Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
Em vista do relatório chapa-branca apresentado pelo deputado petista Marco Maia (RS), a oposição prepara um parecer alternativo que será apresentado à CPI mista da Petrobras. O documento recomendará o indiciamento de nomes envolvidos no esquema de corrupção operado na estatal. Ainda em processo de elaboração, o texto trará nomes como os do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef e de executivos de empreiteiras citadas nos inquéritos da Operação Lava Jato.
De
acordo com o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), também será pedido o
indiciamento do deputado Luiz Argôlo (SD-BA) e de André Vargas (Sem
partido-PR), cassado nesta quarta-feira pelo envolvimento com o doleiro
Youssef. “É o mínimo que a CPI deveria fazer. Ou o Parlamento dá uma
resposta efetiva ou o Parlamento como um todo se envolve no esquema. É
importante separarmos aqueles parlamentares que estão exercendo o seu
papel daqueles que usam a roupagem de parlamentar, mas que agem como
marginais desviando dinheiro público”, afirmou Sampaio.
Não
está previsto no relatório paralelo o pedido de indiciamento da
presidente Dilma Rousseff nem do ex-presidente Lula, por “falta de
elementos”. No entanto, a oposição pretende aprofundar investigações
sobre os dois na próxima comissão de inquérito, que já se articula para
instalar no início da próxima legislatura. “Há uma clara evidência de
que nós temos de avançar nessa investigação porque ambos foram referidos
pelo mais importante delator do esquema como sendo pessoas que tinham
total ciência dos fatos”, disse Carlos Sampaio.
Em
903 páginas de relatório nas quais não consta o pedido de indiciamento
de nenhuma autoridade, o relator Marco Maia apenas recomendou o
aprofundamento das investigações contra executivos e personagens como o
lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como o
operador do PMDB no petrolão, e também Meire Poza, ex-contadora do
doleiro Youssef, além de ex-dirigentes da Petrobras como Nestor Cerveró,
Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Renato Duque.
Para
a oposição, chamou atenção a ausência do nome de João Vaccari Neto,
tesoureiro do PT citado por delatores como a ponte para levar a propina
ao partido. “O relator não abordou nem de passagem o tesoureiro do PT,
envolvido e denunciado por todos os delatores. Maia sequer comentou as
doações de campanha feitas com recursos criminosos”, disse Carlos
Sampaio.
O
relatório alternativo será apresentado na próxima quarta-feira, quando
está prevista a votação do parecer elaborado por Marco Maia. Embora
reconheça a dificuldade de aprovar o documento em meio à maioria
governista, parlamentares de oposição contam com o esvaziamento da base
para conseguir aprovar o parecer.
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