João Valadares
Correio Braziliense
Depoimento prestado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, revela que as construtoras Odebretch e UTC, esta última cliente da consultoria do ex-ministro José Dirceu entre 2009 e 2013, seriam contratadas caso o processo de reforma e ampliação da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA) fosse adiante.
Conforme o delator, “a contratação, provavelmente, seria coordenada pela Diretoria de Serviços, ocupada por Renato Souza Duque”. Preso na Lava-Jato e solto por força de habeas corpus, Duque foi indicado para a diretoria em questão por Dirceu.
A Polícia Federal suspeita que a JD Assessoria e Consultoria prestou serviços fictícios e teria função semelhante às empresas do doleiro Alberto Youssef. De acordo com as investigações da Operação Lava-Jato, a JD recebeu, entre 2009 e 2013, R$ 3,761 milhões das construtoras Galvão Engenharia, OAS e UTC Engenharia. Executivos das três empresas foram presos na sétima fase da Lava-Jato, deflagrada em novembro do ano passado. O termo de colaboração foi prestado por Paulo Roberto Costa em 7 de setembro do ano passado.
ACERTO PRÉVIO
No mesmo depoimento, o ex-diretor afirma que o acerto prévio foi informado a ele por Márcio Faria e Rogério Araújo, da Odebretch, e Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC. À Polícia Federal, Costa deu a mesma versão do ex-diretor da Área Internacional Nestor Cerveró sobre a diminuição de investimentos na refinaria após a aquisição.
Costa ainda declarou que, “depois da descoberta do pré-sal, a prioridade de investimentos passou a ser a exploração e a produção deste, e Pasadena ficou em segundo plano”. Segundo o ex-diretor, “houve orientação do Conselho de Administração para reduzir os investimentos na área externa”. Por isso, a reforma e a ampliação da refinaria não chegaram a ser realizadas.
QUEBRA DE SIGILO
A Justiça Federal determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-ministro, que cumpre pena, em regime aberto, por condenação no processo do mensalão. O petista é investigado na Operação Lava-Jato.
Duque, que teria acertado a contratação antes mesmo de qualquer definição sobre a ampliação da planta em Pasadena, que poderia chegar a até US$ 2 bilhões, era “o homem do PT” na engrenagem da corrupção na Petrobras.
O ex-gestor fez carreira na estatal. Engenheiro, entrou na empresa em 1978, mas foi no governo Lula, pelas mãos do ex-ministro José Dirceu, que alcançou o alto escalão da petrolífera. Em 2003, no primeiro ano do PT à frente do Palácio do Planalto, virou diretor e passou a chancelar contratos de empreendimentos bilionários, a exemplo da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
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