06/11/2014 19h49
- Atualizado em
06/11/2014 20h21
Leo Heller vai substituir a portuguesa Catarina de Albuquerque.
Para ele, gestão de recursos hídricos é feita com pouco planejamento.
Leo Heller vai atuar como relator especial da ONU
Aos 59 anos, Heller foi indicado ao cargo pelo presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Baudelaire Ndong Ella, no fim de setembro. Ele explica que o processo para escolha foi longo e que concorreu ao cargo com mais de 20 pessoas de várias partes do mundo. O pesquisador nascido em Belo Horizonte conta que soube da notícia pela imprensa e por amigos, mas disse que ainda não foi oficialmente comunicado pela ONU. Segundo ele, Catarina de Albuquerque também lhe escreveu para cumprimentá-lo.
De acordo com Heller, entre as tarefas fixas do relator especial está a realização de, no mínimo, duas missões oficiais em locais onde há indícios de violação de direitos humanos relacionados a água e saneamento. Ele deve também elaborar recomendações para governos, para as Nações Unidas e para outras entidades interessadas sobre o tema.
Segundo o pesquisador, a previsão é que ele comece a atuar no cargo em dezembro. O mandato tem tempo máximo de seis anos.
Atuação
Leo Heller se formou, no ano de 1977, em engenharia civil pela UFMG. “O tema do saneamento é um dos ramos da engenharia civil. Já me formei atuando na área”, afirma. Também pela Universidade Federal de Minas Gerais, ele obteve o título de mestre em saneamento, meio ambiente e recursos hídricos e de doutor em epidemiologia. Na Universidade de Oxford, na Inglaterra, fez pós-doutorado.
Depois de se aposentar em agosto, Heller, que era professor titular da UFMG, passou a atuar como professor voluntário na instituição. Atualmente, na universidade, Heller integra o Grupo de Pesquisa de Políticas Públicas e Gestão em Saneamento e também aguarda a nomeação como pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
No doutorado, o mineiro realizou um estudo epidemiológico em que procurou identificar o impacto da carência de acesso ao saneamento no indicador de morbidade por diarreia infantil em uma cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Hoje, além de aspectos da saúde relacionados a água e esgoto, ele tem as políticas públicas como foco de seu trabalho.
Água
Questionado sobre a crise hídrica pela qual passam cidades brasileiras, o novo relator especial da ONU sinaliza um problema que pode ser observado em escala mundial. “Uma marca importante que tem explicado a falta de acesso à água é uma gestão com muito pouco planejamento. Muitos argumentam que são as mudanças do clima, mas a mudanças devem ser incluídas no planejamento e não devem ser surpresa. [...] É um setor [o de água e esgoto] que ainda requer muito aperfeiçoamento, um setor pouco valorizado, mas que, por outro lado, tem enorme impacto social”, afirma.
Sobre a recente polêmica envolvendo Catarina de Albuquerque e governo de São Paulo, Heller concordou com a posição da portuguesa. Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo" em 31 de agosto, ela responsabilizou a administração pública estadual pela falta de água. “Eu concordo com a posição da Catarina.
Não achei correto o governo de São Paulo mandar ofício para ONU, mas é um direito dele. Catarina estava no papel dela e não exorbitou a função”,
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