousseff. Pela gravidade das acusações, o surgimento de nomes vinculados às fraudes será mais um ingrediente na crise que só cresce desde a primeira vez em que Costa foi preso, em março.
Alguns artigos recentemente publicados
na grande imprensa tentam desmistificar a ideia de que o Brasil corre o
risco de “venezuelizar”, ou seja, se enfrentar a mesma crise econômica e
política pela qual passa a vizinha de cima no continente. De fato,
a Venezuela de hoje é uma realidade ainda distante do país. Mas a de uma
década atrás não parece tão distante. Comprometer a independência do
poder judiciário foi o primeiro grande passo dado pelo chavismo.
Atropelar os pesos e contrapesos do legislativo com uma grande sequência
de plebiscitos foi outro. O controle da mídia é um ingrediente que se
soma. Desde o momento em que confirmou o segundo mandato de Dilma, vem
sendo exatamente essas as pautas priorizadas pelo governismo. Se de fato
o brasileiro encara o “venezuelismo” como um problema, é preciso
resolvê-lo agora enquanto ainda é jovem. Ou logo poderá ser tarde
demais.
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