quinta-feira, 6 de novembro de 2014
O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-feira
relatório recomendando a paralisação de quatro obras que recebem
recursos do governo federal. Também recomendou a retenção de parte dos
valores de outras cinco obras, entre elas a refinaria de Abreu e Lima,
em Pernambuco.
Em outras 49, foram observados indícios de irregularidades graves, mas o TCU entendeu que os problemas foram corrigidos a tempo, permitindo sua continuidade. Assim, em 58 obras, mais da metade das 102 fiscalizadas, havia indícios de irregularidades graves.
Em outras 49, foram observados indícios de irregularidades graves, mas o TCU entendeu que os problemas foram corrigidos a tempo, permitindo sua continuidade. Assim, em 58 obras, mais da metade das 102 fiscalizadas, havia indícios de irregularidades graves.
As recomendações serão enviadas ao Congresso e fazem parte do
relatório anual de fiscalização de obras do TCU, o chamado Fiscobras
2014. Essas informações ajudam a Comissão Mista de Orçamento (CMO) no
Congresso a definir a distribuição de recursos para o orçamento do
próximo ano. Tradicionalmente, parte das obras questionadas pelo TCU é
retirada da lista pelo Congresso.
Juntas, as 102 obras - fiscalizadas entre julho de 2013 e junho de
2014 - têm uma dotação orçamentária de R$ 12,3 bilhões em 2014. Uma vez
identificadas as irregularidades, o TCU tomou medidas que, segundo o
próprio tribunal, levaram a uma economia de R$ 969,5 milhões aos cofres
públicos.
Nos últimos anos, o TCU vem sempre identificando irregularidades
graves nas obras de Abreu e Lima. Este ano, foi detectado
superfaturamento: os preços pagos eram superiores ao cobrado no mercado.
O tribunal recomendou a retenção dos valores destinados à terraplanagem
e aos serviços complementares de drenagens, arruamento e pavimentação.
O orçamento total da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, já saltou de US$ 2,3 bilhões para mais de US$ 20 bilhões. Foi nessa obra que houve os supostos desvios de recursos e pagamentos de propina comandados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso no Paraná e em processo de delação premiada.
O orçamento total da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, já saltou de US$ 2,3 bilhões para mais de US$ 20 bilhões. Foi nessa obra que houve os supostos desvios de recursos e pagamentos de propina comandados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso no Paraná e em processo de delação premiada.
Em setembro, os ministros do TCU já tinham aprovado uma auditoria que
integra o Fiscobras, segundo a qual a Petrobras fez um pagamento
indevido de R$ 242,8 milhões e já tinha programado outro pagamento
indevido R$ 124,9 milhões, totalizando R$ 367,8 milhões. Na ocasião, os
ministros do TCU determinaram que Petrobras suspendesse o repasse do que
não tinha sido pago ainda.
Uma das quatro obras em que o TCU pediu sua paralisação é a Vila
Olímpica de Parnaíba, no Piauí. O tribunal entendeu que faltam estudos
de viabilidade técnica e econômico-financeira do empreendimento. Outra é
a recuperação da BR-448, no Rio Grande do Sul, na qual foi constatada
superfaturamento. No ano passado, o TCU já havia recomendado a
paralisação dessas duas obras. As outras duas na lista são o Complexo
Materno de Teresina, uma maternidade na capital piauiense; e a
construção de obras de retenção de enchentes e recuperação ambiental nas
bacias dos rios Iguaçu, Botas e Sarapuí, na Baixada Fluminense, no Rio
de Janeiro.
O TCU recomendou a paralisação das obras na Baixada Fluminense porque
detectou que o projeto básico era deficiente. Segundo o tribunal, a
obra, que tem um custo total estimado em R$ 107 milhões, ainda não saiu
do papel.
Nos últimos anos, há uma tendência de redução na quantidade de obras
com recomendação de paralisação. Em 2013, por exemplo, foram sete,
número que caiu para quatro neste ano. Segundo o relator do Fiscobras
2014, ministro Bruno Dantas, isso se deve à ação preventiva do TCU, que
permite a correção dos erros durante a execução da obra.
- Há preponderância de fiscalização em obras com baixa execução
física. Foram realizadas antes de as obras serem realizadas, o que
revela uma atuação mais eficiente do TCU - disse Dantas. Além de Abreu e Lima, completam a lista de obras com recomendação de
retenção parcial de valores: o canal do sertão, em Alagoas, o terminal
fluvial de Barcelos, no Amazonas, a implantação dos trens urbanos de
Fortaleza, e o trecho da ferrovia Norte-Sul em Goiás.
Também foram encontrados problemas no parque olímpico no Rio de
Janeiro, mas não foi necessário recomendar a paralisação da obra. O
parque tem custo global estimado em R$ 731,5 milhões. As irregularidades
observadas foram: projeto básico deficiente, quantitativos inadequados
no orçamento e restrição à competitividade da licitação. (O Globo)
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