Carlos Madeiro
Do UOL, em Maceió
Do UOL, em Maceió
Segundo a Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), os novos estudos levam em conta as novidades em tecnologia e equipamentos para captação dos ventos e geração da energia.
Hoje, o potencial energético do vento para gerar energia do país é estimado de 350 gigawatts. Para se ter ideia, o país tem hoje capacidade de geração total –entre todas as fontes-- de 130 gigawatts.
Em 2001, o potencial eólico era estimado em 143 gigawatts. O crescimento ocorreu por conta especialmente das novas torres de captação, que hoje superam os 100 metros e são capazes de gerar mais energia num mesmo espaço.
A grande maioria das usinas está no Nordeste, com destaque para Rio Grande do Norte e Ceará.
Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, a capacidade instalada das usinas eólicas em operação no Brasil dobrou entre janeiro e novembro de 2014. Hoje, existe uma capacidade de seis gigawatts. Outros oito giga já foram contratados por leilões e estão em obras.
Em boletim, o órgão afirma que o crescimento é explicado pela entrada de usinas após leilões de fontes alternativas e do aumento na capacidade em operação comercial de empreendimentos existentes.
"O mês de novembro de 2014 foi encerrado com 174 usinas eólicas em operação comercial, quatro a mais do que no mês anterior", informou a Câmara.
Preço baixo
Um dos atrativos hoje para a expansão de eólicas é o preço baixo se comparado à geração termelétrica ou mesmo de pequenas centrais hidrelétricas.
Hoje, quando os reservatórios entram em crise, as termelétricas são ativadas, mas o megawatt/hora sai por cerca de R$ 209. Já o megawatt/hora da energia eólica fica entre R$ 140 e R$ 150. Já usinas como Tucuruí têm preço do megawatt-hora de R$ 125.
"A energia eólica é a segunda mais competitiva do Brasil --só perde para hidrelétricas de grande empreendimentos, que nem podem mais ser construídas. O Brasil produz a energia eólica mais barata do mundo, isso é um fator importante para o avanço", afirma a presidente-executiva da Abeeólica, Elbia Silva Gannoum.
Com os preços menores, o setor viu um crescimento expressivo de geração de energia em apenas meia década. "O Brasil sempre expandiu a matriz hidrelétrica por ter potencial em abundância e pelo fato de ser a energia mais competitiva.
A partir de 2009, as eólicas vieram e se mostraram competitivas, com energia mais barata, e o governo realizou um leilão competitivo. Nesses últimos cinco anos, o setor vem crescendo numa velocidade muto rápida", diz Elbia.
Percentual pequeno
Mesmo crescendo a passos largos, o Brasil tem apenas 4,4% do total de energia elétrica gerado pela matriz eólica. O índice é bem menor do que outros países que já investiram no setor, como como China (23,7%), Estados Unidos (32,1%), Alemanha (18,5%) e Espanha (26,9%).Apesar de ter uso ainda pequeno, Gannoum diz que ter esperado para investir foi uma estratégia correta. "Se o Brasil tivesse feito antes, iria pagar mais caro. Antes, a energia custava três vezes mais o preço da hidrelétrica", disse.
Além disso, o país tem mais oito gigawatts contratados e que entram em operação até 2016.
Para Afonso Henriques Moreira Santos, professor da Universidade Federal de Itajubá (MG) e ex-secretário nacional de Energia à época do racionamento de 2001, o Brasil paga o preço por não ter diversificado a matriz energética antes, o que poderia evitar crises do setor elétrico, como a atual causada pela estiagem.
"Somos um país hidrotérmico, mas deveríamos ter um 'anarquismo' energético. Houve um erro de concepção", diz.
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