quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Agências de risco começam a rebaixar o Brasil da Dilma com medo de calote.



(Folha) A forte piora nas contas do governo levou a consultoria e agência de classificação de risco britânica Economist Intelligence Unit (EIU) a retirar o grau de investimento que havia concedido ao Brasil em janeiro de 2012. A EIU --braço do grupo que publica a revista "The Economist"-- reduziu a nota da dívida soberana brasileira de BBB para BB. Com isso, o Brasil perdeu o grau de investimento, uma espécie de selo de que é seguro investir em um país, e voltou para a categoria considerada mais arriscada.


O departamento de análise de risco da EIU recebeu em 2013 a certificação de agência de classificação de risco da European Securities and Markets Authority (ESMA, autoridade que regula o mercado europeu). O modelo de risco da consultoria é alimentado por 60 questões, que consideram tanto dados quantitativos quanto análises qualitativas. Segundo Robert Wood, analista da EIU, a forte deterioração nas contas públicas provocou o rebaixamento.


Após a divulgação do relatório trimestral anterior da consultoria, o governo passou a registrar deficit primário, deixando de poupar recursos para pagamento dos juros da dívida pública, e o desempenho da economia continuou muito fraco. Com isso, a relação entre a dívida pública bruta e o PIB (Produto Interno Bruto) ultrapassou 60%.

"Em nossa análise qualitativa, reconhecemos que a nova equipe econômica trouxe um ganho de credibilidade para o governo, mas isso não compensou o efeito da forte piora dos dados", diz Wood. Ele considera improvável que o Brasil recupere o grau de investimento nos próximos dois anos. A perda da nota sinaliza aumento do risco de calote, mas Wood ressalta que esse perigo ainda é baixo, pois o Brasil possui um grande colchão de reservas internacionais e dívida pública externa baixa.

As três principais agências de classificação de risco --Moody's, Standard & Poor's (S&P) e Fitch Ratings-- mantêm o grau de investimento do Brasil. Elas conseguem atribuir um peso maior a tendências futuras --como uma esperada melhora dos resultados fiscais--, enquanto a análise de risco da EIU é mais ditada por dados correntes. O temor de um rebaixamento por uma delas, no entanto, voltou a aumentar nos últimos dias com a piora do quadro econômico do país.

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