segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

As mortes mais terríveis já registradas podem ser vistas agora no Youtube

Mortes terriveis que podem ser vistas na Internet


Quem cresceu nos anos 80 e 90 deve se lembrar de As Faces da Morte
O primeiro filme da série, de 1979, misturava dramatizações e cenas reais de pessoas morrendo. Eram cenas absolutamente terríveis, que ficaram na memória de um monte de gente da minha geração. O filme foi banido em dezenas de países e por aqui as locadoras o escondiam, mas mesmo assim ele viralizava em cópias VHS passadas de mão em mão. Hoje ele é encontrável no Youtube, mas está longe de ser a coisa mais aterrorizante de lá.
Porque este bizarro tópico no Reddit, criado no fim de semana, reuniu mais “faces da morte” que qualquer filme tosco. Ali as pessoas foram colocando links do que consideram a “mais aterrorizante filmagem já vista”. E como o Reddit é a casa das pessoas que mais tempo passam na rede, a coleção é espantosa. Eu honestamente não cliquei em nada ali, mas sei de vários dos casos relatados: um de um mergulhador recordista, que filma a sua própria morte ao ir fundo demais; um tijolo caindo de um caminhão, atravessando o para-brisa e matando a esposa do motorista; duas crianças sendo ceifadas pela hélice de um helicóptero; pessoas se jogando de um prédio em chamas; um tubarão despedaçando um nadador…

Só descrever isso já é suficiente para saciar a minha curiosidade mórbida e me deixar meio desnorteado. O que esse tópico e seus mais de 7 mil comentários me lembraram é que com a profusão de câmeras hoje em dia, é cada vez mais comum que a morte das pessoas seja capturada – e que as filmagens antigas sejam eternizadas. Pode ser pelas câmeras onboard dos carros, pelos smartphones ou as onipresentes câmeras de segurança. A morte não é mais mistério.

Porque além de capturar o momento fatal, divulgar é trivial. Se o Youtube tem uma política bastante restrita e bane rapidamente qualquer coisa que se assemelha a pornô, o mesmo não acontece com vídeos violentos. Atualmente, se algum membro da família do morto reclamar, o Youtube (ou o Twitter) remove a cópia em questão, mas nada impede que outras ressurjam. Essas regras foram bastante discutidas alguns meses atrás quando os terroristas do Estado Islâmico divulgaram a decapitação do jornalista James Foley. Qual o direito que prevalece? O da dignidade ou liberdade de expressão? Alguns dias depois, o Twitter acabou suspendendo a conta de várias pessoas que divulgaram fotos da decapitação, mas a regra é um pouco vaga. E, seja como for, sempre haverá sites como o Liveleak.com  que têm zero regras para hospedar vídeos.

Será que coisas assim deveriam ser proibidas? Em 1993, quando o finado programa policial do SBT Aqui Agora transmitiu um suicídio ao vivo, houve uma enorme discussão sobre os limites do jornalismo. E dá para dizer que aquilo foi o ponto mais baixo dos policiais televisivos em rede nacional – o debate foi útil para traçar alguns limites. Mas hoje qualquer pessoa pode ser dona de sua “emissora”, no Youtube, e “mortes violentas” seria equivalente a só mais um programa noturno. Seja como for, o efeito dessa profusão de imagens violentas, sem censura, a gente ainda não sabe.

 

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