Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Luiz Sérgio Silveira Costa
Um assunto que sempre povoou meus pensamentos e reflexões
é o "poder transformador do poder". É, basicamente, o fato de que um
convite para um cargo, em nova administração, comando, diretoria ou governo,
suplanta todas as antigas restrições e antagonismos ao novo líder, inclusive os
de maior gravidade, como doutrinários, idealistas e de caráter.
Demétrio Magnoli, em artigo "A Esquerda
Palaciana" toca nesse assunto, ou nessa fétida ferida, ao citar a seguinte
frase: "Kátia Abreu, Gilberto Kassab e Guilherme Afif são novas
demonstrações da tese tantas vezes comprovada de que as convicções doutrinárias
de nossos liberais conservadores não resistem à oferta de
um feudo no condomínio do poder".
Entendo que esses aproveitadores, que renegam seus
conceitos e princípios, são movidos por dois combustíveis, ambos vergonhosos: a
vaidade do poder e a cupidez por dinheiro ou mordomias. São a capacidade de
nomear cupinchas e apaniguados, a arrogância do mando, e os sempre presentes
benefícios financeiros adicionais, como as acumulações de salários, amparo em
algum Conselho de estatal, redução de gastos por uso de meios públicos, vários
aspones a custo zero, enfim, o conhecido patrimonialismo, de que os políticos
brasileiros, todos conhecidos, são mestres e negativamente exemplares.
Esse novo ministério, um polígono que subiu de 15 lados, com FHC, para 39 disformes lados, com Dilma, simplesmente para blindar o governo no Congresso, especialmente nas CPI, é prova de que: o PT não está preocupado com o Brasil, mas em manter o poder: a corrupção não vai ser debelada; e, no que tange ao assunto em pauta, a certeza de que quando assume um novo comandante, todos formam atrás, prontos a marchar e a cumprir as ordens, volvendo à direita ou esquerda, à dignidade ou indignidade, como seu chefe ordenar!
Nas pessoas firmes de caráter, porém, nada disso acontece.
Não estão à venda, seja por cargos ou dinheiro. São fieis aos seus princípios,
não os trocam pelo proveito. Por isso, discordo da frase final do ótimo
Magnoli, de que "...eles se acostumaram com a subserviência, o preço justo
que pagam pela sobrevivência". As pessoas realmente com um P maiúsculo,
renegam a subserviência e não se importam com a sobrevivência, mas com os seus
princípios.
Por isso, vale finalizar com uma maravilhosa frase do
pacifista, matemático e filósofo britânico, Bertrand Russel, que reafirma que o
princípio é muito mais importante do que o proveito:
"Pouco me importa que eu seja coroado rei ou morra de
fome numa sarjeta: sigo meus princípios".
Luiz Sérgio Silveira Costa é Almirante, reformado.
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