domingo, 25 de janeiro de 2015

Justiça: Megatraficante foge do país


Marcelo de Oliveira aproveitou as poucas horas em liberdade para deixar o Brasil e, provavelmente, seguir para a Bolívia. Ele é considerado foragido desde que recebeu habeas corpus para sair de presídio goiano

Zoio Verde é considerado o maior traficante de Goiás e do Entorno é dono de patrimônio milionário.

Apontado como o maior traficante de Goiás e do Entorno, Marcelo Gomes de Oliveira, 35 anos, aproveitou a liberdade concedida pela Justiça Federal para deixar o país. É o que acreditam investigadores da Polícia Civil goiana. O Serviço de Inteligência da corporação busca pistas sobre a localização do criminoso, que está foragido, pois, menos de 24 horas após conseguir o habeas corpus, passou a ter contra si mandados de busca e de prisão expedidos pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO)...

Monitoramento feito pelos agentes goianos descobriu que, depois de solto do Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana de Goiânia, Marcelo veio para Brasília. Mas, em vez de ir para casa, no Park Way, onde foi preso em maio do ano passado (leia Memória), ele se hospedou com nome falso em um hotel, onde ficou até às 19h30 de quarta-feira. Ao tomar conhecimento do novo mandado de prisão, desta vez, por um latrocínio (roubo com morte), partiu para o aeroporto da capital, onde teria tomado um voo com destino ao exterior.

Para os policiais goianos — que preferem não se manifestar publicamente em função das decisões judiciais recentes — o traficante, provavelmente, seguiu para a Bolívia, onde mantém contatos. As investigações policiais indicaram que ele tinha negócios ilícitos em cidades bolivianas e em Cárceres (MT), na divisa com a Bolívia, um dos maiores produtores de cocaína do mundo. Os advogados do fugitivo não descartam que ele tenha saído do Brasil, mas afirmam desconhecer o paradeiro dele.

O mandado de prisão está no sistema do TJGO. Assim que o pedido é feito, abre-se um processo para investigação e prisão de foragidos. Nesse caso, a delegacia responsável pela investigação e o serviço de inteligência da corporação também trabalham para a prisão do criminoso. A assessoria de Comunicação da Polícia Federal explicou que o nome do foragido só entra no cadastro da Polícia Internacional (Interpol) caso o juiz federal que toma conta do processo o peça — o que não havia acontecido até a noite de ontem.

Lentidão
Marcelo de Oliveira ganhou a liberdade na noite de terça-feira. A decisão partiu do juiz federal Leão Aparecido Alves, titular da 11ª Vara Criminal de Goiânia, que concedeu o alvará de soltura. O motivo não é especificado no documento expedido pelo magistrado. No habeas corpus, ao qual o Correio teve acesso, o juiz argumentou somente que o acusado é réu em dois processos que tramitam na 1ª e na 2ª Vara de Execução Penal de Goiânia. Um deles, por tráfico de drogas; o outro, por roubo.

A razão para a soltura do traficante, porém, seria a demora no julgamento, que pode ter ocorrido por diversos fatores. Entre eles, pelo documento ter sido remetido, inicialmente, à cidade de Parnaíba (PI). A defesa chegou a pedir que o acusado cumprisse pena no município piauiense, mas, como ele nunca havia cumprido nenhuma sentença na Região Nordeste, o pedido foi negado. Os documentos, então, seguiram para a comarca de Itaberaí (GO). Só depois foram para Goiânia.

Preso em 9 de maio, Marcelo permaneceu à disposição da investigação policial até 29 de julho, quando foi encaminhado para o presídio de Aparecida de Goiânia. O caso transcorreu na Justiça goiana até 31 de outubro, mas foi remetido à Justiça Federal depois de o crime cometido por ele ser tipificado como tráfico internacional.

