No primeiro discurso, Rollemberg prega trabalho coletivo e afirma que "não há salvador da pátria"
redacao@jornaldebrasilia.com.br
Foi em um auditório lotado e com ar-condicionado insuficiente que o governador Rodrigo Rollemberg tomou posse de seu mandato, ontem, na Câmara Legislativa do DF. No discurso emocionado, homenageou a família, citou vários pensadores, conclamou a toda a sociedade a fazer um pacto para resgatar Brasília e anunciou: "Não há salvador da pátria".
Segundo as palavras do socialistas, só com um trabalho coletivo é possível tirar o Distrito Federal da situação “terrível” em que se encontra. “As dificuldades nos animam, por que fomos forjados na luta”, discursou, observado pelos olhares atentos da mulher, Márcia, e da mãe, Teresa. “Jamais desistiremos do sonho de JK de fazer de Brasília uma cidade justa, igualitária e um exemplo para o Brasil”, completou.
Com vivas a Brasília e aos brasilienses, conclamou a todos a fazer um pacto pela cidade. “Ventos melhores virão. Isso depende de cada um de nós. Nós faremos a nossa parte”, afirmou, arrancando aplausos e gritos dos presentes.
Crise financeira
Desde que foi eleito governador, o sorriso de Rollemberg nunca fora tão largo quanto ontem. Citando a família e “especialmente” a netinha Mel, ele repetiu que seu desejo de servir à cidade é maior que todas as dificuldades que encontrará no caminho.
“Vivemos uma crise sem precedente em Brasília. A cidade está destroçada, os serviços públicos estão deteriorados. A situação econômica é gravíssima, seríssima. Vivemos o maior desequilíbrio orçamentário e financeiro da história de Brasília. E isso exigirá de todos nós uma postura altiva, firme, solidária, propositiva e eficiente, para podermos equilibrar as contas públicas”, discursou Rollemberg.
O governador disse que a educação será prioridade em seu governo e que lutará “com todas as forças” contra a burocracia, que ele chamou de “irmã da corrupção”: “Não haverá a mínima conivência ou complacência com a corrupção”.
Gestão petista não foi poupada
Entre a mulher, Márcia, e o presidente da Câmara Legislativa na última legislatura, Wasny de Roure, Rollemberg assinou o termo de posse, no auditório da Casa. Ele não poupou críticas à atual administração petista: “Precisamos deixar para traz a desorganização administrativa, o descalabro gerencial, a irresponsabilidade com a coisa pública”. E prometeu austeridade em seu governo: “Seremos austeros, por que não se justifica o esbanjamento do dinheiro público.”
Cabisbaixo, ex-governador passa a faixa
Cabisbaixo e visivelmente abatido, o agora ex-governador Agnelo Queiroz cumpriu o rito e transmitiu o cargo a Rollemberg. Sem discurso e quase nenhum sorriso, o petista se despediu do Palácio do Buriti, ao lado do vice Tadeu Filippelli e da mulher, Ilza. Eles foram conduzidos pelo socialista até o elevador privativo, conforme manda o protocolo.
O “bota-fora” obrigou a cerimônia a ser interrompida até que o novo governador retornasse ao púlpito e empossasse os 24 secretários, o chefe de gabinete e a procuradora-geral do DF.
Já com a faixa de governador, Rollemberg defendeu o resgate dos valores de Brasília, presentes nas primeiras décadas.
Alfinetada
Em referência clara ao ex-governador, Rollemberg falou que não prometeria milagres. “Não vamos cometer equívoco de dizer que vamos resolver todos os problemas da saúde em seis meses. O que vamos fazer é, de imediato, ir melhorando a saúde de forma permanente, paulatina e regular. Tenho certeza que a população entenderá”, disse.
No início da manhã, o governador e o vice, Renato Santana (PSD) participaram de uma missa no Santuário Dom Bosco, na 702 Sul.
Adiantamento pra pagar salários atrasados
A situação financeira difícil enfrentada pelo Distrito Federal também esteve em pauta na fala do governador recém-empossado.
Para quitar salários e fornecedores, Rollemberg disse que pretende
pedir o adiantamento da segunda parcela do Fundo Constitucional.
O diálogo com a presidente Dilma Rousseff nesse sentido ainda não teria ocorrido.
Mesmo discretos, os esperados protestos aconteceram em frente ao Palácio do Buriti.
Enquanto ocorria a transferência de faixa, servidores públicos
cobravam décimo terceiro atrasado e aprovados no concurso da Polícia
Civil pediam nomeação.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário