11/12/2014
às 4:47
Parece
piada, mas é verdade. A bancada do PT na Câmara decidiu lançar a
candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) à Presidência da Casa
para enfrentar a postulação de Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB. Até
aí, tudo bem! O PT tem a maior bancada, havia um acordo informal de que
os dois partidos se revezariam no cargo — hoje com um peemedebista —
etc. O que impressiona é outra coisa: a decisão foi tomada depois de uma
reunião de petistas com… Luiz Inácio Lula da Silva.
Sim, é
isto mesmo: quem se ocupou do assunto não foi o presidente do PT. Quem
se ocupou do assunto não foi o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
Quem se ocupou do assunto não foi o ministro das Relações
Institucionais, Ricardo Berzoini. O ex-presidente da República,
metendo-se a articulador do governo Dilma no Congresso, resolveu arrumar
um adversário para Cunha.
Pois é… Os
dias que vêm pela frente não são nada suaves, não importa o ângulo pelo
qual se olhe. Por que os petistas têm de atravessar a rua para comprar
essa briga, a não ser pela glória do mando? Qualquer resultado será
objetivamente contraproducente: se Cunha vencer, ruim para o governo; se
ele perder, péssimo. A razão é simples: uma eventual vitória do
peemedebista fica ainda mais na dependência da adesão de parlamentares
que se opõem ao governo, não?
O bloco de
apoio a Chinaglia seria formado por PT, Pros, PC do B, PDT, PHS e PEN,
além do PSOL, que é oposição. Só com isso, não dá para vencer. Será
preciso rachar o grupo que hoje apoia o líder peemedebista. Um acordo
com a oposição está fora de cogitação. Duvido que esta viabilize um
terceiro nome para facilitar a vida dos petistas.
Como os
companheiros já estão com a boca torta pelo uso do cachimbo, houve quem
defendesse na reunião que o Planalto entrasse pesado no apoio ao
candidato petista, envolvendo na pressão cargos no futuro governo. Foi
preciso que o próprio Chinaglia deixasse claro que não era uma boa
ideia.
E, vejam
vocês!, os companheiros têm um desprezo pelos aliados que chega a ser
comovente. Indagado se o PT apoiaria um candidato de outro partido,
afirmou o deputado José Guimarães (PT-CE): “Sacode, sacode e não surge
nome melhor do que do PT”. Pois é… Os companheiros seriam capazes de
propor a substituição dos membros próprio Olimpo por militantes do
partido. Afinal, quem são os deuses olímpicos perto dos petistas?
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