Josias de Souza
Os
mais ingênuos se perguntam: o que houve, afinal, com Dilma Rousseff? Os
mais céticos respondem: nada que não estivesse previsto. No vale-tudo
de uma eleição apertada, os programas dos candidatos são genéricos e
aguados. Na campanha de 2014, submetida a uma conjuntura hostil, Dilma
teve de abusar do feitiço da empulhação. Reeleita, passou a adotar
providências tão inevitáveis quanto impopulares. E ficou irreconhecível.
A presidente chega à sua segunda posse sem rosto. Mal comparando, parece mais uma personagem do famoso clip da música Black or White. Nele, Michael Jackson usou um truque chamado morphing. Consiste numa fusão de imagens que transforma uma cara em outra. E a outra em mais outra. E a terceira face numa quarta. E assim sucessivamente.
Na economia, a cara de Dilma foi virando a cara de Joaquim Levy, que incorpora traços da fisionomia de Armínio Fraga, que se confunde com o semblante de Aécio Neves. Para produzir o superávit fiscal que Levy se comprometeu a entregar em 2015, Dilma teve de iniciar os cortes de despesas pelos direitos trabalhistas. Dificultou o acesso ao seguro-desemprego, ao abono salarial do PIS e ao auxílio-doença. E tornou draconianas as regras das pensões previdenciárias.
No enredo da campanha, esse script era de Aécio. Que chegou a dizer que não hesitaria em adotar medidas impopulares se fosse eleito. Em entrevista ao blog, contou um episódio que testemunhara há quase três décadas, em 1985.
Candidato à Presidência na eleição indireta do Colégio Eleitoral, Tancredo Neves percorria o país. Buscava a legitimidade das praças.
Aterrissou em Belém, no Pará na véspera do Círio de Nazaré, festa religiosa que arrasta milhares de pessoas às ruas. No aeroporto, embarcou num velho Aero Willys, adaptado para carreatas. Teve uma receptividade de astro de rock.
Ao lado de Tancredo, Aécio admirou-se: “Meu avô, que loucura! O que você vai fazer com essa popularidade toda?” E Tancredo: “Vou gastar em três meses.” Morto na véspera da posse, o avô do rival de Dilma foi privado de ler o discurso. Começava com a seguinte frase: “É proibido gastar”.
A frase se ajusta às necessidades da atual presidente. Além de lacrar o cofre, ela terá de cortar mais despesas e buscar verbas adicionais no bolso do contribuinte. A diferença é que Dilma não está preparada para as consequências. O alarme da impopularidade já começa a tocar nas suas orelhas. Os números amargos chegarão antes que Dilma consiga criar uma imagem para o seu segundo governo.
A presidente chega à sua segunda posse sem rosto. Mal comparando, parece mais uma personagem do famoso clip da música Black or White. Nele, Michael Jackson usou um truque chamado morphing. Consiste numa fusão de imagens que transforma uma cara em outra. E a outra em mais outra. E a terceira face numa quarta. E assim sucessivamente.
Na economia, a cara de Dilma foi virando a cara de Joaquim Levy, que incorpora traços da fisionomia de Armínio Fraga, que se confunde com o semblante de Aécio Neves. Para produzir o superávit fiscal que Levy se comprometeu a entregar em 2015, Dilma teve de iniciar os cortes de despesas pelos direitos trabalhistas. Dificultou o acesso ao seguro-desemprego, ao abono salarial do PIS e ao auxílio-doença. E tornou draconianas as regras das pensões previdenciárias.
No enredo da campanha, esse script era de Aécio. Que chegou a dizer que não hesitaria em adotar medidas impopulares se fosse eleito. Em entrevista ao blog, contou um episódio que testemunhara há quase três décadas, em 1985.
Candidato à Presidência na eleição indireta do Colégio Eleitoral, Tancredo Neves percorria o país. Buscava a legitimidade das praças.
Aterrissou em Belém, no Pará na véspera do Círio de Nazaré, festa religiosa que arrasta milhares de pessoas às ruas. No aeroporto, embarcou num velho Aero Willys, adaptado para carreatas. Teve uma receptividade de astro de rock.
Ao lado de Tancredo, Aécio admirou-se: “Meu avô, que loucura! O que você vai fazer com essa popularidade toda?” E Tancredo: “Vou gastar em três meses.” Morto na véspera da posse, o avô do rival de Dilma foi privado de ler o discurso. Começava com a seguinte frase: “É proibido gastar”.
A frase se ajusta às necessidades da atual presidente. Além de lacrar o cofre, ela terá de cortar mais despesas e buscar verbas adicionais no bolso do contribuinte. A diferença é que Dilma não está preparada para as consequências. O alarme da impopularidade já começa a tocar nas suas orelhas. Os números amargos chegarão antes que Dilma consiga criar uma imagem para o seu segundo governo.
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