CBN
Entre eles, está o aglomerado de barracas onde traficantes agem
livremente. Gestão Fernando Haddad admite dificuldades em expandir
projeto 'De braços abertos' e prevê para 2015 a capacitação técnica de
funcionários.
por Eliezer dos Santos e Talis Mauricio
Considerado
uma das vitrines da Prefeitura de São Paulo, o programa "De braços
abertos" vai completar um ano sem conseguir retirar da ‘cracolândia’, no
Centro, o amontoado de barracas onde usuários de drogas e traficantes
atuam livremente. A medida consiste em oferecer aos dependentes químicos
emprego remunerado, moradia em hotéis, refeições e acompanhamento
médico. Em janeiro de 2014, quando teve início, o próprio prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, assegurou:
“Essas
pessoas terão apoio para encontrar nem que seja um quarto digno para
poder se acomodar e sair da rua. A cidade não quer mais conviver com
aquilo.”
Mas, um ano depois, pouco mudou, de acordo com relatos de moradores e comerciantes da região.
“Isso
aqui continua cada vez pior. Eu queria ver quem é que vai tomar atitude
pra melhorar isso aqui. Até agora não vi ninguém tomar a atitude
necessária. O tráfico continua e cada dia pior... Melhorou nada. Mudou
de um quarteirão para o outro. Aqui tem gente que ainda mora porque tem
seu próprio apartamento. Quem mora de aluguel já foi embora, porque aqui
não tem tendência a melhorar.”
O
chamado "fluxo", ou favelinha móvel da cracolândia, apenas trocou de
endereço. O aglomerado está agora a cerca de cem metros de onde estava,
ao lado de uma base da Guarda Civil Metropolitana e aos olhos das
polícias Civil e Militar. A reportagem da CBN circulou pelos atuais
barracos e presenciou o uso e a venda escancarada de drogas. Até mesmo
os participantes do programa já começam a questionar a medida. Daniel
acredita que não vai se livrar do vício morando em uma área infestada
por drogas.
“Minha
vontade mesmo era sair daqui. Ter outro canto pra morar. Tem muitos aí
que não querem nem usar, mas aí está perto do crack e acaba usando.”
O
programa "De Braços Abertos" ainda gera muita polêmica entre
especialistas e a população. Um dos argumentos mais usados é o de que,
ao invés da redução de danos, o poder público está bancando o vício de
pessoas que não conseguem responder pelos próprios atos.
Devido
à recusa de proprietários de hotéis da região, o programa encontra
também dificuldades de expansão. Atualmente, apenas seis dos oito hotéis
inicialmente credenciados participam do programa. Jurandir Lopes, dono
de uma das unidades, disse que as confusões são constantes e que é
difícil até mesmo contratar empregados.
“Hoje
pra arrumar uma pessoa pra trabalhar tem de ser daqui. Gente de fora
não vem nenhuma. Eles têm medo. Os hotéis que eles alugaram,
participantes do programa, estão todos quebrados, roubaram coisas.”
Outra
dificuldade tem sido formar profissionais capacitados para lidar com
problemas de saúde tão complexos. De acordo com integrantes do programa
que não quiseram se identificar, falta treinamento aos funcionários.
Caroline Ribeiro tem 19 anos e participa do programa na varrição de
ruas. Há dois meses ela descobriu que está grávida.
“Eu
estou gestante há 2 meses e não estou tendo uma atenção na minha
gestação. Se eu não vou atrás, ninguém se preocupa. Está faltando um
atendimento não só pra mim como pra muita gente.”
O
prefeito Fernando Haddad afirmou que para 2015 um novo convênio foi
firmado para prestar capacitação técnica aos profissionais da área da
saúde. A verba para este ano não foi informada. Em 2014 foram cerca de
R$ 15 milhões. Sobre a remoção da favela móvel, o prefeito disse se
tratar de obrigação das polícias. Já sobre as moradias, admitiu que há
dificuldades.
“A
nossa limitação para a expansão do programa são os alojamentos. O
número de vagas em alojamentos é limitador da expansão do programa. Tão
logo a gente encontre novos hotéis que possam ser locados pela
prefeitura, nós podemos ampliar o programa.”
A
Prefeitura de São Paulo afirmou ainda que, atualmente, 513 pessoas
participam do programa, quase o dobro do início de 2014. Desses, 23
receberam atestado médico de aptidão ao mercado de trabalho e 122 estão
em tratamento voluntário contra a
Nenhum comentário:
Postar um comentário