O primeiro despacho listado no site do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, só consta em 26 de novembro. Desde então, o processo teve 18 atualizações. Das três últimas, aparecem informações sobre a decisão de soltura. Ao deixar a cadeia, três veículos esperavam Marcelo. Todos de luxo, sendo dois Mercedes-Benz escuros e blindados. Ele foi acompanhado por dois advogados, sócios de Janderson Silva, que estava em viagem. Ele informou que o cliente foi trazido para Brasília. Marcelo responde a outros processos na Justiça goiana, alguns em segredo.

Arsenal e carros caros


Marcelo acabou preso em casa, no Park Way, no ano passado. O tamanho da casa, o total de veículos e o mobiliário chamaram a atenção da polícia (Fotos: PCDF/Divulgação)


Conhecido como Marcelo Zoio Verde, por causa da cor do olhos, Marcelo Gomes de Oliveira foi preso em uma casa do Park Way, em maio de 2014, após uma operação conjunta entre as polícias de Goiás e de Brasília, que deteve outras 14 pessoas. A ação foi realizada por agentes da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) de Goiás e da Coordenação de Repressão às Drogas da Polícia Civil do DF (Cord).

À época da prisão, os policiais apreenderam na residência do acusado 200kg de pasta-base de cocaína, uma pistola, uma carabina e uma submetralhadora MT 40 roubada da Polícia Militar do Piauí, além de munição para fuzil e R$ 70 mil.
De acordo com a Polícia Civil de Goiás, a quadrilha tinha duas fazendas com mais de 7 mil hectares e 1,5 mil cabeças de gado. Na operação, também foram apreendidas joias e 22 veículos nacionais e importados. Além disso, o líder do grupo era dono de um posto de combustíveis e tinha participação em uma casa de câmbio que, segundo os investigadores, fornecia dólares para o esquema.

Comprovantes bancários recolhidos pelos policiais indicaram um saldo de R$ 4 milhões na conta dele em março passado. Marcelo usava postos de gasolina e outras empresas para fazer a lavagem do dinheiro, segundo a polícia.
Na capital federal, o acusado era o principal fornecedor de pequenos traficantes, principalmente em Ceilândia, segundo delegados da Cord. Aos mais próximos, ele vendia o quilo da droga por R$ 10 mil. Mas a mesma quantidade também poderia custar até R$ 15 mil.

Audiência marcada
Marcelo de Oliveira aguardava julgamento na Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Estava preso em uma cela de segurança máxima na Penitenciária Odenir Guimarães, que deixou por volta das 22h de terça-feira. O mandado de prisão expedido quarta-feira pela juíza Wanessa Rezende Fuso Brom trata de um crime de roubo, agravado por lesão corporal grave, ocorrido em 2011.

A audiência desse caso foi marcada para as 9h de 11 de março de 2015, segundo o processo. De acordo com a assessoria de Comunicação da Justiça Federal, como o documento de prisão só foi expedido ontem, nada constava dos registros que pudesse impedir o cumprimento da decisão dos desembargadores da 4ª Turma, em Brasília, na noite de terça-feira.

Prazo
A justificativa apresentada pelo advogado do traficante foi que ele passara do tempo máximo sem qualquer decisão sobre o caso. Preso preventivamente em 9 de maio de 2014, o caso passou por pelo menos três delegacias e tramitou na Justiça estadual antes de chegar à federal. Segundo o advogado Janderson Silva, o excesso de prazo foi causado pela falta de comunicação entre os policiais que investigaram o caso. “Passaram-se mais de oito meses, sendo que o prazo máximo seriam seis, e nenhum processo foi concluído”, alega o defensor.

A Polícia Civil de Goiás informou que o inquérito foi concluído 60 dias após a prisão do acusado e remetido ao Poder Judiciário dentro do prazo legal.
 
 
 
Fonte: Correio Braziliense, por Renato Alves. Polícia Civil de Goiás/Divulgação - 24/01/2015 - - 09:12:59
 
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