Ex-petista, o senador Cristovam Buarque (foto) qualifica como “hipócrita” a postura do PT brasiliense ao tentar descolar sua imagem do ex-governador Agnelo Queiroz. Na verdade, diz, o PT participou de todo o governo passado, inclusive com uma grande quantidade de secretarias de peso.
Para Cristovam, o partido não pode fugir à sua responsabilidade, “inclusive porque o PT nacional se dispôs a nomear um interventor para o Buriti, o chefe da Casa Civil, Swedenberger Barbosa”. Mais, o PT seria responsável também por omissão, ao admitir que Agnelo “permanecesse enclausurado com seu grupo” e a “colocar gente muito poderosa, como o conselheiro Paulo Tadeu, para conduzir as principais decisões”.
Proposta de autocrítica
Nesse sentido, o senador propõe uma autocrítica. “Agnelo Queiroz pode, sim, ser o responsável número um pela herança deixada por seu governo, e o PT claramente é o responsável número dois”, avalia o senador, “mas as responsabilidades não param por aí”. De acordo com Cristovam, há um número três, representado pelo conjunto de partidos que ficaram no governo durante esses quatro anos. E há ainda, completa, os grupos políticos — inclusive o PDT e ele próprio — que ajudaram a eleger o governo, mas se afastaram sem usar de sua influência para corrigir seus rumos.
Lições do passado valem agora
É uma autocrítica, sim, embora o PDT, a rigor, sequer tenha entrado no governo. Cristovam inclui nela o PSB, que também se afastou, mas ainda permaneceu por algum tempo com Agnelo. Por tudo isso, pretende tirar desse período controverso lições para que não se repita — inclusive no governo Rollemberg. Cristovam acha que pessoalmente não pode deixar de influir sobre o atual governo, como fez com o governo Agnelo. E acha que o próprio Rodrigo Rollemberg tem de fazer uma autocrítica permanente. Precisa ser, como, prometeu, um governo aberto “e isso significa consultar todas as forças da cidade, inclusive os partidos e, em especial, quem estava com ele desde o começo”.
Da herança recebida à herança que vai deixar
Levando em conta todas essas observações, afirma Cristovam, o governador Rodrigo Rollemberg não deve se concentrar apenas em administrar as contas públicas e enfrentar as dívidas que recebeu de herança. “Precisa colocar em prática as propostas que darão a cara de seu governo”, avisa. Afinal, já se passaram quase 90 dias da vitória eleitoral e 30 dias de governo. No entanto, diz, “só se trata da herança que recebeu, quando já passa da hora de mostrar a herança que vai deixar”.
Uma vez Câmara,sempre Câmara
A presença constante da ex-distrital Eliana Pedrosa na Câmara Legislativa tem gerado muita especulação nos corredores. Sabe-se que Eliana não pode ficar de fora do cenário político, como se sabe que a ex-deputada pretende, no mínimo, voltar nas próximas eleições como deputada distrital. Para se manter na mídia, Eliana pretende montar uma ONG e fazer, durante os quatro anos em que está fora da Câmara, trabalhos sociais. Porém, leva jeito que Eliana quer mesmo é se manter no Legislativo. Sem mandato, a ex-distrital já ouviu até sugestões para chefiar alguns gabinetes. Inclusive do PMDB.
Até os selos sumiram
Mais um capítulo da herança. Desapareceram da Administração Regional de Ceilândia 67 selos utilizados para autenticar documentos como alvarás, licenças e habite-se. É coisa séria, pois os selos são confeccionados pela Casa da Moeda, justamente para conferir autenticidade a documentos que têm fé pública. Com eles, fica mais fácil validar falsificações. Ainda para complicar as coisas, descobriu-se também na Administração de Ceilândia que três habite-se foram concedidos no dia 1º de janeiro — além de já se estar em novo governo, em pleno feriadão.
Todo mundo no batente
Com a abertura das discussões sobre eventual convocação dos distritais, a presidente em exercício da Câmara Legislativa, Liliane Roriz, defendeu a quebra do recesso para que consigam aprovar a antecipação de receita para o governo local. Liliane afirmou que, apesar de os trabalhos legislativos estarem suspensos, todos os parlamentares precisam estar em sintonia com a necessidade da população. "É notório que estamos passando por um momento de crise jamais visto no Distrito Federal e vamos trabalhar para que haja consenso entre todos os deputados para que os servidores da Saúde e Educação possam, enfim, ter seus direitos garantidos", declarou a parlamentar.
Cumplicidade de Dilma
Liliane acha que está cada vez mais evidente o descaso da presidente Dilma Rousseff na busca de soluções federais para que o Distrito Federal coloque as contas em dia. "A presidente precisa entender que ela hoje é a comandante de um País, e não mais a candidata de um partido político. Suas posições precisam deixar de ser petistas e precisam passar a ser de uma estadista", disparou. Para a presidente em exercício, o apoio dado ao governador Rollemberg por vários senadores, inclusive do PMDB comandado pelo vice-presidente Michel Temer, evidencia que o caos instalado no DF supera questões partidárias. "A não ser que ela, Dilma, concorde ou mesmo seja cúmplice de todas as barbaridades que a gestão de Agnelo Queiroz fez com a nossa capital", ironiza.
Distritais devem, sim, ser ouvidos
Administrador interino de Ceilândia, o vice-governador Renato Santana assegura que nada existe de negativo em, caso um deputado tenha vinculação com determinada região, ouvi-lo a respeito da escolha das nomeações da área. Inclusive do administrador regional. O importante, ensina, é que se não seja o único a ser consultado e que se ouçam também todos os segmentos da comunidade local.
Percepção rápida
Na verdade, diz Renato Santana, o que realmente importa é a qualidade dos serviços prestados pelas administrações regionais. Como se trata de órgãos de contato direto com a população, quando os serviços são ruins, isso é percebido com rapidez. Há o outro lado da moeda: também se registra em pouco tempo a melhora na qualidade, o que deve ser prioridade para Rollemberg.
Jornal de Brasilia
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