Bob faz linguinha: curiosamente, o mesmo tique de Pizzolato na prisão italiana. |
Pois é, o
líder petista e mensaleiro Zé Dirceu está enrolado também no petrolão,
onde era chamado de Bob. Parte da sangria na Petrobras ia para sua
"contabilidade":
O ex-ministro José Dirceu, que cumpre pena por arquitetar o esquema do mensalão,
teve muitos codinomes em sua vida, quando agia na clandestinidade em
grupos de esquerda durante a ditadura militar. Chegou a esconder sua
real identidade por quatro anos da ex-mulher. Agora, as investigações da
Operação Lava Jato
da Polícia Federal revelam um novo apelido do ex-chefe do Partido dos
Trabalhadores e homem forte do governo Lula para identificar sua parte
na contabilidade do propinoduto que sangrou a Petrobras. Nas planilhas
dos operadores do maior esquema de desvios de recursos públicos que se
tem notícia, Dirceu era associado à sigla "Bob".
As
revelações foram feitas pelo doleiro Alberto Youssef, que durante uma
década atuou como uma espécie de "banco" para lavar o dinheiro roubado
da petroleira. Em uma série de depoimentos à Polícia Federal, prestados
entre os dias 9 e 13 de outubro do ano passado, Youssef afirmou que
Dirceu mantinha relação muito próxima – "eram amigos", nas palavras do
doleiro –, com o empresário Julio Camargo, da Toyo Setal. “Julio Camargo
possuía ligações com o Partido dos Trabalhadores, notadamente com José
Dirceu e Antonio Palocci”, disse.
Segundo
Youssef, Dirceu e o também ex-ministro Antonio Palocci Filho, este homem
forte tanto na gestão Lula quanto no início do primeiro governo Dilma
Rousseff, utilizavam um jato Citation Excel, de propriedade de Camargo,
que ficava no hangar número 1 da companhia aérea TAM, no Aeroporto de
Congonhas, em São Paulo.
Mas o uso
do jato não é o único elo entre o petista e o operador do petrolão. O
doleiro descreve o esquema montado por Julio Camargo: segundo ele, o
empresário tinha um testa de ferro, chamado Franco, a quem Youssef
reconheceu em fotografia exibida pelos policiais. Trata-se de Franco
Clemente Pinto, uma espécie de contador do dinheiro roubado da estatal,
que utilizava um escritório no sexto andar de um edifício comercial ao
lado do Shopping Cidade Jardim, na Zona Sul da capital paulista. Franco
detalhava a "contabilidade ilícita" – Youssef não informou os valores –
em planilhas arquivadas em um pen drive protegido por senha. Nessas
tabelas, assim como Dirceu era "Bob", Youssef era conhecido como
"Primo". Diz ainda que o empresário também instrumentalizou propina da
empreiteira Camargo Corrêa para agentes públicos e bancar caixa dois de
partidos.
Vaccari –
Youssef voltou a implicar o PT como beneficiário direto da propina
movimentada no escândalo do petrolão: disse que o partido recebeu
propina em uma obra da empresa Toshiba, a licitação da casa de força do
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Segundo ele, foram
entregues 400.000 reais à cunhada do tesoureiro petista, João Vaccari
Neto, chamada Marice. “O valor do PT foi negociado com João Vaccari”,
disse Youssef. Uma outra parcela de 400.000 reais chegou a Vaccari pelas
mãos de Rafael Ângulo Lopez, que trabalhava para o doleiro.
Para que a
Toshiba, que integrava o cartel das empreiteiras na Petrobras, pudesse
participar das obras do Comperj, Alberto Yousseff disse que a empresa
procurou “emissários do Partido dos Trabalhadores” e próprio João
Vaccari, já que a propina deveria ser acertada também com a diretoria de
Serviços da Petrobras, comandada na época por Renato Duque., indicado
por José Dirceu para o cargo na estatal
PMDB – A
exemplo de Youssef, Julio Camargo também concordou em colaborar com as
investigações em troca de possíveis benefícios judiciais. À PF, o
doleiro disse que Camargo possui grande quantia de dólares em contas no
exterior, enviados sob o disfarce de lucro de suas empresas. Em um de
seus depoimentos, Camargo revelou, por exemplo, que a empresa Toyo Setal
pagou propina de 30 milhões de dólares ao lobista Fernando Soares,
conhecido como Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB no
petrolão. A propina a Baiano serviria para que a empresa sul-coreana
Samsung Heavy Industries celebrasse com a Petrobras contratos para a
fabricação de duas sondas de perfuração em águas profundas. O pagamento
precisou de intermediação de Alberto Youssef, que providenciou contratos
simulados com empresas de fachada para viabilizar parte dos recursos.
(Veja o documento aqui).
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