sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Dilma Rousseff, Humberto Costa e os diálogos do esgoto

golpismo
Eu já indiquei dois vídeos do Porta dos Fundos suficientes para demonstrar a dialética petista. Eu não estava exagerando. O PT desenvolveu um potencial tão grande para ofender enquanto finge pedir paz que será preciso de um preparo psicológico especial para os opositores que queiram realmente interagir com essa gente sem sofrer impactos políticos graves. Vamos avaliar a matéria “Dilma manda recado ao PSDB: ‘Há de saber perder'”, do Brasil247:
A presidente Dilma Rousseff fez nesta quarta-feira 5 o primeiro comentário sobre o pedido do PSDB de Aécio Neves, derrotado nas urnas no segundo turno, para que a Justiça Eleitoral criasse uma auditoria do sistema de votos no País. Em discurso a lideranças do PSD de Gilberto Kassab, a petista mandou um recado aos tucanos: “O ato de poder ou não ganhar faz parte do jogo democrático. Há de saber ganhar, há de saber perder. Isso significa ter consciência do que a democracia é”.
Logo no começo, ela já chega atacando o PSDB chamando-o de “mau perdedor”. Como veremos, isso já é parte da propaganda do partido.
A presidente reeleita prosseguiu: “A atitude do ganhador não pode ser de soberba, nem pretensão de ser o último grito em matéria de visão política”. Segundo ela, “saber perder é saber em que ponto você está e não significa que vamos construir um muro no Brasil”. Poucos dias depois de uma manifestação em São Paulo que pediu a volta do regime militar, Dilma declarou: “Nós saímos de um processo ditatorial e estamos numa eleição que, de fato, cada vez mais aprofunda a democracia no Brasil”.
Aqui de novo ela rotula o PSDB de “mau perdedor” e de defensor de propostas por ditadura militar. (O jogo é óbvio: assim como fingiram que o evento de 1 de setembro foi pela intervenção militar, quando não foi, vão fingir que Aécio apoiaria o suposto evento “intervencionista”.)
Em seguida, ela lembrou o resultado das urnas do domingo 26, quando foi reeleita com uma diferença de quase 3,5 milhões de votos sobre o tucano Aécio Neves: “Os eleitores são os brasileiros e nós temos que dar conta do que eles querem”. Dilma voltou a defender a importância de se fazer uma reforma política e afirmou contar com o apoio do PSD para isso. “Nós falharíamos se não fizéssemos uma reforma política”, disse.
E aqui está a estratégia: enquanto xinga e rotula o oponente, ela volta a mencionar sua própria tentativa de golpe de estado arrumando pretexto para Assembléia Constituinte. É claro que ela grita “golpista” em direção aos outros para esconder seu próprio golpe.


O discurso de Dilma não é exceção. No dia 31 de outubro, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, já usava o mesmo tom de desconstrução do adversário com base em ofensas e mentiras de baixíssimo nível:
O líder do PT no Senado, Humberto Costa, classificou a atitude do PSDB de pedir uma auditoria especial da apuração dos votos da eleição presidencial junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como algo “lamentável, coisa de golpista e mau perdedor”. “É uma coisa ridícula, não há qualquer questionamento sobre qualquer coisa relativa ao segundo turno da eleição”, completou o petista.


O PSDB protocolou o pedido de auditoria especial nesta quinta-feira (30).

Em entrevista ao Blog do Jamildo, Humberto disse que o PSDB tenta forçar um “terceiro turno” após perder as eleições por cerca de 3 milhões de votos. “Seja criando dificuldades para a presidente, seja patrocinando essas coisas de impeachment”, disparou. O parlamentar também qualificou o pedido como sendo “uma atitude criminosa”, que se assemelha a uma “tentativa de golpe”.
Esse é o jogo que o PSDB não consegue perceber: Costa, assim como Dilma, vai para o ataque incessantemente. Rotular um oponente democrático de “golpista” é uma estratégia para esconder o próprio golpe.

E, atenção: ele afirma que o PSDB “patrocinou impeachment”. Você ainda acha que o PT realmente mudou a sua postura depois da campanha política?

Isso não é tudo. Os truques psicológicos de Humberto vão além, cada vez mais no estilo das encenações vistas nos dois vídeos do Porta dos Fundos. Veja o que ele disse ontem, dia 4:
Não condenar esse tipo de golpismo é, evidentemente, ser conivente com ele. Não há o lado do silêncio em um momento que a democracia está sob ataque. Ou se está do lado dela ou se está contra ela. É imprescindível que lideranças da oposição cumpram o dever cívico de defender o regime democrático e de reprovar, de maneira contundente, qualquer flerte de seus seguidores com atitudes golpistas e atentatórias às regras constitucionais.
Notaram? O sujeito jamais se desculpou por ter defendido o decreto golpista da Dilma ou mesmo os projetos de censura de mídia, e, mesmo assim, acusa o oponente de “golpista” por não ter criticado os indivíduos que apareceram na manifestação de 1 de novembro. (E Aécio fez isso em seu discurso ontem, não por exigências patéticas e desaforadas de Humberto).


Agora você viu, resumidamente, como funciona a convocação do PT ao “diálogo”.

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