A presidente Dilma parece não ter caído
na real ainda. Devem ser os resquícios da campanha eleitoral e do mundo
mágico criado por João Santana. Ela deve ter acreditado nele! Em entrevista para os principais jornais, a presidente disse:
Vamos
fazer o dever de casa, apertar o controle da inflação e teremos limites
fiscais. Vamos reduzir os gastos. Vamos olhar todas as contas com lupa e
ver o que pode ser reduzido e o que pode ser cortado. Temos que fazer
um ajuste em várias coisas, várias contas podem ser reduzidas. Minha
visão de corte de gastos não é similar àquela maluca de choque de
gestão.
Dever de casa não é “olhar com lupa” os
gastos, e sim efetivamente “cortar na carne”, ou seja, executar um
severo ajuste fiscal e resgatar a credibilidade das contas públicas,
hoje no vermelho. O superávit fiscal foi abandonado. O Brasil já tem
déficit duplo, tanto na conta corrente como fiscal. A poupança externa
não vai nos financiar para sempre, ao menos não nas mesmas condições.
Conforme argumentaram Felipe Salto e Rafael Cortez, ambos da consultoria Tendências, em artigo publicado hoje na Folha, o ajuste fiscal é o caminho para o retorno do crescimento. “A
política fiscal austera foi a principal vítima da atual gestão
macroeconômica. A retomada da racionalidade dos gastos públicos é
essencial para criar as bases de um novo círculo virtuoso. Executar essa
tarefa, no entanto, não será simples”, escrevem.
Não será mesmo. Mas se Dilma pensa que
pode levar no papo, apenas com palavras, está muito enganada. Os
investidores vão cobrar ações, medidas concretas, dados sem malabarismos
contábeis. Os especialistas concluem:
O
esgarçamento da questão fiscal será um dilema central do segundo mandato
de Dilma. A falta de rigor na gestão dos gastos públicos pode
prejudicar ainda mais o andamento da atividade, com reflexos em juros,
emprego, inflação e financiamento do deficit externo (como já acontece
hoje).
O
desempenho econômico não é expressão de uma “herança maldita” do mundo,
mas resultado de escolhas domésticas erradas. Definir prioridades é
tarefa da presidente e, ao que tudo indica, uma mínima reversão da
expansão desmedida dos últimos anos deverá ocorrer.
O problema é que se for uma “mínima
reversão” não será suficiente. Dilma disse claramente que “choque de
gestão” é algo maluco, e ainda acrescentou que “essa história de cortar
ministério é lorota”. Não se deu conta do tamanho do problema ainda.
Acha que poderá empurrar com a barriga por mais quatro longos anos?
Doce ilusão. Vem rebaixamento do Brasil
pelas agências de risco aí, podem anotar. É questão de tempo. O clima
internacional também mudou, o Congresso americano nas mãos dos
Republicanos não vai tolerar tanto estímulo do governo, a China já não
cresce na mesma velocidade, as commodities despencaram de valor:
Se Dilma não acordar e o “mercado” a colocar em corner, é possível que ela nem termine seu segundo mandato…
Rodrigo Constantino
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