Carlos Newton
Hoje, os dois apenas se suportam e mantém uma convivência exclusivamente política, nada de social. Basta lembrar que Lula esteve rapidamente na posse de Dilma, em 1º de janeiro, e retornou logo para São Paulo, sem participar da festa da posse. Depois, só voltaram a se ver na comemoração dos 35 anos do PT, semana passada, mas trocaram poucas palavras, não houve conversa.
Agora, com o país mergulhado na pior crise desde que o PT chegou ao poder, Dilma Rousseff teve de deixar a arrogância de lado para pedir ajuda a Lula. A repórter Tânia Monteiro, do Estadão, anunciou que os dois se encontrariam hoje, e Dilma iria a São Paulo para almoçar com Lula, que disse estar gripado par não viajar a Brasília. Se isso acontecer, confirma-se que Dilma está se curvando diante de Lula, como fazia antigamente, antes de incorporar a arrogância e a prepotência que hoje a caracterizam.
Dizem também que a presidente já tem programa para sexta-feira, quando deve receber em Brasília a esperada visita do marqueteiro João Santana. Depois, deve embarcar para a Base Naval de Aratu, na Bahia, onde passará o carnaval com a família, às custas dos cofres públicos.
TUDO EM NOME DO PT
Lula ainda está furioso, nunca pensou que Dilma pudesse traí-lo. Julgava que, ao final do mandato, ela simplesmente o convidaria a voltar. Ao que parece, Lula nunca ouviu falar na dualidade e na rivalidade entre criador e criatura. Ele ainda acha que é o dono do mundo e tudo deveria se amoldar a ele, mas a vida real não é bem assim.
Agora, Lula terá o constrangimento de novamente conviver com Dilma, em nome da sobrevivência do PT. Nos bons tempos, o partido chegou a ter um terço da preferência do povo brasileiro, mas a última pesquisa Datafolha mostra que essa realidade mudou, e cresce a decepção dos brasileiros com os partidos políticos, especialmente o PT.
O reatamento das relações entre Lula e Dilma é uma incógnita. São duas pessoas de temperamento difícil e autoritário. O certo é que agora Dilma está por baixo e Lula por cima (no bom sentido, claro). Por isso, só há uma hipótese de voltarem a conviver pacificamente – Dilma terá se curvar e permitir que Lula volte a comandar o governo, como ocorreu nos dois primeiros anos do mandato inicial dela.
Mas alguém acredita que essa submissão de Dilma possa voltar a acontecer? É uma hipótese até possível, mas altamente improvável. Ou seja, isso significa que Lula pode recolher os flapes e deixar Dilma se virando somente com o apoio do marqueteiro João Santana, famoso ministro sem pasta, o único a quem ela escuta e obedece.
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