sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A vergonha do proveito em detrimento dos princípios





Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Luiz Sérgio Silveira Costa


Um assunto que sempre povoou meus pensamentos e reflexões é o "poder transformador do poder". É, basicamente, o fato de que um convite para um cargo, em nova administração, comando, diretoria ou governo, suplanta todas as antigas restrições e antagonismos ao novo líder, inclusive os de maior gravidade, como doutrinários, idealistas e de caráter.


Demétrio Magnoli, em artigo "A Esquerda Palaciana" toca nesse assunto, ou nessa fétida ferida, ao citar a seguinte frase: "Kátia Abreu, Gilberto Kassab e Guilherme Afif são novas demonstrações da tese tantas vezes comprovada de que as convicções doutrinárias de nossos  liberais conservadores  não resistem à oferta de um feudo no condomínio do poder".


Entendo que esses aproveitadores, que renegam seus conceitos e princípios, são movidos por dois combustíveis, ambos vergonhosos: a vaidade do poder e a cupidez por dinheiro ou mordomias. São a capacidade de nomear cupinchas e apaniguados, a arrogância do mando, e os sempre presentes benefícios financeiros adicionais, como as acumulações de salários, amparo em algum Conselho de estatal, redução de gastos por uso de meios públicos, vários aspones a custo zero, enfim, o conhecido patrimonialismo, de que os políticos brasileiros, todos conhecidos, são mestres e negativamente exemplares.



Esse novo ministério, um polígono que subiu de 15 lados, com FHC, para 39 disformes lados, com Dilma, simplesmente para blindar o governo no Congresso, especialmente nas CPI, é prova de que: o PT não está preocupado com o Brasil, mas em manter o poder: a corrupção não vai ser debelada; e, no que tange ao assunto em pauta, a certeza de que quando assume um novo comandante, todos formam atrás, prontos a marchar e a cumprir as ordens, volvendo à direita ou esquerda, à dignidade ou indignidade, como seu chefe ordenar!


Nas pessoas firmes de caráter, porém, nada disso acontece. Não estão à venda, seja por cargos ou dinheiro. São fieis aos seus princípios, não os trocam pelo proveito. Por isso, discordo da frase final do ótimo Magnoli, de que "...eles se acostumaram com a subserviência, o preço justo que pagam pela sobrevivência". As pessoas realmente com um P maiúsculo, renegam a subserviência e não se importam com a sobrevivência, mas com os seus princípios.


Por isso, vale finalizar com uma maravilhosa frase do pacifista, matemático e filósofo britânico, Bertrand Russel, que reafirma que o princípio é muito mais importante do que o proveito:


"Pouco me importa que eu seja coroado rei ou morra de fome numa sarjeta: sigo meus princípios".

Luiz Sérgio Silveira Costa é Almirante, reformado.

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