Em depoimento sigiloso à Polícia Federal, um funcionário de carreira
da Petrobras revelou detalhes de um esquema de corrupção que pode estar
por trás do fim da parceria entre a estatal e a belga Astra Oil. O
rompimento obrigou a Petrobras a comprar a parte que cabia à empresa
belga na refinaria de Pasadena, causando prejuízo de US$ 792 milhões.
De acordo com a denúncia, a relação entre as empresas teria azedado
depois que o engenheiro maranhense José Raimundo Brandão Pereira (FOTO),
indicado pelo ministro Edison Lobão (PMDB), teria mandado a Houston um
emissário para propor o superfaturamento nos contratos de aluguel de
navio e a apropriação de uma taxa de 1,25%, conhecido como "address
commission”, para alimentar o esquema de corrupção. Por mês, a estatal
gastava R$ 200 milhões com a operação.
O negócio teria sido recusado pela Astra Oil, que não estava disposta
a assumir prejuízos intencionais causados pelo esquema de corrupção.
Pereira ocupou diversos postos na estatal — foi diretor da Petrobras
International Finance Company (PIFCo) e trabalhou com Paulo Roberto
Costa na área de Abastecimento. Ele deixou a empresa em 2012.
Apesar da tentativa de fraude ter fracassado nos Estados Unidos, o
modelo teria prosperado na Petrobras América em operações no Golfo do
México, onde os navios conhecidos como aliviadores teriam sido afretados
por um preço três vezes acima do mercado internacional. O bom
desempenho do emissário lhe rendeu até mesmo promoção para atuar na
Petrobras Global Trading, com sede na Holanda, mais conhecida como
Petrobras Netherlands. Na planilha dos projetos do doleiro Alberto
Youssef, a Petrobras Netherland aparece citada com 11 projetos de
plataformas atribuídos às empresas Alusa e Iesa, duas das investigadas
na Lava-Jato.
O funcionário da estatal contou ainda como funcionava o esquema na
área Internacional da Petrobras, controlada pelo lobista Fernando
Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema. Ele falou ainda sobre
prejuízos superiores a US$ 700 milhões em blocos de exploração em
Angola por “ingerência” política. E na venda de 50% dos ativos da
Petrobras na África para o BTG Pactual, fechada em julho de 2013.
Segundo ele, esses ativos haviam sido avaliados por pelo menos duas
instituições financeiras internacionais por US$ 7 bilhões. O caso está
sob investigação no TCU.Brandão Pereira não retornou aos recados
deixados pelo GLOBO com familiares em sua casa, no Rio.(O Globo)
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